sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Emprego com os dias contados

Assisti A Lenda de Beowulf e nunca cochilei tanto numa sala de cinema. Não sei como mas mesmo assim acabei gostando desta mais nova animação do Robert Zemeckis que usou os mesmos princípios do Expresso Polar. Eu poderia assistir novamente sem problemas e garanto que não é só para pegar o que perdi durante os meus cochilos. Há algumas conclusões que eu tirei por achar que suas dicas estavam implícitas mas se estavam visíveis, apareceram quando fiquei inconsciente. Também posso estar totalmente enganado. Beowulf foi o primeiro poema épico escrito em língua moderna (inglês) que se tem conhecimento e o seu autor é desconhecido. Foi esta a fonte para Tolkien escrever O Senhor dos Anéis. E como a abordagem original é muito mais interessante! Prefiro muito mais a jornada do Beowulf do que a do Aragorn. Analisando o conjunto da obra, é claro que sempre irei preferir os Anéis mas não tem como negar que os dilemas do Beowulf são mais atraentes.

Havia um castelo na Dinamarca 500 d.C. cujo rei (Anthony Hopkins) adorava libertinagem, festas e compartilhava sua riqueza com o povo. O barulho das festas soa mortal para o demônio Grendel, uma criatura que mora num pântano próximo e é tão feio que faz o Gollum parecer modelo da Victoria's Secret. Em cada festa, Grendel invade o castelo e acaba com a vida de meio mundo de gente de forma mais brutal possível. Ao mesmo tempo, é um ser tão frágil quando mostra seus sentimentos a sua mãe. Não suportando mais a situação, o rei decide dar um precioso tesouro para quem acabar com o demônio. A história chega aos ouvidos do guerreiro Beowulf (Ray Winstone de Os Infiltrados e Cold Mountain mas não lembro onde) que vai oferecer seus corajosos serviços ao rei. O nosso guerreiro é tão honrado que só luta de igual para igual com o feioso. Nada de armas... e nada de roupas. Quem é que esperava ficar mais preocupado em ver as partes íntimas do protagonista do que prestar atenção na luta? Foram vários os momentos em que o público suspirou com as várias formas de esconder as partes frontais (bumbum tem a vontade). Foi divertido. Esta atmosfera sexual é bem presente no filme, é um reino que desconhece a palavra moralismo e sexo é tão natural como respirar. Os reis dormem cada noite com uma jovem diferente e tem o John Malkovich que tem preferência pelas belas virgens e não entendi porque ele só fala com uma voz robótica. Só que o Beowulf vai ter sua honra colocada em jogo ao conhecer a mãe de Grendel, a Angelina Jolie nua. Ele não resiste à tentação. É bom ver que ele não é o modelo perfeito de herói que pensávamos que fosse ou o modelo de herói de outras obras. Gostei do clima de incertezas e mentiras que se segue. Gostei também da ausência daqueles longos discursos sobre glória como em 300. Há frases que remetem um filme ao outro como "I am Beowulf" e "This is Sparta" mas não passa disso. A comparação entre eles é inevitável e prefiro Beowulf em todos os sentidos.

Há quem só goste da animação gráfica pelo avanço tecnológico. Eu nunca vi um filme do gênero só para apreciar o trabalho da computação gráfica. Beowulf foi totalmente diferente e deve ser um marco nesta área. Eu ficava o tempo todo olhando como os personagens estavam perfeitos, principalmente em close. É claro que não chegou ainda ao ponto de não sabermos mais quem é real ou CG mas não lembro de ter visto nada parecido. Há de chegar o dia em que os atores não serão mais necessários. Acho até bom porque deve ser tão chato ser um molde e como avaliar o trabalho de um ator desta maneira?

Nota: 7,5

Nenhum comentário: