domingo, 29 de outubro de 2006

O Retorno

Ontem vi meu primeiro filme russo chamado Vozvrashcheniye, ou se preferir, O Retorno. Ganhou alguns prêmios internacionais e concorreu até ao Globo de Ouro. Ele conta a história de dois irmãos que nunca conheceram o pai. Em um belo dia, o pai reaparece e os leva para um passeio. O pai faz um monte de coisas misteriosas, aí o filme acaba sem sabermos as respostas. E isto é ruim? Nenhum pouco. O filme é ótimo.

Um adulto é uma entidade bastante complexa para uma criança. E é isto que O Retorno aborda. Quem é aquela figura que acaba de entrar na vida dos garotos? Por que ele age de uma forma que faz com que seus filhos o odeiem? Eles não vão saber, não têm capacidade ainda. Quando o filme acaba e ficamos sem respostas para os mistérios do pai (para quem ele telefona, o que ele desenterrou), é uma metáfora para a compreensão de um adulto por uma criança. Da mesma forma que os filhos não vão entender a atitude do pai, nós não vamos saber o que ele fazia. Quando eles entederem, já terão abandonado a infância.

Quando fui pesquisar sobre o filme, vi que um dos garotos morreu afogado logo depois das filmagens e no mesmo lago mostrado no filme. É uma coisa pertubadora de saber, principalmente nestes filmes onde tudo parece real e natural.

Padre Amaro

Sabe como matar vários cristãos de uma só vez? Colocando-os numa sala para assistir O Crime do Padre Amaro. É ataque cardíaco coletivo na certa. Imagine um filme em que tem Igreja construindo hospital com dinheiro do tráfico, padre rompendo o voto de castidade, professora de catecismo dizendo que se toca pensando em Jesus, aborto, fiél roubando dinheiro da cestinha durante o ofertório, bruxaria... acho que eles morreriam.

Uma maneira de verificar o quanto um filme prende a sua atenção é contando quantas vezes seu pensamento se desvia. O meu se desviava do começo ao fim mas acho que esta é proposta de Padre Amaro. Pelo menos eu refletia sobre os assuntos abordados no filme. Celibato, os questionamentos de Amelia durante suas confissões sobre o que é pecado, etc. O filme é convencional e só fica mais interessante depois da metade quando o romance "proibido" começa. Gael García Bernal é o ator que encara qualquer tipo de papel, ponto para ele. Seus outros papéis que eu já vi me parecem mais desafiadores que este padre.