domingo, 30 de dezembro de 2007

2007

É uma situação tão triste quando você não consegue fazer uma lista dos 10 preferidos do ano por falta de opção. Pois é. A minha lista só vai conter sete e não vou adicionar mais três só para tapar buraco. Eu queria escolher os dez com bastante gosto mas não foi possível. Considerei os filmes de 2007 aqueles que efetivamente vi no cinema durante os últimos doze meses.

7 - Os Simpsons – O Filme: O ano teve uma boa safra de desenhos e animações que se salvaram e o campeão sem pensar muito foi a família de Springfield. Muito provavelmente Ratatouille deveria estar na lista mas como preciso ver de novo, achei melhor não colocar aqui. Ainda não vi as abelhas do Jerry Seinfeld.

6 - Bubble: Versão israelense moderna de Romeu & Julieta com consciência política e social. Filme angustiante.

5 - Superbad – É Hoje: A reinvenção da comédia adolescente em grande estilo. Eu lembro que ainda ria das piadas dias depois de ter visto. Os meses passaram e não lembro tanto de Ligeiramente Grávidos.

4 - Hairspray – Em Busca da Fama: O musical da garota diferente que quer ser famosa foi a coisa mais contagiante que vi este ano.

3 - Pecados Íntimos: O filme mais antigo desta lista faz refletir sobre os nossos conceitos morais e o elenco está impecável.

2 - O Ultimato Bourne: Ação inteligente do começo ao fim e se for dirigida por Paul Greengrass, melhor ainda. Imperdível.

1 - Tropa de Elite: Não achei que a pirataria fosse prejudicar tanto a sua performance. 2,5 milhões de espectadores foi muito pouco comparado aos 10 milhões que assistiram em casa. Independente de acusações de fascismo, Tropa deve ter sido o filme brasileiro mais audacioso já feito e impressiona pelo realismo. Eu vou com a maioria do povo brasileiro e escolho Tropa de Elite como o meu filme preferido de 2007.

Resolvi também "premiar" outros títulos do ano nas categorias a seguir:

"De novo nunca mais": Stardust - O Mistério da Estrela. Filme que você pode suportar uma vez mas duas é pedir demais.

"Não excedeu as expectativas": Dreamgirls – Em Busca de um Sonho. Queria muito assistir e gostei bastante. Só que não foi tudo aquilo que achei que fosse.

"Menção honrosa": Primo Basílio. Sabe aquele filme que você recomenda independente de ser bom ou ruim?

"Meu arrependimento": Jogos Mortais 4. Vergonha de ter sido tão positivo.

"Merece um segunda chance": Shrek Terceiro. A quantidade de piadinhas sem graça me irritou tanto neste Shrek. Acho que eu gostaria mais se assistisse de novo.

"Caça-níquel": Piratas do Caribe – No Fim do Mundo. Esvaziar o bolso do público é a principal tarefas destes piratas.

"Bomba": Nunca É Tarde Para Amar. É muito melhor você detonar um filme de um diretor conceituado. Eu nem precisaria me incomodar com esta comédia romântica com a Michelle Pfeiffer e o Paul Rudd mas este foi o meu pior filme de 2007.

sábado, 29 de dezembro de 2007

O velho e o novo

Eu participei de uma enorme maratona de filmes (1 François Truffaut, 1 Sergio Leone, 3 Wim Wenders, 1 Robert Altman) no Telecine Cult em dezembro que fiquei desanimando com as opções atuais nos cinemas. Então tive que ir mais uma vez à uma sessão de arte para assistir um filme chinês chamado Em Busca da Vida do diretor Jia Zhang Ke. Escolhi este porque foi o vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2006. Sempre dou uma atenção a mais aos filmes premiados nos principais festivais - Cannes é o meu preferido. Tenho uma meta para ver os vencedores da Palma de Ouro, é difícil mas consegui ver três deles este ano: "Kagemusha" (1980), "Paris, Texas" (1984) e "A Criança" (2005).

Em Busca da Vida conta duas histórias paralelas de dois personagens que retornam a uma cidade à procura de seus cônjuges. Apesar da trama convencional, vale observar como o diretor explora o aspecto humano dos seus personagens, um pouco da cultura chinesa e as transformações que vêm ocorrendo naquela região do país. Ainda tem as paisagens deslumbrantes principalmente uma que ficou na cabeça de uma balsa num rio cercado por montanhas, é quase onírica. O ritmo lento pode prejudicar a sua absorção porque cansa um pouco e você só vai tirar o maior proveito se for atento a todos os detalhes. Sim, há detalhes que podem passar despercebidos. A falta deles não irá atrapalhar a compreensão mas servem para engrandecer a trama. É bom prestar atenção também na habilidade do Zhang Ke com a câmera. A magnitude das cenas é a junção do primeiro plano onde estão os atores com a paisagem ao fundo que narra um acontecimento (por exemplo, a foto que escolhi para o post).

Gostei de como o rio principal do filme divide a mesma nação em mundos diferentes. De um lado, é uma China mais desenvolvida e violenta. Do outro, uma população que parece anos atrasada e mesmo assim já usam celular como item de sobrevivência. Mundos distantes que preservam alguma característica do outro lado.

Mesmo com os meus comentários acima, achei o filme quase neutro. Não tenho motivo para desgostar e nem o achei fantástico. Talvez faltou um roteiro com meio e fim. Como você fica com aquela incerteza sobre aonde o filme vai chegar, achei que foi finalizado no meio. E o que significa aquele edifício que decola como um foguete? E o disco voador? É tão estranho que assusta. E este foi meu último filme de 2007.

Nota: 7,0

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A culpa é sempre do seu superior

Eu nunca parei para pensar quem seriam os meus diretores preferidos. Alguns nomes vieram à tona agora e considerando somente aqueles que estão em atividade, o dinamarquês Lars von Trier é um deles. Fui assistir a sua comédia O Grande Chefe que foi feita sem pretensão nenhuma como o próprio diretor narra durante o filme. É como se um dia ele tivesse acordado sem nada para fazer e quisesse bolar algo que não costuma fazer: comédias. Chefe é mais experimental também porque o diretor deixa de lado regras do movimento Dogma 95 e chega a usar uma técnica em que os movimentos das câmeras são controlados por computadores sem intervenção humana. Eu prefiro o LvT usando a câmera na mão e escrevendo sobre a sociedade americana (Dançando No Escuro, Dogville e Manderlay), é o que ele sabe fazer melhor. Eu saí com uma ótima impressão da "brincadeira", até porque vi numa sessão de arte (só assim para este tipo de filme) mas por uma questão pessoal, não é o meu tipo de humor preferido. Mas como é do LvT, eu respeitei quando um crítico o colocou em sua lista dos 10 melhores do ano.

O chefe de uma empresa a comanda recebendo as ordens de um fictício chefe maior. Quando ele decide vendê-la, o comprador exige conhecer o tal todo poderoso então um ator é contratado para exercer o papel. Logo ele vai descobrir que já tem uma imagem entre os funcionários. O Lars quis proporcionar uma reflexão sobre as relações interpessoais num ambiente coorporativo através de uma abordagem mais escrachada. Eu me identifiquei com a cena final do discurso de despedida porque a gente sabe que não é tão diferente na vida real mesmo que pareça absurda no filme. Eu presencei um momento parecido há pouco tempo. Algumas situações funcionaram porque o público se envolveu. Houveram outras em que ninguém reagia como o diretor esperava e o silêncio desconfortante dominava. A edição despreocupada com a continuidade pode parecer um estilo cult mas acho que neste caso não faz ninguém apreciar mais o filme. Uns dois ou três personagens me pareceram desnecessários. Gostei das cenas com a mocinha do RH e com a outra que recebe a proposta de casamento por email.

O Grande Chefe é o meu filme menos preferido do Lars von Trier por enquanto e mesmo assim está muito acima da média das outras opções atuais por aqui. Finalmente Wasington já foi confirmado para 2009. A temática de Chefe me lembrou outro filme chamado O Que Você Faria? (produção entre Espanha, Argentina e Itália) que deve ser o meu preferido sobre os ambientes empresariais. Este ano eu vi também um filme chamado Querida Wendy e perto do final fiquei pensando como tinha a cara do LvT. Para a minha surpresa, quando os créditos finais subiram, adivinhem quem era o roteirista!

Nota: 7,0

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Emprego com os dias contados

Assisti A Lenda de Beowulf e nunca cochilei tanto numa sala de cinema. Não sei como mas mesmo assim acabei gostando desta mais nova animação do Robert Zemeckis que usou os mesmos princípios do Expresso Polar. Eu poderia assistir novamente sem problemas e garanto que não é só para pegar o que perdi durante os meus cochilos. Há algumas conclusões que eu tirei por achar que suas dicas estavam implícitas mas se estavam visíveis, apareceram quando fiquei inconsciente. Também posso estar totalmente enganado. Beowulf foi o primeiro poema épico escrito em língua moderna (inglês) que se tem conhecimento e o seu autor é desconhecido. Foi esta a fonte para Tolkien escrever O Senhor dos Anéis. E como a abordagem original é muito mais interessante! Prefiro muito mais a jornada do Beowulf do que a do Aragorn. Analisando o conjunto da obra, é claro que sempre irei preferir os Anéis mas não tem como negar que os dilemas do Beowulf são mais atraentes.

Havia um castelo na Dinamarca 500 d.C. cujo rei (Anthony Hopkins) adorava libertinagem, festas e compartilhava sua riqueza com o povo. O barulho das festas soa mortal para o demônio Grendel, uma criatura que mora num pântano próximo e é tão feio que faz o Gollum parecer modelo da Victoria's Secret. Em cada festa, Grendel invade o castelo e acaba com a vida de meio mundo de gente de forma mais brutal possível. Ao mesmo tempo, é um ser tão frágil quando mostra seus sentimentos a sua mãe. Não suportando mais a situação, o rei decide dar um precioso tesouro para quem acabar com o demônio. A história chega aos ouvidos do guerreiro Beowulf (Ray Winstone de Os Infiltrados e Cold Mountain mas não lembro onde) que vai oferecer seus corajosos serviços ao rei. O nosso guerreiro é tão honrado que só luta de igual para igual com o feioso. Nada de armas... e nada de roupas. Quem é que esperava ficar mais preocupado em ver as partes íntimas do protagonista do que prestar atenção na luta? Foram vários os momentos em que o público suspirou com as várias formas de esconder as partes frontais (bumbum tem a vontade). Foi divertido. Esta atmosfera sexual é bem presente no filme, é um reino que desconhece a palavra moralismo e sexo é tão natural como respirar. Os reis dormem cada noite com uma jovem diferente e tem o John Malkovich que tem preferência pelas belas virgens e não entendi porque ele só fala com uma voz robótica. Só que o Beowulf vai ter sua honra colocada em jogo ao conhecer a mãe de Grendel, a Angelina Jolie nua. Ele não resiste à tentação. É bom ver que ele não é o modelo perfeito de herói que pensávamos que fosse ou o modelo de herói de outras obras. Gostei do clima de incertezas e mentiras que se segue. Gostei também da ausência daqueles longos discursos sobre glória como em 300. Há frases que remetem um filme ao outro como "I am Beowulf" e "This is Sparta" mas não passa disso. A comparação entre eles é inevitável e prefiro Beowulf em todos os sentidos.

Há quem só goste da animação gráfica pelo avanço tecnológico. Eu nunca vi um filme do gênero só para apreciar o trabalho da computação gráfica. Beowulf foi totalmente diferente e deve ser um marco nesta área. Eu ficava o tempo todo olhando como os personagens estavam perfeitos, principalmente em close. É claro que não chegou ainda ao ponto de não sabermos mais quem é real ou CG mas não lembro de ter visto nada parecido. Há de chegar o dia em que os atores não serão mais necessários. Acho até bom porque deve ser tão chato ser um molde e como avaliar o trabalho de um ator desta maneira?

Nota: 7,5

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Blá blá blá

Eu já esperava que Leões e Cordeiros fosse unidirecional, só mostrando um único ponto de vista. É a guerra americanos versus inimigos. Eu prefiro muitos mais produções sobre guerras baseadas em fatos como o obrigatório Caminho Para Guantánamo ou documentários como o Fahrenheit 11 de Setembros do Michael Moore. Robert Redford fez LeC mais ideológico e menos crítico por isso não gostei. De um lado é o senador Tom Cruise vendendo sua nova e eficiente estratégia contra o Afeganistão para a imprensa e do outro é a jornalista Meryl Streep querendo publicar sua própria versão da história mesmo um dia já ter dito que o senador era um governante promissor. Há também os dois alunos do Redford que se vêem na obrigação do alistamento militar e vão lutar contra os talibaneses. Antes eles tentam se justificar numa apresentação para a turma mas não consegui entender os seus motivos. Acho que o objetivo do filme é fazer pensar sobre as justificativas tanto de um governo como de um cidadão para apoiar uma guerra.

O Tom Cruise fala em algum momento que está lutando contra a consciência medieval daquela gente. Mas quantos daqueles milhares e milhares de americanos que estão lutando sabem o porquê de estarem lá? É a mesma consciência do dois lados, não? Nem todos são como os dois alunos do Redford e acham que têm uma razão. Eu não consigo ver justificativa para querer participar de uma guerra. Só me resta pensar que tais pessoas estejam iludidas em seus próprios fanatismos. É muito simples dizer que sou contra qualquer tipo de guerra - é a visão de uma criança sobre o assunto - mas não tem como dizer diferente. Eu não gostaria de matar ou morrer gratuitamente a favor do patriotismo.

O filme ainda tem muita conversa longa entre o Redford e mais um de seus alunos. Nem lembro sobre o que falaram tanto mas o rapaz estava se dedicando mais a sua vida social do que a acadêmica. O professor tinha então que acordá-lo para a realidade porque conhecia o seu potencial.

Este foi o primeiro da onda atual de filmes políticos que entrou por aqui. Todos se caracterizam pelo fracasso de bilheteria e críticas não muito amigáveis. Se bem que o filme do Paul Haggis não foi tão massacrado como o do Redford. Li uma entrevista com o Jamie Foxx sobre O Reino e não é muito animadora.

LeC parece um apelo desesperado para acordar os americanos só que não é muito didático. Irão dormir muito ainda se dependerem destas abordagens.

Nota: 5,0

sábado, 24 de novembro de 2007

Imagine there's no countries

Três amigos dividem o mesmo apartamento numa área descolada de Tel Aviv chamada de Bolha porque seus moradores vivem fora da realidade. Mas não é o caso destes três amigos que são engajados em movimentos pacifistas principalmente contra os conflitos entre israelenses e palestinos. E ainda estão bolando a "rave contra a ocupação". Até aí parece apenas um filme político. No entanto, quando ele é dirigido pelo naturalizado israelense Eytan Fox que é gay assumido, o fator político serve somente como pano de fundo para uma grande história de amor homossexual. Eu conheci o trabalho do Fox em 2006 quando assisti Delicada Relação de 2002, história sobre dois jovens soldados que se apaixonam numa base militar no deserto de Israel. Só que até aquele momento eu não sabia nada sobre o diretor. DR não passa de um romance entre duas pessoas que independem de sexo e não aborda a diversidade da mesma forma que em Priscilla - A Rainha do Deserto ou o mais recente Transamérica. Quando li a sinopse de Bubble há umas semanas e vi quem era o diretor, a ficha caiu. A razão do romance de DR estava explicada.

Bubble é um ótimo filme com algumas falhas que não chegam a atrapalhar tanto o resultado final. Um dos três amigos é o Noam (Ohad Knoller) que também trabalhou em DR (e bem melhor em Bubble). Ele será um ex-soldado que trabalhava na fronteira do país, esta é a primeira cena do filme que mostra a dificuldade dos árabes em entrar em Israel. Quando volta para Tel Aviv, conhecemos seus dois amigos Yelli - que tem a cara do rapaz da propaganda do beijo do Mercado Livre - e Lulu. Logo eles recebem a visita de Ashraf, um palestino que Noam conheceu na fronteira, que traz um documento perdido de Noam. Os quatro irão morar juntos. Bubble é uma versão mais trabalhada de DR, com mais subtramas e um erotismo mais apimentado. Ashraf e Noam fazem o principal casal do filme. É um romance que se torna melodramático em alguns momentos. A Tel Aviv do filme é a cidade dos sonhos para se assumir a opção sexual então o problema mesmo vai surgir por parte das origens do Ashraf. A cena em que ele tenta contar tudo para a irmã é muito divertida. Já o momento em que ela não aceita dançar com ele é tão triste. As cenas de sexo me lembraram de Má Educação. Só que Almodóvar se saiu melhor. Acredito que os atores em Bubble sejam gays na vida real então quando você dirige o Gael Garcia Bernal e o faz encarnar Zahara, seus méritos são maiores. O elenco como um todo do DR está melhor. O problema em Bubble é o Yousef "Joe" Sweid (Ashraf) que pareceu inexperiente. O roteiro escrito pelo próprio Fox com o seu parceiro ainda reserva espaço para o humor.

Acho que as discussões políticas estão melhores aplicadas em Edukators, por exemplo. O ativismo da Lulu não parece sério em algumas partes. Achei muito exagerada a cena em que ela invade a sala do ex-namorado. Tudo bem que a motivação foi passional mas esta imagem atrapalha a consciência social do seu personagem. A juventude de Bubble protesta através da música. Realmente não sei os resultados de eventos como Live 8 e Live Earth. Não é ingenuidade achar que líderes políticos ficarão sensibilizados com tais manifestações? O mais importante é afetar a sociedade, principalmente aqueles que vivem na bolha. As canções do filme dão uma nova dimensão às cenas. Eu particularmente gosto de filmes com bastante músicas. É claro que a inclusão das mesmas deva ser justificada. E que surpresa foi ouvir um idioma tão conhecido e era Bebel Gilberto! Perdi a concentração na cena. Bubble também está cheio de referências desde Sex & The City a Jules e Jim. Achei muito estranho quando o Noam diz que não conhece a Britney Spears mas estou percebendo o seu lado irônico já que os personagens conhecem muito sobre a cultura ocidental.

Vale muito a pena assistir a um lado tão diferente daquela região que não envolve atentados e conflitos, sem falar que é preciso deixar o preconceito em casa. O curioso é que o momento mais angustiante é quando Bubble começa a virar um Paradise Now e finaliza com uma versão moderna de Romeu & Julieta. Por isso este filme pode afetar bastante. É uma angústia que me persegue durante todo o dia.

Nota: 8,0

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Estrela sem brilho

Eu nem iria ver Stardust - O Mistério da Estrela porque só entrou uma cópia dublada. Mas como um colega disse que gostou e a sua namorada queria até ver de novo... Não vou dizer que achei um completo desastre porque gostei, pelo menos, da amarração entre os elementos da história baseada na graphic novel do Neil Gaiman que deve ser mais interessante do que a adaptação cinematográfica. Mesmo assim Stardust definitivamente não é para mim. Eu gosto de fantasias mas esta história da estrela cadante abusou muito da minha boa vontade e nem serve como uma grande aventura escapista. O romance é representado em diálogos enfadonhos onde o mocinho Tristan (Charlie Cox) diz que é capaz de atravessar o oceano parar pegar uma estrela cadente (Claire Danes) e assim provar seu amor pela bela amada (Sienna Miller). Stardust é despretensioso porque não tem batalhas grandiosas ou efeitos especiais alucinantes. E Matthew Vaughn dirigiu muito convencionalmente e com movimentos de câmera já manjados nos filmes do gênero.

A tal estrela vai ser perseguida por algumas pessoas, cada uma tendo sua razão. Já falei o motivo do Tristan. A Michelle Pfeiffer, uma bruxa velha, vai atrás pela juventude e os filhos do Rei (Peter O'Toole) de Stormhold vão pela disputa pois quem pegar a estrela será o novo rei. Tirando umas boas revelações do final, você sabe o destino dos personagens desde o começo então é só esperar o tempo passar para suas suspeitas se confirmarem. E como demorou para passar! Foram 130 minutos intermináveis. A primeira metade foi a pior parte porque é somente depois que surge o Robert De Niro, o salvador de Stardust com o seu Capitão Shakespeare. A mudança de clima que ele provoca é tão revigorante. Foi o antídoto para o sonífero. Embora o filme todo tenha um humor peculiar, só o De Niro me fez rir de verdade. A Michelle é quem se destaca depois dele, mesmo assim com um trabalho regular. Li um trecho de uma crítica em que o rapaz dizia que ela estava deliciosa. Acho, às vezes, que a dublagem pode interferir. Nunca esqueço da voz jovial do Anthony Hopkins num Silêncio dos Inocentes que assisti na TNT.

É mais fácil assistir um filme que começa ruim e melhora ou um que começa bom e piora? Eu prefiro a primeira opção que é o caso de Stardust. Quando digo que melhora, quero dizer que se torna mais assistível. Tem uma luta muito estranha onde o Tristan luta com um morto controlado via boneco pela bruxa da Pfeiffer (aprendi que a denominação "Vodu" para isto é invenção dos antigos filmes de terror). Normalmente muitas idéias do que vou escrever surgem durante o momento em que estou assistindo o filme. Com Stardust, esqueci quase tudo quando cheguei em casa. Queria comentar algumas frases mas não lembro. Fim.

Nota: 6,0

sábado, 10 de novembro de 2007

Excesso de fofura pode fazer mal à saude

Eu fiquei tão fascinado pelo trailer de Hairspray que perdi as contas de quantas vezes já assisti. Ele emanava uma ternura tão irresistível que mal pude esperar pelo dia em que iria vê-lo por completo. E tem que ter muita coragem para esperar um filme com a Amanda Bynes e o Zac Efron. O elenco todo é curioso mas quem rouba todas as atenções é a novata Nikki Blonsky que é um exagero de fofura, no bom sentido. A temática de Hairspray é universal, é aquela história de nunca desistir dos seus sonhos e lutar por direitos iguais. Não é tão "feel good movie" como Pequena Miss Sunshine, por exemplo, mas não deixa de levantar seu astral e não acho que ninguém vai acordar amanhã e sair alimentando os ratos da sua cidade. Spray de Cabelo deve ser o musical mais contagiante que já assisti. É uma avalanche de cores, penteados e energia. Vontade de levantar nos números e assistir dançando não faltou.

Baltimore. Década de 60. Tracy (Blonsky), filha da versão feminina do John Travolta com o Christopher Walken, sonha em participar de um programa de dança da TV local cujo lema é algo como "Falte a escola e venha fazer uma audição". Michelle Pfeiffer é a mãe racista de uma das dançarinas do programa e vai acabar com o do Dia dos Negros, a única chance no mês em que os jovens do centro da cidade - coordenados pela Queen Latifah - têm para se apresentar. Tracy será dispensada por ser gordinha mas em outra oportunidade conseguirá ser a estrela do programa. Esta é a primeira hora do filme que achei bem superior à segunda. É igual ao Dreamgirls, depois de um momento cansa e precisa ter um número final que compense. No caso de Hairspray, a compensação vem faltando alguma coisa. A divulgação da vencedora do Miss Teenage Hairspray é tão anticlimática mas não deixa de ser o grande momento do filme.

Amanda Bynes com seu pirulito está como sempre, isto é, péssima. Zac Efron, que só deve ter sido liberado pela Disney por seu papel não comprometer a imagem do astro, está mais ou menos assim como a Michelle Pfeiffer. O James Marsden (o Ciclope de X-Men) faz parte do grupo dos que estão ótimos. O Travolta está tão caracterizado que você esquece que o papel está sendo feito por um homem. No entanto, suas partes divertidas só funcionam justamente porque ele está transvestido. Nikki Blonsky é o grande brilho do filme. Suas performances são tão contagiantes que quando ela não está em cena, o filme perde muito. É bastante tocante quando ela vai à escola em cima do caminho de lixo no seu primeiro número musical. A Queen Latifah já é veterana neste gênero. Tem uma piada engraçada quando ela fala que sua casa parece os subúrbios por causa da quantidade de brancos.

Mas será mesmo que Hairspray serve como incentivo para aqueles que são "diferentes" e sonham com a fama? Eu consigo enxergar também este excesso de gostosura como um mundo tão distante que é inalcançável. O mundo em que você será a quantidade de spray que usa. Há uma parte em que o Christopher Walken fala algo assim "This is America, you gotta think big to be big". É nessas horas que a gente percebe que o musical é feito de americano para americano. Primeiro, usam o nome do continente para se referir à nação. Mas isto é tão comum que a gente nem liga, está nos noticiários, em todos os lugares e você não ouve a Inglaterra ou a França dizendo "Eu sou a Europa". Segundo, a frase deixa a entender que o sucesso só pode ser atingido na América (=EUA), a terra das oportunidades.

Esquecendo estes devaneios, Hairspray é delicioso e mostra que todos podem ver a luz no fim do túnel. Não é filme de auto-ajuda. A indicação ao Globo de Ouro para comédia ou musical já é certa, não? Ah, não é assustador que o filme seja dirigido pelo Adam Shankman de Um Amor Para Recordar? E por uma tremenda coincidência, antes de Hairspray, vi Hair, o musical de 1979, o belíssimo hino pacifista. Entre os dois, fico com os hippies.

Nota: 8,0

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mãos e pés, para que te quero?

Vi mais um filme estrangeiro que praticamente não entrou em quase nenhum lugar ainda. Para ter uma idéia, Justiça A Qualquer Preço vai só estrear no Reino Unido em maio de 2008. Não sei se lançar um filme primeiro fora dos grandes circuitos é uma prática comum dos estúdios ou fui eu que nunca percebi isto porque sempre que vou assistir algo, já tenho alguma idéia baseada numa opinião alheia. Em relação ao Justiça, só tinha visto o trailer duas vezes. O filme está longe de ser ruim mas tampouco é uma maravilha. É um drama de investigação com o Richard Gere a e Claire Danes com doses de terror sobre maníacos sexuais.

Não sei exatamente o nome da profissão do Richard mas ele trabalha no Departamento de Segurança Pública e monitora ex-presidiários que foram condenados por crimes sexuais. Vai atrás deles para saber como anda a vida, se estão tendo recaídas, este tipo de coisa. Só que ele está se aposentando - forma delicada de ser despedido - e precisa de uma substituta (Claire Danes). Antes de deixar o cargo de vez, a dupla vai investigar o desaparecimento de uma garota porque o Richard acredita que o responsável é um dos seus "clientes". É uma espécie de treino para a Claire. O filme seria melhor se fosse mais instigante e tivesse menos aqueles cortes rápidos de imagem que tentam criar um clima sombrio. Só deixou seu lado de terror insuficiente. E as fotos de mãos e pés mutilados das vítimas não ajudam muito. A história ficou um pouco confusa, não consegui acompanhar todo o raciocínio da dupla. Os detalhes das subtramas me atrapalharam. Achei que o filme tinha durado duas horas mas só chegou a noventa minutos. E como cansa...

O Richard e a Claire tornam o filme assístivel. Na verdade, a película se resume aos dois. A Claire me pareceu muito frágil para ocupar o cargo do Richard. O elenco secundário está muito mal colocado. Há um rapaz chamado Russell Sams, o que bate na Avril Lavigne, que pareceu interessante em sua primeira cena mas ele praticamente some depois. Tem também uma moça chamada KaDee Strickland que está de razoável para péssima. Não sobra mais ninguém fora estes.

Olha só! Quando fui pesquisar os nomes dos dois atores secundários, descobri que chamaram um outro diretor que não está creditado para refilmar algumas cenas. Isto implica atraso nas datas ou lançamento direto em DVD porque o resultado não deve ter agradado aos executivos. Está explicado porque chegam antes por aqui. Nunca É Tarde Para Amar que também chegou antes é pavoroso. É melhor encerrar.

Nota: 6,0

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A história vence o sadismo

Será que devo me sentir envergonhado por ter achado Jogos Mortais 4 maravilhoso? Não é brincadeira! A série havia acabado no terceiro para mim então fui ver a quarta parte só por "obrigação". E não é que conseguiu superar o anterior que era o meu preferido? Não escondo minha admiração por esta série que deve ser a obra-prima do terror moderno. Quando você pensa nas continuações de O Chamado e O Grito, por exemplo, tem que concordar que é um feito inacreditável o fato de Jogos conseguir manter o ritmo após quatro anos (um lançamento em cada Halloween). Gostei muito do primeiro Chamado, já o segundo nem precisou existir. Nunca vi O Grito 2 porque não gostei do primeiro. Sem falar dos outros que já vi e esqueci no dia seguinte. Eu não sei se é justo comparar Jogos com estes remakes de filmes japoneses pois são gêneros de terror diferentes mas como também nunca assisti O Albergue que acredito ter o mesmo lado sádico dos Jogos, comparo com aqueles outros mesmos. Quando analiso todas as minhas experiências dos anos recentes, são os Jogos que ficam em minha mente. Ainda assim eu me restrinjo a um conjunto minúsculo do universo cinematográfico para falar da série, e desta forma posso ficar aliviado para ser simpático com ela.

Eu não vou tentar explicar a trama porque ela é extremamente complexa e não consegui saber em que lado todos aqueles personagens jogavam. E é muita gente com uma função que você se perde. Qual é o outro filme do gênero que faz sua cabeça trabalhar tanto? Jogos é muito detalhista e para acompanhar este quarto é melhor estudar os anteriores. Mas isto não vale a pena. A não ser que não tenha mesmo o que fazer. É policial que não pára de surgir e você se pergunta se já não o viu antes. A bolha de dúvidas só tende a crescer. É curioso que eu tenha ficado satisfeito com o filme mesmo sem tê-lo compreendido. Devo ter muita confiança nos roteiristas já que não esperava que pudesse ter mais o que escrever depois da morte do Jigsaw e sua aprendiz Amanda no terceiro. Como o 4 está cheio de flashbacks, percebi que algumas peças estavam faltando. Poderia parecer um prequel forçado mas até que não é.

Na saída, ouvi gente dizer que o filme era um droga. Acredito que reclamem pelo excesso de detalhes e pela falta das cenas nojentas e assustadoras. Tal fato começou com o 3 quando a série amadureceu (se é que pode-se usar este termo). Jogos deveria investir no sadismo ou no roteiro milimetricamente escrito? Eu prefiro a segunda opção que é o fato real. Quando deixam o sadismo de lado, o filme perde o seu lado repugnante e mais legal para a maioria. Não é à toa que a única cena que realmente fiquei apreensivo e querendo tapar os olhos acontece logo no começo. As seguintes não provocam nada. Jogos não é filme para falar de elenco mas a evolução tremenda dos dois primeiros para os dois últimos merece ser citada. Eu particularmente acho a sua edição picotada bastante charmosa. O boneco da autópsia do Tobin Bell ficou idêntico, não? Mas a autópsia do ET no Fantástico nos anos 90 foi mais assustadora.

Deve ser a última vez que Darren Lynn Bousman dirige um filme da série pois JM4 foi vendido como sendo o final. Mas será mesmo? Dizem que tantas coisas foram deixadas abertas (eu só lembro de uma) para continuações. Está virando quase uma rotina ter um JM no fim de outubro. Posso estar sendo (ou querendo ser) iludido pela máquina caça-níquel mortal mas uma vez por ano não machuca. Eu queria tanto começar a falar mal de JM mas não foi desta vez. Os críticos foram impiedosos. Sinto uma solidão tão grande nestas horas. Ninguém para compartilhar as minhas idéias?

Só por curiosidade, O Iluminado do Kubrick é meu horror preferido de todos os tempos.

Editado: Parece que mais duas continuações já estão confirmadas. E não estou nem aí. A questão é que eu não levo JM a sério por isso é mais fácil ficar entretido. Talvez o primeiro tenha tido realmente um papel pois criou uma nova fórmula de terror que foi copiada. Não é para esperar algo do nível de O Iluminado, Carrie, Psicose ou O Bebê de Rosemary. É pura diversão sem ter obrigação de ficar pertubado. Se enxergo Jogos assim, não tenho porque ser tão ruim.

Nota: 7,0

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A segunda vez consegue ser melhor

Fanfarrão: adj. e s. m., que ou aquele que alardeia valentia, sem a ter. Acho incrível quando um filme consegue atingir o nosso dia-a-dia. São as pessoas próximas repetindo diariamente frases do filme, colocando as músicas ressucitadas como toque de celular, etc. E o melhor de tudo é que é um filme nacional. Sabem por que a Sony fez a primeira pré-estreia de Homem-Aranha 3 no Japão? Porque as produções japonesas foram as mais lucrativas em 2006 naquele país. Hollywood precisou reverter a situação já que o Japão é o segundo maior mercado do planeta. Imaginem se o Brasil estivesse diretamente nesta rota de imperialismo. Por isso é gratificante quando um título local consegue ser a maior atração, mesmo que temporariamente, e deixar de lado os produtos estrangeiros.

A segunda vez de Tropa de Elite foi ainda melhor que a primeira. É um filmaço que diverte, impressiona e faz refletir. Quando assisti em casa, as cenas de violência e aqueles gritos do Wagner foram mais chocantes. No cinema, já estaria acostumado e acabei percebendo que o filme contém também cenas muito engraçadas como aquela da granada na mão do André Ramiro. Agora eu posso afirmar que Tropa e O Ultimato Bourne são os meus preferidos de 2007. Até irei aumentar a sua nota no final do post. Não que ela seja importante, é apenas um valor simbólico que pode sofrer influências de fatores externos cada vez que você assiste o mesmo filme.

Quando você ler no trailer que a versão do cinema é a verdadeira, saiba que é enganação. Eu nem estava ligando para isso porque iria ver de qualquer jeito. Mas é divertido ver gente se achando no direito de reclamar da versão final por ser a mesma que assistiram em casa. Estima-se que mais de 1 milhão de cópias foram vendidas. 1.278.305 de pessoas já viram nos cinemas. Até que ponto a pirataria vai influenciar o número de espectadores não se sabe. Por enquanto, Tropa vai indo muito bem.

Nota: 9,5

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Supergreat

Não esperava assistir Superbad - É Hoje tão cedo porque Ligeiramente Grávidos demorou semanas para chegar aqui. Então fui ver a nova comédia da Apatow Productions (dirigida pelo Greg Mottola de séries de TV) sem sequer ter visto o trailer. Embora eu goste de ver trailers, vale a pena não assistir o de Superbad. Quando cheguei em casa já sentindo falta do filme e rindo ao relembrar algumas cenas, dei uma olhada no trailer no youtube e duas das minhas piadas preferidas estavam lá. Não sou um especialista em comédias adolescentes, até porque é um gênero que não tem atrativos. Mas eu sabia que Superbad seria diferente. É só olhar quem são os responsáveis e ler uns comentários por aí que você vai vê-lo com as melhores expectativas possíveis. E o lado negativo disto é que você pode criar falsas esperanças. Eu adorei de verdade o filme, só queria que fosse mais hilário do que já é.

Seth Rogen e Evan Goldberg escreveram o roteiro (até que ponto é autobiográfico?) e emprestaram seus nomes aos protagonistas da história sobre estes dois amigos inseparáveis que procuram a última chance para se tornarem experientes sexualmente antes de chegarem à uma faculdade. Jonah Hill (Ligeiramente Grávidos) e Michael Cera (da série Arrested Development) fazem os dois amigos e eles conseguem transmitir tamanha sensibilidade com suas atuações que tornam seus personagens verdadeiramente humanos mesmo com os seus diálogos escrachados. É justamente esta falta de pudor (falei isto para Grávidos também) e a sinceridade que inovam o gênero e o torna superior ao seu semelhante American Pie que eu nunca tive disposição para encarar por completo. Lembro de ter assistido parte do primeiro da série há alguns anos em um quarto de hotel. Superbad não é engraçado de forma constante mas é exageradamente hilário em pontos isolados. Deve ser pela falta de experiência do Seth e do Evan para escrever roteiros cinematográficos já que ambos escreviam apenas para a TV.

Christopher Mintz-Plasse, que fez seu primeiro trabalho como ator aqui, é o amigo nerd-retardado da dupla. E não demora para você entrar em seu mundo. A cena em que ele apresenta a sua carteira falsa para conseguir bebida alcoólica é uma das minhas preferidas. Uma pesquisa no Google sobre "McLovin" só retorna resultados sobre o Superbad. A partir de um certo momento, o filme segue duas subtramas. Uma delas é o McLovin com os dois policiais. Seth Rogen faz um dos tiras. Uma outra das minhas cenas preferidas é o interrogatório que os dois policiais fazem à moça da loja. Uma parte dela está no trailer.

O título Superbad faz referência ao fracasso dos garotos na tal última chance antes de acabarem o "High School". Era de se esperar o fracasso durante as quase duas horas do filme que também aborda o final da adolescência e a nova etapa na vida de cada um. É um assunto assustador e tão deprimente. Este é o clima do final. É um ótimo contraste de emoções. Você passa o filme todo descontraído para receber uma pancada no final. Senti algo parecido em E Sua Mãe Também quando Gael e Diego se cruzam pela última vez. A parte em que o Jonah e o Michael encenam todo aquele romance deitados é tocante. Eu confesso que queria rir mas não deveria. Fiquei confuso naquele momento. Felizmente não precisei ouvir ninguém murmurar "Huummmmm".

Estou morrendo de vontade de comentar as outras piadas que me fizeram rir. Mas é melhor provar esta comédia como eu fiz. Você aproveita muito mais. Rir sem vergonha alguma. Torço para que este jovem elenco faça muito sucesso ainda e tenha cuidado com os projetos que aparecerem. Eles não merecem ter o mesmo estilo de vida que o elenco do High School Musical.

Nota: 8,5

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Extreme Makeover: Reconstruindo a Mãe-Natureza

Sem pensar duas vezes, Nunca É Tarde Para Amar foi a pior coisa que presenciei numa sala de cinema em 2007 até agora. E acabei de descobrir que a estréia americana e em outros grandes países ainda não aconteceu. É por isso que o seu título original I Could Never Be Your Woman era tão estranho para mim. Fui ver o que os críticos acharam desta coisa mas só há dois míseros registros no RottenTomatoes. Só tomei conhecimento de sua existência há quatro semanas quando estreou em primeiro lugar aqui no Brasil. Deve ter sido a primeira vez que eu não conhecia o campeão tupiniquim de público no fim de semana. É uma comédia romântica com a Michelle Pfeiffer e o Paul Rudd que também estava no meu último filme Ligeiramente Grávidos. A Michelle é o rosto mais presente nas salas nacionais já que participa de três filmes atualmente em cartaz. Os outros dois são Hairspray (quero muito assistir mas não entrou na cidade ainda) e Stardust.

Como o próprio nome diz, nunca é tarde para amar porque a Michelle faz uma quarentona que está solteira há 10 anos e irá redescobrir o amor com um rapaz mais jovem. Ela também conversa com a Mãe-Natureza! Sim, é uma espécie de diabinha que tenta convencê-la de que está muito velha para fazer certas coisas e deve se concentrar apenas na filha que é sua versão mais jovem. A Mãe-Natureza prega a expurgação do mal do planeta, isto é, a eliminação dos humanos de mais idade para que os seus descendentes jovens possam trazer a paz. O filme discute o culto à beleza - sem a Cher - então você vai ouvir muito peelings e liftings. E também paródias que fazem críticas a Paris, Nicole, Lindsay, Bush... Hã? Realmente é uma comédia romântica que se tornou uma bagunça. Não é só pegar uma música da Alanis Morissette, mudar a letra e achar que fez uma crítica maneira ao presidente americano. Você tem que mostrar autenticidade e originalidade senão vai cair em clichês que é o que acontece neste filme da Amy Heckerling (As Patricinhas de Beverly Hills). Quantos artistas já não fizeram isto? O Green Day (ou "Dia Verde" como a legenda colocou) fez um ótimo trabalho em 2004 mas eles não foram os primeiros e nem serão os últimos. Eles tinham um diferencial.

Acho que este gênero deve ser apenas descontraído, não? O verdadeiro lado da comédia romântica tenta ser reforçado pela química entre o Paul e a Michelle que não é tão forte e pela filha dela que já não quer mais brincar com as barbies. O Paul é a graça do casal e possivelmente a do filme todo. O roteiro é tão ruinzinho. As situações são ao acaso e parecem não levar a lugar algum. Há tantas coisas batidas. O casal faz guerra de comida, os dois pulam na cama, armam para eles se separarem e tem o evento musical no final que não poderia faltar. O momento mais simpático é a simples resolução do mal entendido com a foto da outra no celular do Paul. Esta é a primeira tentativa de acabarem com o romance que felizmente não deu certo e isto dá um gás na história. A segunda tentativa funciona. É o tipo de produção em que os erros de gravação são mais divertidos.

Nota: 3,0

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Os perigos de uma promoção no trabalho

Até que O Virgem de 40 Anos não é ruim e a mais recente comédia do Judd Apatow segue o mesmo estilo. Gostei um pouco mais de Ligeiramente Grávidos. Acho interessante como o Apatow consegue dar um tom mais maduro, talvez pela ausência de pudor, na abordagem de assuntos como virgindade e gravidez que eu não normalmente não veria a mínima graça. É claro que o filme está cheio de baboseiras atráves do humor físico mas gostei de algumas delas como o Paul Rudd imitando o Robert De Niro. São os personages e suas transformações que fazem o filme valer a pena. Saí da sessão me identificando com alguns que nem gostava no começo e convencido de que a história não contém nenhuma situação exagerada.

Seth Rogen e Katherine Heigl (Grey's Anatomy) protagonizam este. Seth faz um rapaz de vida simples e fácil (seria injusto chamá-lo de vagabundo) e a Katherine acaba de ser promovida e irá apresentar o E! News Live. Os dois se conhecem numa boate, se empolgam e fazem tudo o que têm direito naquela noite. Cada um segue seu caminho depois. Oito meses depois, ela descobre... isso mesmo. A partir daí, iremos entrar na jornada dos pais de primeira viagem até o dia do nascimento. O filme não é somente comédia - ainda bem porque ele não é tão engraçado como pretende ser. Há momentos tão ternos. A cena em que o Seth pede a Heigl em casamento é de uma sinceridade incrível por mais estúpido que ele tenha parecido antes. O roteiro é muito longo, chega uma hora que cansa mesmo mas a gente sabe que o grande momento vai compensar. Lê-se "o grande momento" como "parto". É o momento que faz a gente repensar tudo o que assistiu e aceitar como duas pessoas tão diferentes podem viver juntas. É quando o casal da história esquece as desavenças. Porque antes de ficarem juntos, tem que haver a separação. As melhores piadas são as verbais mas não lembro de nenhuma que tenha sido marcante. Acho que vale citar quando o Seth brinca com as filhas da irmã da Katherine e as duas comentam como ele parece tratar as meninas como cachorros.

Eu descobri há uns meses que o primeiro trabalho no cinema da Katherine Heigl foi um filme que ela fez com 14 anos chamado Meu Pai Herói e era a filha do Gérard Depardieu. Foi curioso porque já tinha assistido no SBT, eu acho. É um em que ela inventa que o seu pai é o seu amante num hotel onde estão de férias. Eu gosto quando uma equipe que faz um filme se junta para fazer outros. O Seth fez um papel coadjuvante no Virgem, virou protagonista em Grávidos cujo um dos amigos virou protagonista de Superbad que é produzido pelo Apatow e escrito pelo próprio Seth. Estão fazendo uma revolução neste gênero de comédia. Será que podemos acusar o Apatow de nepotismo? Pois ele colocar toda a família para trabalhar em seus filmes.

Nota: 7,5

sábado, 22 de setembro de 2007

A Caveira da Pirataria

Acabei de assistir Tropa de Elite, o filme #1 da lista dos mais vendidos nas barraquinhas populares de todo o país. Só para esclarecer, eu nem sei de quem era o disco mas estava a minha disposição e não hesitei. Não me orgulho de já ter assistido até porque irei vê-lo no cinema novamente. Não tenho problema algum em dizer que faço questão de pagar o ingresso e sou cliente assíduo da locadora. Sou colecionador de DVD e só tenho original. Nunca um filme nacional foi "comercializado" antes do seu lançamento e a situação cresceu de tal forma que só vem aumentando sua popularidade. É o filme brasileiro mais polêmico do ano, teve sua primeira exibição oficial na abertura do Festival do Rio e, acredito eu, terá o maior número de espectadores depois de 2 Filhos de Francisco mesmo com a pirataria. É claro que o fato de terem divulgado que a versão pirata não seria a definitiva não vai ser o responsável pelo sucesso do filme porque o resultado final só tem 4 ou 5 minutos a mais. E parece que o desfecho é diferente? Evitei entrar em detalhes. Tropa de Elite (ou Elite Squad como será divulgado internacionalmente, a versão do DVD já vem até com as legendas existentes em inglês) seguirá os mesmos caminhos de Cidade de Deus e Carandiru, ou seja, será sucesso garantido.

Com cenas de violência repulsivas, Tropa mostra a corrupção da polícia militar e o desafio do BOPE contra os traficantes das favelas do Rio de Janeiro. O roteiro está bem estruturado e teve contribuição de Rodrigo Pimentel que já foi capitão do BOPE. Tal posto é assumido pelo Wagner Moura que busca um policial capaz de ocupar o seu cargo ao mesmo tempo que dois aspirantes com linhas de raciocínio distintas iniciam suas atividades. Achei que o José Padilha não conseguiu atingir o ponto perfeito de realismo em todas as cenas. Enquanto alguns momentos são absurdamente realistas principalmente pelo trabalho impressionante do Wagner, outros pecam pela falta deste elemento talvez pela inexperiência do elenco coadjuvante jovem. Coincidentemente, a edição de hoje de um jornal local trouxe em sua matéria de capa uma manchete sobre o abuso de poder do BOPE. Tal questão sobre autoritarismo também é abordada no longa através de uma discussão numa faculdade de Direito que é frequentada por um dos policiais aspirantes. Eu gostei do conflito psicológico ao qual este policial será submetido e da parte em que ele espanca o rapaz no protesto burguês contra a violência. Mas a gente pode pensar que o filme é do ponto de vista da polícia e, de fato, é. Só que ela não sai bem na fita por causa dos acordos com os traficantes e do treinamento humilhante para se tornar um combatente da Caveira, por exemplo.

Tropa tem um apelo para um público de faixa etária bastante variada. Nas cenas de tiroteios, eu só lembrava dos psicóticos de lan house que viram a noite no Counter Strike. O filme é um prato cheio para eles e ainda está recheado de palavrões e torturas. Mal posso esperar para vê-lo novamente na tela grande e espero compreender alguns diálogos que não consegui entender. Parecia outra língua.

Nota: 8,5

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

David Morse como vizinho? Deus me livre!

Por alguma razão que eu não mais lembro, fiquei com vontade de assistir Paranóia na época em que ele estreou nos Estados Unidos há uns meses. Quando finalmente entrou nos cinemas daqui, onde foi parar meu interesse? É sério, só fui ver mesmo por "obrigação". Devo ter me empolgado porque ele recebeu críticas favoráveis e diziam que era protagonizado por um jovem astro em ascensão que eu nunca tinha ouvido falar, um tal de Shia LaBeouf. Só que Transformers, cujo trailer eu odiava cada vez mais que passava, chegou antes no país e também tinha o tal do LaBeouf. Minha implicação com ele começou por aí. Descobri agora que sua carreira um pouco discreta até então já vai fazer dez anos e ganhou um prêmio em Sundance no ano passado. Iremos vê-lo bastante ainda. Indiana Jones em andamento, não é?

Então fui assistir a Paranóia do LaBeouf sem esperar nada. E ainda bem! Assim foi mais fácil suportar o primeiro terço do filme que eu odiei pra valer. Não quis acreditar que teria que ver drama adolescente antes. O suspense demoraria a vir. O Shia é o típico adolescente descolado americano e usa camisa dos Ramones com a cueca aparecendo. O filme começa com ele e seu pai numa pescaria, aquele blá blá blá para se divertir e conversar certos assuntos sem a presença da mãe (Carrie-Anne Moss). Eles se envolvem num acidente na volta para casa e o pai morre. O Shia ainda está arrasado um ano depois. Ele nem consegue prestar atenção nas aulas de espanhol e o seu professor acaba fazendo um piadinha. Shia dá um soco nele e irá passar três meses em prisão domiciliar com um localizador GPS no tornozelo que o impede de sair de casa. A mãe cancela as contas dele do X-Box e do iTunes e ainda corta o cabo da TV para ficar sem pornografia. O que fazer agora? Exercer seu voyerismo, ué, e melhor ainda, com a nova vizinha loira gostosa. Observá-la nadando na piscina, fazendo alongamentos... o que há de melhor? Sem contar que o Shia é um bom camarada porque vai dividir a visão da loira com seu amigo tarado japonês que vem visitá-lo. A garota ficará amiga da dupla e os três começarão a observar um vizinho que acham ser o responsável pelo desaparecimento de mulheres.

Começou o suspense. E mesmo assim é aquele estilo desgastado. Em um momento a música vai aumentando, algo terrível vai acontecer, o público vai se assustar. Ah, alarme falso. Mas ainda tomei dois grandes sustos. Um foi quando a Carrie-Anne aparece atrás do Shia. Mas como o filme não mete medo, dez segundos depois eu estava rindo por causa do susto. O melhor momento foi quando a câmera se aproximou do vizinho suspeito revelando que era o David Morse!! Eu, pelo menos, só percebi que era ele neste momento. Havia uma comunidade no orkut de pessoas que morriam de medo dele e a descrição era muito divertida. Tá, o David dá medo no filme mas é só ele. O segundo grande susto que tomei foi justamente quando ele apareceu na frente do carro da vizinha loira no estacionamento do supermercado. O clímax acontece numa casa escura com o Shia andando devagar, investigando o lugar, abrindo passagens secretas. Há relâmpagos do lado de fora. A gente sabe o que vai acontecer. Não digo que é filme de Sessão da Tarde porque tem um dedo no final mas é de Tela Quente. E, é claro, o protagonista pega a vizinha no final. Eu gostei quando ele explica porque observa os vizinhos dizendo que é para entender a vida, etc. Pensando melhor depois, vi que ele é um grande mentiroso. O que é que se tem para entender vendo a moça nadando na piscina, hein? O único momento em que me identifiquei com ele foi quando a garota ameaçou jogar o iPod dele na piscina e ele disse que iria perder 60 GB de sua vida. E falando em tecnologia, foi a primeira vez que vi o YouTube sendo mencionado no cinema. Paranóia não funciona como drama e nem comédia. E ainda insiste em tirar sua atenção com aqueles microfones que não param de aparecer no topo da tela.

David Morse é o destaque do filme. Foi a primeira vez que vi o LaBeouf atuando e achei que fez bem o que tinha que fazer. É um papel que qualquer um de American Pie faria sem problemas. Vamos esperar para algo mais sério no futuro o que deve demorar. Sem maldade, é impressão minha ou a Carrie-Anne não entraria mais nas roupas de látex da Trinity?

Nota: 6,0

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Se minha patroa tivesse um amante...

Fiquei com muita vontade de ver Primo Basílio quando assisti o trailer antes dos Simpsons. E felizmente entrou em cartaz aqui. Eu não vi nada novo na semana passada porque não soube qual era o menos pior: Licença Para Casar com a Mandy Moore ou A Volta do Todo Poderso. Na dúvida, fiquei em casa. Em compensação, assisti no feriadão um dos filmes de 2006 que eu mais queria ver e ainda não vi. O Prestígio (também conhecido como O Grande Truque). Dreamgirls, Filhos da Esperança e O Labirinto do Fauno são os restantes da lista. Vamos ao primo, adaptação do romance de Eça de Queiroz. Gostei muito até uma certa parte que corresponde um pouco mais da primeira metade. Depois exploram outros aspectos que tiram o charme da primeira metade que é a infidelidade e deixam o filme interminável. Acho que até ri onde não deveria.

O elenco Global da vez fica por conta de Débora Falabella e Reynaldo Gianecchini que fazem o casal romântico no final dos anos 50 que prega a fidelidade acima de tudo. Fábio Assunção é o primo e futuro amante da Débora. O casal ainda tem duas empregadas protagonizadas por Glória Pires e a sempre ótima Zezeh Barbosa. Laura Cardoso que eu pensava não estar mais viva ainda faz rapidamente duas cenas. A história é mais ou menos assim. Basílio (Assunção) chega em São Paulo da Europa. Ele e Luísa (Falabella) irão começar um ardente relacionamento enquanto seu marido está em Brasília trabalhando. Juliana (Pires) descobre a traição da patroa e usará isto para tirar dinheiro e ter uma aposentadoria decente. Na verdade, é mais uma vingança porque Juliana foi sempre maltratada por Luísa. O que gostei começa quando o filme deixa o público ansioso pela traição. A Débora sempre parece tão novinha e já está chegando aos 30. Acho que ela representa o desejo erótico do público feminino de ter o Fábio Assunção. E como o Gianecchini está fazendo um sotaque muito irritante, será mais fácil suportar o Assunção mesmo com seus verbos em segunda pessoa do singular. As cenas de amor entre os primos é de um erotismo belíssimo e intenso. Você sente as pessoas ao seu redor sem respirar. Os únicos momentos em que achei a Débora exagerada foram nas cenas em que ela se irrita com a Glória. O inverso se tornaria divertido depois. Há anos que eu parei de assistir novelas e Primo Basílio me fez relembrar aquela época. Há algumas características de dramalhões. A descoberta da traição pela empregada seria como o assunto dos próximos capítulos. A chantagem está no ar.

Quando Gianecchini volta de viagem (sem sotaque!) e o Assunção volta para a Europa, o filme se perde um pouco. A relação com o amante era muito mais interessante do que com o marido. As cenas em que a Glória dava o troco na Débora, pelo menos, quebravam o clima maçante. Eu posso estar exagerando mas acho que demorou muito para sabermos se o marido iria descobrir a traição. Era a única coisa que o público queria saber depois do seu retorno.

Eu fiquei impressionado com o número de idosos na sala. Acho que para eles era como estar em suas residências assistindo a novela das oito. Foi muito simpático quando três senhoras de cabelos brancos entraram, andando devagar até acharem onde sentar. As freguesas do Baú merecem um momento de diversão.

Nota: 7,5

sábado, 1 de setembro de 2007

Bourne > Hunt + McClane + ... + Bond

Elogiar O Ultimato Bourne é quase uma redundância. A série foi finalizada com chave de ouro e mostrou como é possível fazer um filme de ação respeitável. Dizem até que Ultimato define o novo padrão para os futuros filmes de ação. Minha admiração começou há poucos meses quando aluguei Identidade e Supremacia. Dias depois, eu confesso, não lembrava mais tanto da trama. Mas e daí? O filme não vai deixar de ser ótimo por eu não lembrar das pessoas que o Jason matou ou das suas missões. Se você lembra da informação básica e dos personagens principais então está apto a ver Ultimato sem se perguntar o que está acontecendo. Naturalmente há pedaços do quebra-cabeça faltando mas é só assistir os anteriores de novo que resolve.

Matt Damon retorna no papel para descobrir o que o levou a se tornar Jason Bourne. Dizer que sua falta de memória é psicológica não estraga nada porque se você já conhece a essência da história, nenhum desfecho será mirabolante. Jason não seria tampouco fruto de experiência científica. Acho incrível como aqui as cenas de ação não são aleatórias, elas definem o protagonista. Finalmente assisti a trilogia Missão Impossível no último fim de semana e chega um momento em que você não aguenta mais o Tom Cruise batendo nos vilões. É barulho e pancadaria gratuita. A direção de Paul Greengrass que também dirigiu Supremacia dá um charme a todas aquelas perseguições automobilísticas, por exemplo. E o Jason é muito criativo na hora das pancadas. O que dói mais? Bater com o punho diretamente no rosto do adversário ou apoiar um livro no rosto dele e socar o objeto? Acho que sem o livro machuca mais. No entanto, Jason usa o livro. Mas a gente perdoa. Sua indestrutibilidade pode ser divertida para alguns mas a maturidade da franquia anulou qualquer riso meu nas cenas que possam ter parecido exageradas. Roteiro, edição e trilha sonora tornam a experiência mais agradável ainda. Sou agradecido principalmente pelos efeitos sonoros e trilha que silenciaram um grupo de adolescentes que só tinha ido para pertubar, pessoas com distúrbio de insegurança que precisam mostrar aos outros sua existência. Foi a pior platéia que já peguei e justamente na minha volta a uma sala de cinema do Shopping Iguatemi. A última vez que estive lá foi há uns 10 anos para ver O Exorcista quando foi relançado e espero agora vencer a preguiça de ir lá e aproveitar os filmes que só entram ali. O próximo passo será o Cine Sesi que é onde entram os filmes fora do circuito comercial.

Todo o elenco está muito bem, até a Julia Stiles com sua inexpressividade. É a mesma cara nos três filmes e isto já estava me incomodando um pouco. Ela deu uma entrevista ao David Letterman para divulgar o filme que foi muito divertida. A partir daí, eu comecei a me interessar mais pelo seu trabalho e excluindo a série Bourne, O Sorriso de Mona Lisa é o único filme com a Julia que eu já assisti. Nem lembro do seu papel nele. Então por causa desta entrevista, fiquei ansioso para vê-la no Ultimato. O seu momento mais marcante é quando ela encerra o filme dando um sorriso vendo a notícia sobre o Jason. Fiquei grudado na poltrona em estado de graça por um tempo. Eu queria somente um sorriso dela. Foi explicada a razão por ela vir ajudando o Bourne? Ela gostava dele, só pode. Achei que ela seria namorada do Jason antes de ficar desmemoriado. Se bem que esta informação também não é negada. Acho que prefiro a Franka Potente como parceira de crime dele. Mas como ela não pode voltar do mundo dos mortos... Falando nela, o Daniel Brühl (Adeus, Lênin e Edukators) faz o seu irmão numa aparição relâmpago. Só posso imaginar a função daquela cena. O meu momento preferido do Matt Damon é quando ele fala para o Noah Vosen (não lembro qual é o seu cargo na CIA mas é aquele que quer destruir o Bourne) que se ele (Noah) estivesse no escritório, ele (Jason) estaria cara-a-cara com ele (Noah). Não faltou vontade de levantar e gritar.

Se Ultimato não fugir à regra, devo esquecer a trama nos próximos dias mas a memória de que é algo extraordinário não se apagará.

Nota: 9,5

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

"Ninguém gosta dos Simpsons"

Faltando cinco minutos para o início da sessão, só haviam três pessoas na sala. Foi quando entrou um casal com sua filhinha que percebeu o ambiente e soltou: "Ninguém gosta dos Simpsons!". A maioria das pessoas que vai ver Simpsons deve ser como eu, conhece o desenho e seus personagens mas não acompanha assiduamente pela TV. Nem consigo lembrar se já assisti algum episódio completo. Não é que eu não goste, é apenas pela falta de hábito. Assisti recentemente o trecho de um muito engraçado que satirizava a Igreja Católica. Gostei muito do filme. Eu aproveitei este do começo ao fim diferentemente de Ratatouille e é muito melhor do que Shrek Terceiro. As piadas de Simpsons estão colocadas nos lugares perfeitos, é um antiamericanismo divertido que não acaba mais. Brincam com o governo, a polícia, o cidadão alienado... é um humor negro agradável.

O começo por si só já valeu boa parte do ingresso que os otários compraram. Homer pergunta o porquê de pagar por algo que se pode ver de graça. A provocação foi feita (237 torrents no Mininova) e o filme continua com um show do Green Day. O lago de Springfield está tão contaminado que a cidade é posta sob uma cúpula que a isola do restante do país. O Exterminador do Futuro é o presidente dos EUA cuja função é decidir sem pensar. A família Simpson consegue escapar e depois irá retornar para tentar salvar os outros habitantes porque a cidade vai ser destruída pelo governo. Lembrei de Os Incríveis por causa dos problemas familiares abordados intensamente aqui: Bart queria outro pai, Homer e Marge passam por crise conjugal, etc. Os Simpsons também faz referências divertidas a outros filmes incluindo o recente Uma Verdade Incoveniente o que mostra que o trabalho no roteiro iniciado em 2003 prosseguiu com mudanças até em cima da hora. Imagino que uma sequência demore a sair. Há algumas coisas que ficaram sem explicação. O que era aquele bicho de muitos olhos? E qual foi o destino do porquinho de estimação? Esta criatura colocada na história merecia um final pelo menos. Eu sei que existe alguma coisa nos créditos finais. Há uma parte em que uma frase exaltando o futebol brasileiro é dita. Desconfio que sejam os dubladores aprontando. Já ouvi um caso de que na série da TV isto já aconteceu.

Achei curioso ver a garotinha que reclamou da ausência de pessoas assistir um filme com piadas sobre pênis, masturbação e índia de seios grandes. Sem falar que aqui ainda passou o trailer de Primo Basílio. Ela errou ao dizer que ninguém gostava dos Simpsons. A sala se encheu mais em seguida e percebi que todos se divertiram. É recomendável. Um problema de trailer de comédia é que piadas são jogadas antecipadamente. Vi tantas vezes o Porco-Aranha que no produto principal perdeu a graça, ri mais com o Harry Porco.

Vou voltar a colocar títulos nos textos. A outra opção era "1001 maneiras de cobrir a torneirinha do Bart".

Nota: 8,0

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Sem Reservas

Chegou mais uma refilmagem americana de um filme europeu. Só para citar um exemplo, aquele Táxi de 2004 com Jimmy Fallon, Queen Latifah e Gisele Bündchen é uma refilmagem do francês de mesmo nome. Sem Reservas é baseado no alemão Simplesmente Martha. Quase sempre os originais são melhores (estou confiando na opinião de quem já assistiu). Não vou dizer que este é ruim porque eu ficava com aquele sorrisinho em boa parte do filme e queria assisti-lo principalmente para ver a Abigail Breslin, a garotinha do Pequena Miss Sunshine que todos queriam levar para casa.

Catherine Zeta-Jones é uma chef de cozinha que faz terapia. Sua irmã morre e ela ganha a filha, isto é, sua sobrinha, de presente. Catherine se afasta por uns dias do restaurante e quando retorna, encontra o lugar com um subchef temporário (Aaron Eckhart). Ele e Abigail irão transformar a vida de Catherine e todos já conhecem o final desta dramática comédia romântica. O trio está apenas bem. A química entre o casal é, pelo menos, mais aceitável do que em O Terminal onde a Catherine não tem nada a ver com o Tom Hanks. Talvez seja algum preconceito besta meu. O Aaron está agradável e divertido. Quando a câmera mostra a Abigail pela primeira vez, só ouvi os cochichos das pessoas. Ela está adorável como sempre mas me irritou em algumas partes, não é problema da atuação, é o seu papel mesmo que se torna irritante quando começa a chorar demais. Há uma cena desnecessária em que ela se zanga e sai correndo pelas ruas, quase é atropelada. Mesmo com uma história prevísivel, não é difícil ficar lá sentado vendo o tempo passar. Eu até aproveitei cada segundo. Gostei quando a Catherine leva o pedaço de carne cru para o cliente chato e ainda puxa a toalha.

E que história é essa de colocar a Abigail trabalhando no restaurante no final? Ela não deveria estar estudando? Vão perder a guarda da garota... O que eu gosto na Abigail Breslin é sua autenticidade. É só olhar a Dakota Fanning e vão perceber o que quero dizer. Dakota se comporta como adulta e parece um robô falando. É um objeto de Hollywood. Abigail é totalmente o contrário e age como alguém da sua idade. Quando perguntaram como foi filmar Sem Reservas, ela disse que foi divertido porque havia feito panquecas. Dakota teria respondido que foi uma honra ter contracenado com a Catherine Zeta-Jones. Concordo com o Alan Arkin quando disse que foi bom a Abigail não ter ganhado o Oscar.

Nota: 6,5

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Duro de Matar 4.0

A única coisa que eu sabia sobre a história de Duro de Matar era que o personagem do Bruce Willis se chamava John McClane, e só descobri há poucos dias. Dá para perceber que nunca assisti nada da série antes. Acho que este tipo de ação protagonizada por um policial, agente da CIA, etc nunca esteve entre as minhas preferidas (Há uma exceção. Jason Bourne com sua identidade e supremacia). Até hoje nunca vi um Missão Impossível e quando tentei ver o primeiro há umas semanas, dormi. Meu primeiro James Bond foi o Cassino Royale de 2006. Então como eu não queria ficar três semanas consecutivas sem ir ao cinema, fui conferir o 4.0. Esse "4.0" do título nacional parece que é para enfatizar a era da computação. Há uma piadinha interessante em que o Bruce cobre uma câmera com a mão para não ouvirem o que ele fala. O último filme é de 1995, acredito que não haviam ainda introduzido todos esses aparatos tecnológicos e o nosso policial duro de matar ainda não se modernizou, está sempre controlando os namorados da filha.

A produção cumpriu seu objetivo. Muitos tiroteios, perseguições, lutas, carros, caminhões, helicópteros... o que Hollywood sabe fazer bem. E não é que o resultado final é muito bom? Eu me diverti, fiquei aflito e levei sustos. O roteiro não deixa o filme cansativo em nenhum momento. O Bruce vai investigar um grupo terrorista que pretende fazer um ataque cibernético controlando os meios de comunicação, transportes e energia elétrica dos Estados Unidos começando com a implantação do medo na população, algo parecido com o que o Bush fez após o 11/9. Bruce terá como parceiro o hacker que implementou o algoritmo de invasão dos sistemas interpretado por um rapaz chamado Justin Long. O chefe da quadrilha de terroristas é feito pelo Timothy Olyphant. Não conheço nenhum dos dois mas eles estão muito bem no 4.0, só não gostei muito do Cliff Curtis que faz o chefe da Divisão de Investigação Cibernética do FBI, algo assim. É o tipo de ator que já vimos antes mas não lembramos onde. O IMDB me diz que o conheço de Um Crime de Mestre e Encantadora de Baleias, ele fez o irmão da Keisha Castle-Hughes se não me falhe a memória. O Bruce continua em forma para este tipo de trabalho se bem que não estou lembrando de cenas que tenham exigido grande esforço físico, me recordo mais das milhares de vezes que ele fala sussurrando como se fosse um policial que não aguenta mais o batente. O filme tenta explorar a relação dele com a filha mas sem sucesso. A garota não quer vê-lo nem pintado no começo, basta ficar presa num elevador e a primeira pessoa com quem ela quer falar é o pai. Como assim? Eu teria gostado se ela respondesse que queria falar com o não-namorado, afetaria mais o Bruce e o público também. Um vício desses filmes é querer fazer casais, eu tentei acreditar que não haveria nada entre o jovem hacker e a filha do McClane. Os exageros também estão lá, o mais divertido é a quantidade de cabelo que o Bruce arranca da mocinha da quadrilha. A coitada apanhou tanto.

Os efeitos especiais deixam a desejar em alguns momentos sendo até inadmíssiveis. A direção fica por conta do Len Wiseman que tem na bagagem coisas como Godzilla, Homens de Preto e Independence Day onde só trabalhou no Departamento Artístico, mesmo assim é experiente em destruir os Estados Unidos.

Nota: 7,5

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Ratatouille

A cabeça estava um pouco longe quando assisti Ratatouille então não acabei aproveitando quanto eu queria, inclusive dormi em uma parte. Mas acredito ter captado a essência desta animação que é o filme atual mais elogiado pela crítica americana. Ele não é tão comercial, está tendo uma passagem razoável pelas bilheterias e não vai chegar nem perto dos números de Procurando Nemo. Ratatouille e Os Incríveis devem ser as animações mais maduras da Pixar. Antes do filme, um curta bem simpático é exibido. Os ratos só vêm depois. Eu não me diverti tanto quanto outros da platéia mas o saldo do filme é positivo.

A história principal é sobre um ajudante desajeitado e um rato que irão formar uma dupla de cozinheiros de sucesso. Algumas subtramas são desenvolvidas também envolvendo um famoso cozinheiro, um crítico e os parentes do rato principal Remy que é fascinado pela habilidade de cozinhar dos humanos. Há três momentos que eu considero as melhores partes. Uma é quando o rato consegue arrumar uma forma de controlar o jovem ajudante já que humanos e ratos não falam a mesma língua. A segunda parte começou quando meu cochilo acabou. É o ápice do filme, todos aqueles ratos trabalhando na cozinha do restaurante. Quando eles trazem o inspetor da vigilância sanitária amarrado é hilário. E a terceira é a leitura do novo texto do crítico culinário acabando com um "Surpreendam-me" ao som da música de Michael Giacchino (que já compôs para Lost). Por eu não ter estado tão ligado no filme, não me recordo exatamente das frases deste texto. Só lembro naquela hora de ser atingido por aquelas palavras. Vou aguardar o lançamento em DVD para ver de novo.

Todo o filme é bastante sincero e inocente. Faz esquecer que na vida real você odeia as criaturas que estão na tela. Eu não. Já vi gente reclamando que rato é sujo e deve ser exterminado mesmo. Mas de quem é culpa por eles serem assim? De quem é o lixo?

Nota: 8,0

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix

O mês de julho está praticamente na metade e Harry Potter e a Ordem da Fênix foi o primeiro filme que vi este mês. Não vou alcançar a marca dos dezoito filmes que assisti em junho. Antigamente eu era suspeito para falar de Harry Potter. Hoje estou mais equilibrado. Eu digo isto porque mesmo tendo a cotação mais baixa de um filme da série nestes sites que calculam uma nota baseada em várias críticas, consigo concordar que é bastante justa. Ela não é ruim de maneira nenhuma (74 no Rotten Tomatoes). É até a melhor cotação das sequências de ogros, piratas e super-heróis lançadas em 2007. Eu não vou reclamar de nada relacionado ao fato de várias passagens do livro terem ficado de fora do filme. O roteiro do Michael Goldenberg ficou bem enxuto assim como o do Cálice de Fogo (Steve Kloves). Ele é ágil mas contém falhas. Achei a primeira metade o grande problema. A segunda consegue se erguer mas não o suficiente para não acharmos que sentimos falta de alguma coisa.

O filme começa estranhamente com Harry se torrando num playground no meio do nada sob um sol escaldante. Aí seu primo com uns colegas chegam e parecem ter saído de um clipe do Eminem. Não se enganem mas é um filme do bruxinho (sic) sim porque os dementadores logo aparecem. Os Dursley estão exageradamente repugnantes. Ainda bem que a participação foi rápida. Não é incoerente o Harry ser punido por ter executado magia na presença de um trouxa enquanto um bando de bruxos velhos voam livremente desviando de embercações na presença de trouxas? Ou toda a sua punição foi somente por ser menor de idade? E como é que seis adolescentes conseguem penetrar sem obstáculos nos lugares mais secretos de um lugar chamado Ministério da Magia? Eu mereço algum desconto pois faz tempo que li este livro.

A primeira metade do roteiro é problemática por ser muito episódica: ataque dos dementadores, casa dos Black, audiência, Dolores Umbridge e Armada de Dumbledore. Depois que introduzem estes elementos, o restante flui mais agradavelmente. O filme tem seus melhores momentos quando faz rir, é um ótimo entretenimento. Os efeitos especiais são um espetáculo à parte, excluindo possivelmente o gigante que não vi muito seu rosto porque s fotografia deixou a cena muito escura. Não é que o aspecto político, por exemplo, a grande novidade desta parte, não seja interessante mas acho que o filme sofre por ser baseado num livro que eu não considero tão cinematográfico. O quinto volume é aquele em que JK Rowling ("To Júlio...", ops) trabalha brilhantemente a evolução dos personagens. Eu não percebi no filme que o Harry tenha progredido satisfatoriamente, posso mudar de opinião quando for ver de novo. Faltou aquele seu lado raivoso que tanto me irritou no livro mas não vou reclamar porque lá no começo eu disse que não iria mencionar sobre fidelidade livro/filme. O que eu quero dizer é que o material para fazer este filme possui características mais importantes do que batalhas, cavalos alados e gigantes. Sem desmerecê-los. A cena da audiência é entediante. Já o primeiro encontro com os futuros membros da AD em Hogsmeade onde Harry explica como é ter lutado contra Voldemort é muito bom. Você percebe uma causa sincera que justifica a criação daquela sociedade. Todos os encontros seguintes são bem aproveitados e o tão aguardado beijo que foi discreto durou menos do que eu esperava porque já tinha lido que duraria demais.

O elenco adulto em geral é normalmente desperdiçado, neste eu achei que a maioria teve sua importância mesmo em participações rápidas. Imelda Staunton (O Segredo de Vera Drake) transforma Dolores Umbridge em um dos personagens mais marcantes da série. Ela é terrivelmente deliciosa em todas as suas cenas desde o primeiro discurso em Hogwarts passando pelas aulas, detenções, inspeções até o seu auge na floresta. O público vibrou quando Harry e Hermione entraram na floresta com ela. Foi uma pena os centauros estarem ali para quebrar o clima daquele momento antes do encontro com o gigante. A outra novidade do elenco é a Helena Bonham Carter mas não gostei muito dela. Gary Oldman retorna com uma participação bem mais decente e sua última cena foi na medida certa. Foi muito gratificante ver Michael Gambon e Ralph Fiennes no maior duelo até agora. Talvez eu esperasse que fosse mais prolongado. Evanna Lynch foi perfeita para o papel que é um dos meus cinco personagens preferidos. A garota captou bem a essência da minha adorada Luna que é a capacidade de provocar um inocente desconforto. Minha cena preferida é quando ela está colando os cartazes à procura de suas coisas que foram escondidas. Em relação ao trio principal, Emma Watson era a minha favorita e Daniel Radcliffe o ator mais fraco quando o primeiro filme foi lançado. Após o quinto filme, os papéis se inverteram. Os três amadureceram bastante mas o Daniel é quem se sai melhor agora. E a Emma fica devendo ao Rupert.

Quando Alfonso Cuarón dirigiu Azkaban, ele deixou sua marca. Mike Newell também. Achei a abordagem do David Yates parecida com a do Mike. Quando tocava essas músicas pop/rock de bandas britânicas, eu lembrava do diretor anterior. E também devido ao ambiente libertino. Há quem não goste de flashes dos filmes anteriores adicionados mas eu gostei. Só achei um mal vício aquelas sequências de imagens para mostrar o Snape lendo a mente do Harry. Yates fez um ótimo trabalho apesar de tudo. Ele fez a Imelda dar uma bofetada impressionante no Daniel. Há uma parte bastante simpática em que o trio discute o beijo do Harry, os diálogos acabam e a cena continua com eles rindo fora dos seus personagens. Acho que isto também aconteceu no filme passado. A Ordem da Fênix é meu blockbuster preferido deste ano até agora mas nada superou a batalha dos navios no redemoinho do Piratas 3.

Nota: 7,5

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Shrek Terceiro

Pior do que assistir Shrek Terceiro é ser obrigado a ver dublado já que as duas cópias da cidade são assim. Quando vi Eragon dublado no começo do ano, achei o som um pouco baixo e não consegui entender algumas falas. Temia que estivesse deste jeito no filme do ogro. Mas não houve problemas, quer dizer, houve só um. O filme. Eu tinha gostado muito do trailer e o que gostei nele acontece bem no início do filme. Entrei em contagem regressiva para a sessão acabar. Bocejei tanto até lá. Eu só não dormi porque minha carteira caiu no chão e levei um susto. Shrek Terceiro é terrivelmente sem graça. Só ri de verdade uma única vez perto do final.

O problema dele é a falta de justificativa para ser feito. Arrecadar dinheiro não vale. A história não evolui em relação ao segundo, os personagens principais são os mesmos, as piadas... não são piadas. Eu gostei bastante do anterior mas deste não dá para tirar nenhum proveito. Odiei a parte em que o rei-sapo estava dizendo suas palavras finais, já foi tarde. E todas aquelas coisas escatológicas características quando os trigêmeos são mostrados? Tem que ter, é um dos maiores atrativos da série. A sala estava cheia de pais com seus filhotes e eles se matavam de rir. Não é triste pensar que o futuro de nossa nação (olha que clichê) cresceu chamando isto de diversão?

Graficamente, Shrek é muito bem feito. As paisagens são belíssimas mas isto só não é suficiente para o resultado final. A moral da história e todo o filme é para dizer que você pode ser diferente do que as pessoas acham de você. O próprio ogro resume o filme numa fala. "Ninguém merece."

Nota: 3,5

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Piratas do Caribe - No Fim do Mundo

É inegável que a franquia Piratas do Caribe sabe dar uma aula de como fazer um filme de ação e aventura (a qualidade dela de forma geral é outra questão). Só vi o segundo há alguns dias porque queria assistir o terceiro agora e valeu muito a pena. Eu sinto que com o primeiro houve uma preocupação maior em fazer algo que não fosse apenas um filme pipoca com as baboseiras comuns de Hollywood. Com os dois seguintes duvido que tenham se preocupado com isto! A cena em que a lula gigante expele aquela gosma no Johnny Depp no Baú da Morte é a maior confirmação. O terceiro não tem gosma nenhuma, no entanto está recheado com todos os tipos de piadinhas sem graça. Mas vou dizer que perdôo todas elas em virtude da magnífica jornada de aventura. A batalha entre os dois navios no redemoinho é de tirar o fôlego.

Nem vou tentar explicar a sinopse, é comum não captar todos os detalhes. A partir de um certo momento eu parei de querer entender. Esta complexidade até pode ser positiva porque significa que há cabeças pensantes por trás da história. Este filme é o mais longo dos três, só fiquei cansado mesmo em algumas partes no meio e ficar cansado no final é pior porque você fica querendo que o filme acabe logo. Eu detestei as alucinações de Jack Sparrow, principalmente a primeira vez quando ele bota o ovo. A Keira tirando aquela arma enorme de não sei onde do corpo também é tão desnecessário. Mas como eu disse antes, essas situações ficam ofuscadas pela grandeza de outras. Numa situação rara, os efeitos especiais me venceram. Fiquei tão envolvido com aqueles personagens que conhecemos desde o primeiro o filme, não importa o que eles estivessem fazendo mas queria vê-los em cena. Bichos inteligentes costumam ser insuportáveis mas tive que simpatizar com o macaquinho. A situação final do casal romântico Will e Elizabeth me fez ficar pensando o que são dez anos na vida de uma pessoa e no caso deles é lamentável. Eu não vi a cena depois dos créditos finais mas sei do que se trata, com certeza vale mais a pena do que as cenas dos dois filmes anteriores. Depois vejo se o youtube me mostra.

O elenco de Piratas do Caribe é a maior propaganda dele. Enquanto a série estiver forte em nossas mentes, não acredito que façam mais um sem o trio Johnny Depp, Orlando Bloom e Keira Knightley. A maior expectativa em relação ao terceiro era o Keith Richards. Eu tinha esquecido completamente da participação dele depois de uma hora de filme mais ou menos. Infelizmente seu papel é inútil ou eu perdi a importância em trazer um livro, tocar violão e mostrar a cabeça da mãe do Jack.

Nota: 6,0

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Um Crime de Mestre

Na última quarta-feira, fui ver Um Crime de Mestre ignorando totalmente Piratas do Caribe porque ainda não vi O Baú da Morte. Este thriller com Anthony Hopkins e Ryan Gosling tem seus atrativos mas senti que faltou alguma coisa. A gente sabe que o Anthony sabe fazer este tipo de papel. Já o Ryan que concorreu a um Oscar este ano não me convenceu como o jovem promotor público que ganhou 97% dos casos. Ele está apenas bem, ficou devendo algo em suas cenas mais intensas. A sinopse em si já é interessante (e vi o trailer algumas vezes). Para ser promovido, o personagem do Ryan precisa só de mais um caso para resolver. O Anthony descobre que sua esposa o está traindo com um policial. Ele mata a moça e monta um esquema para que todas as provas não sejam válidas contra ele, é o tal crime de mestre.

O filme não tem um ritmo constante. É um sobe-e-desce do começo ao fim. O começo é bastante lento e aquele piano da trilha sonora de Jeff e Mychael Danna só me atrapalhou. Serviu como o meu sonífero nos primeiros trinta minutos. Mychael participou da ótima trilha do Pequena Miss Sunshine mas em Crime ou ela causa sono ou é exagerada deixando o filme com cara de James Bond, Missão Impossível e derivados. Passados os trinta minutos iniciais, fiquei mais alerta quando veio a primeira parte no tribunal, acho que foi a minha preferida. Anthony roubou a cena e estava muito divertido. Depois um bom tempo é gasto procurando a arma do crime que não é encontrada. O espectador mais atento pode matar a charada antes da resolução.

Eu gostei do fato do filme não cair em certos clichês. A esposa do Anthony não morre com o tiro, fica numa espécie de coma. Como a arma não era encontrada, achei que ele iria sair deste estado e servir de prova contra o marido. Mas isto não ocorre. E o Ryan ganhou o caso? Foi promovido? Anthony foi para a cadeia? É o público que decide. A única coisa que não entendi foi o papel da Rosamund Pike. Devo ter perdido algo enquanto cochilei.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Hannibal - A Origem do Mal

Esta nova aventura de um dos mais famosos vilões do cinema, Hannibal Lecter, é quase ruim porém assistível. Quando estou vendo um filme que não está me agradando, torço para acabar logo. Já este Hannibal, suportei sem problemas até o final. Como o subtítulo diz, vamos conhecer a origem do mal, ou pelo menos tentar entender. A razão por ele ser assim é porque sua irmãzinha Mischa foi servida de banquete para uns soldados soviéticos durante uma guerra na Lituânia. Flashes da garota sendo levada para o abate são repetidos várias vezes durante o filme e isto foi o que me causou mais desconforto. Hannibal cresce com este trauma, estuda Medicina em Paris e depois vai atrás dos homens que mataram sua irmã. Esta é principal trama do filme que possui um texto fraco, atuações simples e não acaba convencendo. É claro que seria injusto comparar com Anthony Hopkins mas Gaspard Ulliel merece algum crédito pelo seu trabalho. Ele é francês e acredito que seja seu primeiro trabalho em língua inglesa. Ele conseguiu fazer certas expressões que eu realmente gostei. Já aquela genialidade por trás do personagem de Hopkins não existe aqui.

Quando a gente vê O Silêncio dos Inocentes, torcemos pelo Lecter porque gostamos de vê-lo manipulando a agente Starling mas não queremos ver a filha da senadora morta também. Acontece algo semelhante em Dragão Vermelho (2002). Em A Origem do Mal, torcemos pelo Lecter simplesmente porque os soviéticos são retratados como os vilões de verdade, eles são maus e comem criancinhas. Então quando o Lecter mata um deles, aquilo é um ato heróico. Se ele come as bochechas das vítimas ou as tortura é outra coisa.

Hannibal vai primeiramente à Paris atrás de um tio, lá descobre que ele já faleceu, só a esposa dele está viva, interpretada pela Gong Li. Ela vai ser uma espécie de mentora, irá ensinar a arte dos samurais e será cúmplice de Hannibal em seus crimes ajudando-o a se livrar da polícia. É um papel bem mal aproveitado.

Não sei definir o gênero do filme. Não é terror. Suspense é só em duas ou três cenas. Chamar de drama é exagero. Então não sei. Há uma cena quase no final em que o Hannibal marca o peito do homem com um M e diz "M de Mischa", aí lembrei do filme V de Vingança que até agora não vi mas tenho muita Vontade.