segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Volver

Eu não sei se é bom assistir um filme com aquela expectativa de ser um dos melhores do ano mas fui ver Volver assim que finalmente estreou aqui em Maceió. Há alguns meses vi meu primeiro filme do Almodóvar, Tudo Sobre Minha Mãe. Dias depois foi a vez de Má Educação. Jurei que o próximo que ele fizesse eu iria ver no cinema porque quando vi TSMM e MA, fiquei lamentando por nunca ter assistido antes. Então não queria que acontecesse o mesmo com Volver. Gostei muito dele mas acho que não teria provocado o mesmo impacto de TSMM se Volver fosse o primeiro filme do diretor que eu tivesse visto.

Em Volver, dizem que Pedro Almodóvar revisita seus trabalhos anteriores. Como não vi a maioria, só vejo semelhanças com TSMM. Ambos tratam do universo feminino e mostram que as mulheres não precisam de seus homens pois são eles que traem, são vagabundos e só pensam em sexo. Praticamente não há personagens masculinos, e eles são secundários. No caso de TSMM é assim, se é para ter homem entre os personagens principais, então é travesti. Os homens de Volver são homens mesmo e só servem para impulsionar alguns aspectos da trama.

Inicialmente o filme trata de duas histórias diferentes, o assassinato do pai que tentou abusar sexualmente da filha e a aparição do espírito da mãe morta, que no final se encaixam perfeitamente. Em termos de roteiro, eu prefiro Má Educação. Mas Volver também tem um trama bem desenvolvida com personagens centrais bem trabalhados. Só achei a narrativa um pouco lenta em algumas partes, principalmente depois da metade o que me deixou bastante impaciente e me fez pensar se a conclusão das histórias seria satisfatória. E felizmente foi! O humor é outra característica marcante do Almodóvar. A maior lembrança que tenho de TSMM é o começo dramático (e achei que seria assim até o final) e como eu ria bastante depois. Em Volver é quase a mesma coisa. A comédia e o drama se misturam regularmente. O público recebe a notícia da morte de um personagem, em seguida está rindo em seu velório. Gosto da abordagem cômica do assunto. As atrizes estão excelentes. Parece que vem aí a indicação de Penelope Cruz ao Oscar. Há um belo trabalho com as cores. É um filme bem silencioso, não ouvi muita trilha sonora e isso facilitou a disseminação dos roncos de um espectador que dormiu durante a sessão.

Promessa cumprida de ver no cinema, agora vou atrás de Fale Com Ela.

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