quinta-feira, 18 de junho de 2009

Eles comem e elas dão

Eu acreditei que A Mulher Invisível tivesse conteúdo. Fui, inclusive, com certa empolgação prestigiá-lo. E não demorou muito para eu começar a sentir vergonha de mim mesmo. Onde eu tinha me metido? O filme não passa de uma sequência interminável de gags físicas do Selton Mello e uma exibição gratuita do corpo quase nu da Luana Piovani. Até a Fernanda Torres, que quando faz comédia num ótimo filme como Saneamento Básico está fabulosa, não se salva aqui. Para não ser completamente injusto, foi a Fernanda quem salvou uma das cenas finais no restaurante. Mas isto não quer dizer grande coisa porque ela passa o filme todo somente dizendo que a irmã deve dar para o vizinho. É assim mesmo com esta linguagem. As mulheres dão e os homens comem para se referir ao sexo. O público morria de rir quando os personagens falavam deste jeito. O Vladimir Brichta de quem gostei muito em Romance está extremamente detestável em Mulher Invisível fazendo um tipo ultra machista. Aliás, o filme todo é machista mesmo que a personagem da Luana tente convencer o contrário. O Selton pode comer todas sem ser condenado enquanto a sua vizinha solitária é crucificada por ter cometido um "adultério".

A história é a seguinte. O Selton é um homem apaixonado que fica louco após ser deixado pela companheira que o traía com um alemão (aqui o adultério não é condenado porque deve ser cômico). Toda esta cena inicial é bem previsível. A sua situação chega ao ponto de ele criar uma mulher ideal para curar a solidão. E o seu conceito de mulher ideal é: limpar a casa de quatro para ele de calcinha e sutiã e gostar de ter sido violentada pelo padrasto na infância. Um horror, não? Não é só o texto do Cláudio Torres (de Redentor que nunca vi e irmão da Fernanda) que possui estas barbaridades. A sua direção é do mesmo jeito. Numa cena em que o Selton e a Luana contracenam, ele está de frente para a câmera ao fundo no enquadramento e ela só de costas e próxima da câmera, o detalhe é que somente suas pernas são focalizadas porque sua função é servir de adereço naturalmente. Não é surpresa que a Luana não tenha nenhuma cena de nudez, seria inaceitável (=chocante) para os princípios do público alvo do filme.

O roteiro é muito fraco. São tantos marabalismos para separar o Selton da vizinha. Para que isto se sabemos que ficarão juntos no final? Imagino que seja para testar a nossa paciência. E quando achei que o filme iria acabar, ele estava chegando na metade. Foi um sofrimento terrível ter que suportar o restante. As pessoas ficaram quietas também por um tempo porque a Luana aparentemente finaliza sua participação e o Selton não iria fazer mais suas gags. Eu sempre achei que se podia tirar algum proveito até dos piores filmes. Depois de Mulher Invisível, eu mudei de opinião. Eu devia ter seguido a minha primeira intuição quando descobri que o Marcelo Adnet fazia parte do elenco. Ele tem aquele programa na MTV chamado 15 Minutos que nunca consegui ver mais de 5.

Nota: *

2 comentários:

Alessandro RC disse...

Olha o que disse o Huck no Twitter:

huckluciano Se vcs ainda não assistiram ao filme Mulher Invisível do Claudio Torres, vale a pena!!!!

hehehe

Mas eu acho que vc tem mais razão, JC.

Júlio César disse...

Pois é, cada um ver o filme por um lado. Se ele se divertiu, não tenho nada a ver com isso. :)