sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quanto mais velhos melhor

Alfonso Cuarón elevou exponencialmente o nível no Prisioneiro de Azkaban. Mike Newell foi mais além no Cálice de Fogo. Aí chega a vez do David Yates que não vai deixar saudades com a Ordem da Fênix. A Warner insiste e o chama novamente para dirigir o Enigma do Príncipe (chamaram o Guillermo del Toro mas ele recusou). O resultado é um filme que não só traz a franquia de volta para os eixos como também humilha o seu antecessor. Agora eu confio no David Yates para comandar as duas partes finais. Ainda não sei se este novo Harry Potter é o melhor de todos, é muito provável que seja. Mas tenho certeza de uma coisa, agora fico satisfeito em saber que o último livro foi dividido em dois filmes porque é mais fácil pensar, neste momento, que não precisarei encarar o próximo como o último. É difícil abandonar uma coisa que você vem acompanhando e eu comecei em 2001. E esta série fala justamente sobre crescimento, é sobre olhar como a sua própria vida se desenrola enquanto os personagens se desenvolvem. Não importa se você começa a ler com dez ou vinte anos de idade porque as mudanças acontecem para todos. Foi um sofrimento a leitura do sétimo livro e quando 2011 chegar, a história acaba no cinema, dez anos depois. Vamos ao filme.

O roteiro do Steve Kloves, que retorna ao trabalho após um filme ausente, é corrido mas flui perfeitamente bem. Se você acha que o quarto livro foi o mais mutilado, é porque não assistiu o novo filme. Não é uma reclamação mas as descobertas sobre o passado de Voldemort, o mistério sobre a identidade do Príncipe e as atividades ocultas do Malfoy ficaram em segundo plano em relação ao fervor dos hormônios destes alunos que agora chegam ao sexto ano em Hogwarts. Houve um desequilíbrio aí que, no entanto, não me incomodou porque o ponto forte do roteiro é a relação interpessoal do trio principal que nunca foi explorada de forma tão intensa e verdadeira como agora. Vale ressaltar também que este é o roteiro adaptado mais original da série e é legal ver que ele teve esta liberdade. Antes de ver o filme, li que muitos críticos estavam dizendo que era o mais engraçado de todos. Fiquei um pouco preocupado porque sempre tenho problemas com o que chamam de humor. Foi um alívio saber que eles estavam certos. Não é errado chamar o Harry Potter 6 de comédia romântica. As piadas estão muito divertidas e sem maldade.

O visual é de cair o queixo e ainda chamam o diretor de fotografia Bruno Delbonnel de Amélie Poulain que explora as cores nas diversas situações, sejam elas diurnas ou noturnas, quentes ou frias. A cena noturna no milharal, por exemplo, mostra o seu estilo cartunesnco adotado em Amélie. Parece uma iluminação artificial mas com muita beleza. Elogiar efeitos especiais já se tornou batido se bem que alguns deslizes já foram cometidos antes. A cena completa quando Dumbledore cria aquela cortina de fogo na caverna ficou emocionante.

Se há uma coisa de que esta franquia pode ser orgulhar é do seu elenco adulto. Há sempre uma grande expectativa para ver como o novo professor vai se sair e o Slughorn do Jim Broadbent (o pai da Bridget Jones) superou as minhas expectativas. Este filme marca a superação de outros atores. Tom Felton amadureceu muito bem. Michael Gambon deu uma nova dimensão ao Dumbledore. Helena Bonham Carter estava exagerada no anterior e agora finalmente acertou o tom. Alan Rickman alcançou a sua glória. E o Daniel Radcliffe? Limitado como sempre. Acho que ele estava melhor no anterior. Fui ver se tinha escrito sobre isso na Ordem e lá descobri que ele tinha sido o meu preferido do trio! Jamais vou repetir esta frase para o novo filme.

Já vi muitos fãs xiitas reclamando deste por não ter ação. Sim, é verdade. E fico feliz que a série tenha crescido o suficiente para sobreviver sem depender da quantidade de cenas de ação. Achei a memória que revela sobre horcruxes de arrepiar. Este filme não foca na brutalidade e sim na fragilidade destes personagens que vivem um presente incerto. Não acho que seja possível analisá-lo por ângulo distante do mundo da fantasia então é provavelmente apenas o melhor HP com uma qualidade indiscutível. Harry Potter 6 inicia uma trilogia que, tudo indica, ainda terá seu momento mais angustiante. Chegou a hora para esta equipe mostrar o último resultado de um trabalho que nunca decepcionou ao longo dos anos (HP5 está longe de ser ruim). Material é o que não vai faltar para ser trabalhado.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O maior espetáculo da temporada

Milagres acontecem. Star Trek entrou aqui e já saiu, só ficou uma semana. Lamento por quem não compareceu porque o filme é ESPETACULAR!! Deve ser a melhor opção do verão americano este ano. Eu queria tanto assisti-lo, sem falar que meu conhecimento neste mundo é zero e não estou mais na fase de me interessar por coisas nerds. Foi tão bem falado quando estreou lá fora que não pude deixar de sentir uma certa euforia por ele. E eufórico foi o estado em que fiquei depois de vê-lo. Star Trek é simplesmente sensacional em todos os sentidos. Vou dizer logo que ainda estou digerindo a trama e isto não é um defeito do filme. Peguei uma sessão barulhenta, já me perdi no prólogo por causa de duas criaturas que só falavam besteira e este fato criou uma pequena bola de neve de dúvidas que persiste até agora. Eu consegui acompanhar boa parte mas alguns pontos estão nebulosos em minha mente. Mas nada que comprometa minha visão geral.

Eu tive uma boa surpresa com os nomes que iam aparecendo nos créditos finais: Bryan Burk, Damon Lindelof e Michael Giacchino. Parecia um final de Lost e não escondo minha paixão pela série. Boa parte dos atores também teve mais trabalhos na TV do que no cinema. Star Trek é o maior triunfo na carreira de diretor do J.J. Abrams. Tá, é só o segundo filme dele tirando as séries televisivas. Eu gostei muito de Missão Impossível III também. A sua direção em Trek é extremamente precisa e o filme mostra que diversão pode ser de alta qualidade sem precisar de apelações. Graficamente, é uma beleza. Não possui excessos sonoros e a trilha sonora do Giacchino é de uma delicadeza comovente nos momentos mais dramáticos.

Aí vem o elenco que está afiadíssimo e ninguém decepciona. Os destaques, é claro, vão para Chris Pine e Zachary Quinto como Kirk e Spock. Acho que o ponto mais forte do filme é o conflito entre os dois que é explorado muito bem, os momentos de divergência e união se intercalam de forma que não existe um certo e errado, a gente não toma partido por nenhum dos dois porque ambas as motivações têm fundamento. O restante da tripulação da Enterprise transmite uma jovialidade contagiante. Eu gostei da diversidade de nacionalidades do elenco porque passa uma mensagem legal. E suas características ficam em evidência, por exemplo, nos sotaques fortes do russo Anton Yelchin e do britânico Simon Pegg. O John Cho é sul-coreano, a Zoe Saldana é negra, etc.

Eu fico pensando se o J.J. vai fazer o mesmo que o Christopher Nolan fez com Batman. Pegou uma franquia, iniciou do zero e deu certo. Se a lógica for seguida, o próximo Star Trek terá a mesma força do Cavaleiro das Trevas? Saberemos a resposta em 2011. E por que Star Trek não teve o mesmo sucesso de bilheteria no resto do mundo como nos EUA? Se não estou enganado, aqui no Brasil ele só ficou míseras quatro semanas no top 20 e Wolverine estava passando em um número três vezes maior de salas. Acho que a falta de astros no elenco também influenciou. Não estou reclamando até porque é só observar o fenômeno Transformers e ver que qualidade vai muito além de números. Mal posso esperar pelo DVD.

Nota: *****

domingo, 28 de junho de 2009

O que importa é ser feliz

Como esta semana não tem nada atraente nos cinemas aqui, vou falar de um filme que vi há quase duas semanas chamado De Repente, Califórnia. Eu adoro o cinema alternativo, entendo isto como aquele filme que nunca vai ser distribuído amplamente pois não há público para ele e sua exibição fica restrita a poucas sessões porque aborda temas que não combinam com o gosto da turma da pipoca. Prefiro enfrentar dez sessões deste Califórnia do que uma do novo Transformers. E também resolvi falar dele porque fiquei chocado com ódio das pessoas em relação ao Perez Hilton por causa do incidente violento com o Black Eyed Peas. A agressão que ele sofreu não tem nada a ver com o filme mas como eu acredito que sua opção sexual seja um dos motivos de tanto ódio, lembrei de Califórnia que fala de homossexualidade.

A história é sobre um jovem de uma família disfuncional que está em crise com a namorada e passa a se questionar quando conhece o irmão gay do seu melhor amigo. Além disto, é surfista, quer entrar numa escola de artes e passa boa parte do seu tempo cuidando do sobrinho pequeno. O filme é muito irregular pois seu roteiro trilha um caminho que se perde nos exageros. O seu final feliz não soa tão feliz quando comparado aos acontecimentos da última parada em São Paulo. O diretor e roteirista Jonah Markowitz parece não enxergar a realidade lá fora. Mas eu até entendo sua postura porque Califórnia é, acima de tudo, um filme para dar esperanças a uma minoria que vem lutando pelos seus direitos. Por este lado é totalmente válido, como obra cinematográfica nem tanto.

Esta é a primeira vez que o Jonah dirige um longa-metragem embora seu currículo é vasto por trabalhos no departamento artístico de vários filmes dentre eles Jogos Mortais, Rocky Balboa e Alpha Dog. Sua experiência nesta área é explorada em Califórnia com bastante talento desde a fotografia das cenas com mar e praia até a direção de arte das locações externas. Como não conheço muitos filmes do gênero, não posso comparar a história de Califórnia com outras. Mas fico com a impressão de que ela foge de certos padrões e assim mostra uma nova perspectiva de um assunto que é normalmente mal retratado. Por exemplo, o melhor amigo do protagonista é hétero e o comedor da região. Se a gente pensa no senso comum, ele deve ser homofóbico por tabela. Só que não, pelo contrário! Mas sabemos que é uma situação mais fácil de ocorrer só na ficção. É nobre mesmo assim a tentativa do autor.

Muitas vezes a narração é interrompida para mostrar cenas de surf com uma bela canção, é como se faltasse assunto. A verdade é que nem me incomodei com isto. Mas achei desnecessário que, num filme sobre homossexualidade masculina, as duas únicas mulheres da história sejam as antagonistas. Quer dizer, só uma delas porque a outra toma uma atitude lá depois da metade que gostei bastante. E no começo esta só serve mesmo como pedra no caminho do protagonista. De Repente, Califórnia ganhou vários prêmios em festivais especializados e seu maior valor está na intenção do diretor de fazer um filme que preza pela simplicidade e transmite uma sinceridade tocante.

Nota: ***

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Eles comem e elas dão

Eu acreditei que A Mulher Invisível tivesse conteúdo. Fui, inclusive, com certa empolgação prestigiá-lo. E não demorou muito para eu começar a sentir vergonha de mim mesmo. Onde eu tinha me metido? O filme não passa de uma sequência interminável de gags físicas do Selton Mello e uma exibição gratuita do corpo quase nu da Luana Piovani. Até a Fernanda Torres, que quando faz comédia num ótimo filme como Saneamento Básico está fabulosa, não se salva aqui. Para não ser completamente injusto, foi a Fernanda quem salvou uma das cenas finais no restaurante. Mas isto não quer dizer grande coisa porque ela passa o filme todo somente dizendo que a irmã deve dar para o vizinho. É assim mesmo com esta linguagem. As mulheres dão e os homens comem para se referir ao sexo. O público morria de rir quando os personagens falavam deste jeito. O Vladimir Brichta de quem gostei muito em Romance está extremamente detestável em Mulher Invisível fazendo um tipo ultra machista. Aliás, o filme todo é machista mesmo que a personagem da Luana tente convencer o contrário. O Selton pode comer todas sem ser condenado enquanto a sua vizinha solitária é crucificada por ter cometido um "adultério".

A história é a seguinte. O Selton é um homem apaixonado que fica louco após ser deixado pela companheira que o traía com um alemão (aqui o adultério não é condenado porque deve ser cômico). Toda esta cena inicial é bem previsível. A sua situação chega ao ponto de ele criar uma mulher ideal para curar a solidão. E o seu conceito de mulher ideal é: limpar a casa de quatro para ele de calcinha e sutiã e gostar de ter sido violentada pelo padrasto na infância. Um horror, não? Não é só o texto do Cláudio Torres (de Redentor que nunca vi e irmão da Fernanda) que possui estas barbaridades. A sua direção é do mesmo jeito. Numa cena em que o Selton e a Luana contracenam, ele está de frente para a câmera ao fundo no enquadramento e ela só de costas e próxima da câmera, o detalhe é que somente suas pernas são focalizadas porque sua função é servir de adereço naturalmente. Não é surpresa que a Luana não tenha nenhuma cena de nudez, seria inaceitável (=chocante) para os princípios do público alvo do filme.

O roteiro é muito fraco. São tantos marabalismos para separar o Selton da vizinha. Para que isto se sabemos que ficarão juntos no final? Imagino que seja para testar a nossa paciência. E quando achei que o filme iria acabar, ele estava chegando na metade. Foi um sofrimento terrível ter que suportar o restante. As pessoas ficaram quietas também por um tempo porque a Luana aparentemente finaliza sua participação e o Selton não iria fazer mais suas gags. Eu sempre achei que se podia tirar algum proveito até dos piores filmes. Depois de Mulher Invisível, eu mudei de opinião. Eu devia ter seguido a minha primeira intuição quando descobri que o Marcelo Adnet fazia parte do elenco. Ele tem aquele programa na MTV chamado 15 Minutos que nunca consegui ver mais de 5.

Nota: *

sábado, 13 de junho de 2009

Destruir a Casa Branca é coisa do passado

Eu não tinha nenhuma vontade de ver Anjos & Demônios porque acredito que uma história do Dan Brown já seja suficiente. Mesmo assim fui lá sem nenhuma expectativa e acabei gostando bastante. Não é nenhum grande filme mas também não vi problemas graves. É agradável, envolvente e um pouco filosófico sobre a questão fé x ciência. A história não toma partidos e basicamente diz que ambas as áreas podem viver juntas. Eu não sei se esta imparcialidade conta pontos para o filme, parece um maneira de agradar os dois lados por medo de uma repressão - e sofreu do mesmo jeito pelo Vaticano, já é até natural. Só que se A&D tendesse para um dos lados, a minha apreciação por ele iria depender do lado escolhido. Então sua imparcialidade, desta forma, parece uma saída justa.

Já gostei do seu começo por abordar dois assuntos da história recente: a escolha de um novo Papa e o LHC. Mais para frente iremos ver que o novo representante poderá ser um jovem padre. Aí me pergunto por que eles têm que ser velhinhos e retrógrados. Experiência de vida não é o mais importate. A trama se desenrola quando os quatro prefereti (os mais cotados para ser o novo Papa) são sequestrados e Robert Langdon de cabelo novo é chamado para decifrar o mistério com todos os seus conhecimentos porque uma certa mensagem foi deixada no local. A trama de O Código Da Vinci é imbatível no sentido de ser a mais instigante e provocante. Mesmo sendo bem inferior neste quesito, a adaptação de A&D é superior pois não me cansou em nenhum momento. Código foi extremamente longo, parecia que nunca iria acabar. A química entre o Tom Hanks e a Audrey Tautou era praticamente nula. Já a sua parceira neste é a atriz Ayelet Zurer. Quem? É, também nunca vi mais gorda. Ah, ela está em Munique do Spielberg de acordo com o IMDB! Isto não ajuda ainda, não lembro nada de Munique. O que importa é que ela teve muito mais afinidade com o Hanks em A&D e em nenhum momento foi sugerido um interesse romântico entre os dois. E ela foi a responsável pelo momento mais engraçado na minha opinião.

Que polícia despreparada era aquela? O sequestrador do filme eliminava com uma facilidade incrível. Umas aulas com os matadores da Camorra não fariam mal. A sequência que mais gostei foi uma em que milhares de fiéis esperam pela revelação do novo Papa na Praça de São Pedro e uma catástrofe começa a acontecer. Foi visualmente bonita e gostei não porque era o Vaticano que sumiria do mapa. Apesar dessa parte ser a mais eletrizante, a maior revelação só vem depois e nem foi surpreendente para mim porque eu já esperava. E olhe que eu sou péssimo para perceber detalhes.

Um pequeno problema do filme, quer dizer, não sei se é um problema mas quem consegue acompanhar o raciocínio do Robert Langdon? Um enigma é apresentado e logo ele vem com a resposta. O público não tem tempo para pensar. A maioria (including myself) não tem conhecimento suficiente de todas as igrejas italianas ou de toda a lenda dos Illuminati, por exemplo, então o filme sai perdendo quando bombardeia o público com questões que não iremos responder antes do Langdon, logo não temos como saber o próximo local da investigação. Mas como adaptar o livro sem ser desta forma? Acho que não tem como, a não ser que a fidelidade seja sacrificada.

O elenco coadjuvante deste é mais desconhecido com exceção do Ewan McGregor. Tem também o Armin Mueller-Stahl, o dono do restaurante de Senhores do Crime e o Stellan Skarsgård de Mamma Mia. Assim como o Ian McKellen roubava as cenas no Código, o Ewan ficou muito bem aqui. Mais uma vez foi dirigido pelo Ron Howard que teve uma década bem irregular com o seu ápice sendo Frost/Nixon? Convenhamos que Uma Mente Brilhante está caindo no esquecimento e ele é bem duvidoso.

Nota: ****

quinta-feira, 11 de junho de 2009

I'll be back

Eu acabei com o meu jejum de três meses de cinema ontem e isto me deu uma vontade de voltar a atualizar este bloguinho. Estou pensando em publicar textos mais variados sobre cinema para poder criar posts novos com mais frequência. Aí vou ver até quando a preguiça me vence novamente e desisto dele.

O jejum foi quebrado por Anjos & Demônios, a quarta vez que fui ao cinema este ano. Lá em janeiro eu assisti Romance com o Wager Moura e a Letícia Sabatella e gostei bastante. Um dos assuntos abordados é a censura sofrida pelos escritores de TV que devem sacrificar a sua criação artística em nome do interesse público. Só foi uma pena terem aliviado no final praticamente dizendo "Foi uma brincadeira, Rede Globo, a gente gosta das suas novelas". E neste mesmo dia assisti também o Falsa Loura do Carlos Reichenbach que divide opiniões. Eu detestei tanto este filme por causa dos 20 minutos finais. Valeu apenas por eu ter conhecido a promissora Rosane Muholland. Ela seria perfeita para O papel da Bruna em O Doce Veneno do Escorpião. Benjamin Button veio dias depois e não fui mais ao cinema até ontem.

A razão foi basicamente financeira e aproveitei para fazer uma experiência: não depender dos filmes que chegam aqui e abusar dos torrents. Foi uma ótima sensação de liberdade. Dei prioridade aos filmes das premiações de 2008, os principais chegaram aqui e outros ainda não como Rio Congelado, Valsa Com Bashir e Simplesmente Feliz. Mas as coisas vão melhorar a partir do segundo semestre, eu espero.

A minha volta ao cinema teria começado mais cedo se Star Trek fosse chegar aqui. Como o GSR não vai exibi-lo, não verei tão cedo. O verão americano é a pior época do ano, são tão poucas opções. Só vi Wolverine porque ele chegou nas minhas mãos, até que não é tão ruim tirando os primeiros quarenta minutos. Não verei os novos Uma Noite no Museu, Transformers e Exterminador do Futuro. Up só vai chegar em setembro (!!!!). Acho que o próximo vai ser Mulher Invisível...

sábado, 3 de janeiro de 2009

2008

205 foi o número exato de filmes que assisti em 2008. A nova comédia de erros dos irmãos Coen, Queime Depois de Ler, foi o último do ano. O mês de dezembro foi um desastre porque o show da Madonna tirou todo o meu interesse por cinema. Foram somente 5 filmes no último mês do ano. Aproveitei para publicar os textos que comecei a escrever mas nunca acabei por alguma razão.

Em 2007, eu reclamei que não tinha opções para fazer um top 10 de preferidos do ano. Agora sobraram opções. Vamos à lista dos meus preferidos de 2008:

10 - Sweeney Todd: O musical do Tim Burton abre a lista por ser tecnicamente impecável. É um espetáculo visual.

9 - Linha de Passe: Um critério que uso para opinar sobre um filme é o quanto ele sobrevive ao tempo. Este filme do Walter Salles vence Os Desafinados nesta questão. Eu ainda mantenho a opinião positiva sobre o musical brasileiro mas a busca da família de Linha de Passe por uma identidade só aumentou no meu conceito.

8 - Wall-E: A primeira e não única animação da minha lista também aparece nas listas dos outros meios. A surpresa da história do robô que se apaixona foi instantânea e marcante.

7 - Desejo e Reparação: O romance durante a 2ª Guerra Mundial está aqui não somente pelas mesmas razões de Sweeney Todd. Mas também por provocar uma análise da menina que é tudo menos cupido.

6 - Estômago: O meu filme brasileiro preferido de 2008. Gastronomia e humor podem andar juntos.

5 - Persépolis: Não tenho medo nenhum em dizer que Persépolis me agradou muito mais do que Wall-E.

4 - Piaf - Um Hino ao Amor: Até eu fico surpreso com a posição de Piaf. Nunca escrevi sobre ele porque só pude ver em DVD e foi paixão à primeira assistida. Atuação comovente de Marion Cottilard e um roteiro não linear bem inteligente. E as músicas de Edith Piaf!

3 - Batman - O Cavaleiro das Trevas: O melhor filme de super-herói já feito. Ponto.

2 - Sangue Negro: Eu poderia empatar as duas primeiras posições mas elas foram desempatadas há pouco tempo. A ganância sobre a exploração do petróleo fica atrás do que vem a seguir.

1 - Onde Os Fracos Não Têm Vez: Eu entendi o filme todo errado, comprei o DVD e decidi que seu lugar é este mesmo. Hoje eu revi Fargo e curiosamente a detetive dele me fez compreender mais o xerife de Fracos. Finais idênticos. Por que funcionaria naquele ano e não neste?

Texto inacabado: Vicky Cristina Barcelona

O Woody Allen completou 73 anos e no dia do seu aniversário, assisti Vicky Cristina Barcelona. Eu escrevi no texto sobre O Sonho de Cassandra que até hoje nunca vi muita coisa do diretor. Não o publiquei porque nunca acabei. Mas basicamente já vi o Woody dirigindo suas musas Diane Keaton, Mia Farrow e agora a Scarlett Johansson. O que importa é que VCB superou muito minhas expectativas. É a comédia sobre relacionamentos que o Woody sabe fazer como ninguém. Duas amigas americanas (Rebecca Hall - Vicky e Scarlett Johansson - Cristina) que divergem sobre o amor viajam para Barcelona onde serão tentadas pelo pintor garanhão Javier Bardem, um recém-divorciado de um casamento problemático com Maria Elena (Penélope Cruz, sensacional!). Eu tinha lido antes umas reclamações sobre a narração excessiva emVCB. Como sua intenção não é mastigar a história para o público então nem me incomodou tanto. Embora realmente canse como um recurso narrativo.

Eu dividiria o filme em duas partes: antes e depois de Maria Elena, sendo a segunda superior. O maior problema da primeira é se tornar cansativa depois de um certo momento. A história parece que pára de evoluir. Vicky e Cristina não funcionam em cena sozinhas, elas precisam de um suporte que é dado pelo Javier Bardem. A cena inicial delas com ele é incrível. O Javier se aproxima e praticamente diz (mudei as palavras mas a idéia é a mesma): "Querem passar o fim de semana comigo no lugar X para transarmos?". Só o Woody Allen para não deixar a situação absurda, sem falar que o Javier está tão natural que não tem como não deixar a coisa toda crível. Quando ele parece criar uma relação estável com uma delas, eu comecei a cochilar. Não era hora de nenhum equilíbrio então surge - felizmente! - Penélope Cruz para desistabilizar o casal.

Penélope encarna a ex-esposa que acabara de tentar o suicídio. Achei de uma sensibilidade incrível como ele a acolhe em sua casa uma vez que está comprometido com uma das amigas americanas. Ele tinha tudo para ser o "pegador" insuportável mas em nenhum momento ele chega perto deste tipo. Mas o que chama a atenção nesta segunda parte é como a Penélope dá a Maria Elena um senso de desequilíbrio sem faltar sensatez. A cena final dela é de rir histericamente, é algo que me lembrou Mulheres à Beira de um Ataquede Nervos.

As divergências sobre o amor de Vicky e Cristina são colocadas em prática quando Vicky (a quase casada) se culpa pelo romance de uma única noite e Cristina (solteira) se envolve numa relação a três.

Texto inacabado: Control

Fui ver Control, a cinebiografia do Ian Curtis do Joy Division, só mesmo por curiosidade já que não conhecia muito dele e da banda. Acho que no meu caso era mais difícil de entrar no seu mundo por isso acabei não gostando. Não encontrei nenhum grande ponto em que pudesse me identificar com o Ian. E como o filme só enfoca a vida pessoal do rapaz (é baseado na biografia escrita pela sua esposa), não pude conhecer a trajetória da banda e sua importância para a cena musical daquela época. É até aceitável que o objetivo não tenha sido mesmo criar novos fãs do Joy Division então cabe a nós apenas assistir para julgarmos se as atitudes do Ian eram compreensíveis ou não.

O seu casamento prematuro, a epilepsia e até a própria banda foram os síntomas para o suicído aos 23 anos de idade. Fiquei com a impressão de que certos problemas podiam ser amenizados como a vida conjugal. É difícil de entender como ele continuou o casamento após reconhecer que foi muito cedo. Fiquei muito incomodado por ele mentir para a esposa ao dizer que acabaria com a Annik, a amante belga, quando ele sabia que não seria capaz de fazer isto. Mas fiquei sensibilizado em outra cena quando ele pergunta se não pode amar duas pessoas. A coitada da esposa Deborah parecia sentir um amor incondicional e talvez o Ian percebesse e mentia achando que a estivesse protegendo.

(...falar dos ataques epilépticos...)

Apesar de tudo, algo que gostei muito foi a qualidade técnica. A bela fotografia preto e branco cria um clima de documentário, as imagens parecem restauradas de registros antigos. A dupla Sam Riley e Samantha Morton está afiadíssima, o Sam mais ainda quando está encarnando o Ian no palco. Totalmente inspirado.

Texto inacabado: O Sonho de Cassandra

Mesmo com o meu conhecimento quase nulo sobre Woody Allen, o Sonho de Cassandra deve ser um dos seus mais fracos e ainda assim está longe de ser um filme ruim. Não é como o Kika do Almodóvar que vi recentemente. Este não é somente um dos seus mais fracos como também achei péssimo. O trailer de Cassandra é bastante informativo e confuso. Duas semanas depois quando pude assistir o filme, achei que Cassandra fosse o interesse romântico dos dois irmãos da história. Eles iriam disputar o amor da moça. Mas não é nada disso e a história real é muito melhor do que minhas suposições. Ewan McGregor e Colin Farrell são dois irmãos em busca da estabilidade financeira. Ewan ajuda o pai no restaurante e sonha em abrir uma rede de hotéis. Colin trabalha numa oficina de carros e passa o tempo livre nos jogos de azar. A situação piora quando o Colin perde uma bela quantia nas cartas e Ewan decide sair do restaurante para investir nos hotéis. Só uma pessoa pode ajudá-los: o tio rico podre de rico (Tom Wilkinson). Até este momento o filme tem um ritmo excelente e também gostei muito da química entre o Colin e o Ewan. A relação deles é totalmente amigável mas um clima de suspense de que algo pode mudar persiste durante todo o tempo. Quando eles pedem dinheiro ao tio, o filme muda de estilo e melhora ao alcançar um novo patamar. É que a dupla vai ter que realizar uma tarefa antes para receber a recompensa. Eu cansei perto do final porque o ritmo do começo não existe mais. No entanto, o clímax ainda estaria por vir e iria valer a pena.

Texto inacabado: Desejo e Reparação

Desejo e Reparação chegou aqui neste fim de semana quando eu não tinha mais esperança vê-lo no cinema. É claro que fui conferir com bastante empolgação e não me decepcionei nenhum pouco. A primeira surpresa foi como o diretor Joe Wright não recebeu a indicação ao Oscar? Não lembro agora como Orgulho e Preconceito foi nas premiações há poucos anos mas um dos grandes triunfos de Reparação é o trabalho de direção do Joe. Só levou por Trilha Sonora que foi bem merecido. O trio Keira Knightley, James McAvoy e Saoirse Ronan está ótimo mas só a garota Saoirse foi indicada. E famosa cena sem cortes do campo de concentração? Uma direção de arte espetacular. Reparação é tecnicamente impecável. Eu não era muito fã destes romances de época da Jane Austen quando assisti Orgulho e Preconceito. De lá pra cá, já vi Feira das Vaidades (fraquinho) com a Reese Witherspoon, Razão e Sensibilidade (maravilhoso) do Ang Lee e O Despertar de uma Paixão (2006). É um gênero que aprecio mais hoje em dia.

Reparação narra uma história de amor (James/Keira) interrompida pela mentira de uma criança (Saoirse) e como esta atitude vai influenciar sua própria vida. Eu senti que o roteiro parece manipular o espectador. Você vai julgando a Briony (Saoirse) durante as suas três fases mostradas no filme. Aos treze anos, você a odeia por causa da mentira. Aos dezoito, você quer que ela sofra de remorso em virtude da enorme descoberta sobre sua amiga de infância. E na sua velhice, é hora de condenar de vez. Você não tem escolha a não ser julgá-la desta maneira. Isto nem é reclamação porque não me incomodou a ponto de comprometer o resultado final.

DeR utiliza uma linguagem antiquada mas sem ficar muito distante do contemporâneo. (continua...)

Aquele do título complicado

Eu nem sei o que escrever sobre o novo filme do James Bond, o 22º da série. Só sei que gostei muito mais que o anterior Cassino Royale. Quantum of Solace, aquele-cujo-título-não-é-traduzível, começa onde Cassino terminou. Se eu não tivesse revisto recentemente cenas aleatórias dele incluindo a final, nem lembraria como terminou. Gostei mais do Solace por ser muito mais enxuto, é um filme que vai direto ao ponto e não fica enrolando para acabar. Só para ter uma idéia, Cassino era uns 40 minutos mais longo. Quando eu pensava que iria acabar, Bond ainda tinha mais uma tarefa para executar. Quantum é justamente o contrário. É uma beleza de agilidade, a ação é mais impressionante e tem uma trama mais leve. Quem vai ver James Bond, acredito eu, procura puro divertimento ao invés de um filme cabeça, não é? Acho que a única coisa que gostei mais em Cassino foi a Bond girl. Eva Green tinha mais presença de cena do que a nova girl Olga Kurylenko. Como tudo indica que o Daniel Craig vai fazer uma trilogia a princípio, a Olga pode voltar para o terceiro já que continuou viva. Uma Bond girl pode participar de mais de um filme? Eu não sei, só assisti dois 007 em toda a minha vida.

Quantum começa com uma perseguição de carro incrível. Inclusive o veículo que o Bond usa parece mais indestrutível que o batmóvel. Depois parte para uma luta física de tirar o fôlego. Não tem uma sequência de ação que decepcione. A minha preferida foi a do avião pois chegou a ser sufocante. Bond está atrás dos chefões daqueles que mataram a Vesper em Cassino. E como está sedento de vigança, ele sai matando qualquer um que aparece na sua frente o que faz M interferir na licença do agente gerando cenas bastante divertidas graças a Judi Dench.

Foi muita coincidência eu ter assistido Chinatown do Polanski um dia antes pois ambam falam da “indústria da água”. O vilão de Quantum (Mathieu Amalric de O Escafandro e a Borboleta) é o chefe de uma organização que derruba líderes políticos. É mais ou menos assim: ele ajuda os militares da Bolívia num golpe para derrubar o presidente e recebe um pedaço de terra do país para estocar água. E a tal organização é conhecida mundialmente por comprar terras para a preservação ambiental, ou seja, só de fachada. Os interesses americanos estão também envolvidos na jogada mas não lembro mais os detalhes já que assisti o filme há mais de três semanas. Convenhamos que um filme de James Bond não fica na memória por muito tempo.

É difícil eu aproveitar algo só pela ação e Quantum of Solace proporcionou justamente isto. Não houve nenhuma situação que tenha me irritado então foi um ótimo divertimento.

Nota: ****