quarta-feira, 13 de setembro de 2006

I've seen what I was - I know what I'll be

Dançando no Escuro era o filme que eu mais queria ver há meses. Lia um comentário aqui, outro ali e eu só ficava mais interessado. Talvez seja o filme que mais fiquei interessado em toda a minha vida. Só conhecia a canção I've Seen It All. Após tanto esperar, eu consegui assistir há 10 dias. E foram logo três vezes em três dias seguidos para rever o que eu tinha gostado e para tentar achar o que eu tinha perdido.

Gostei muito. Mas como eu não sabia o que esperar dele por completo, não tem como dizer se superou minhas expectativas. A única coisa que eu sabia era que é um filme extremamente comovente. Está aí o que devo ter perdido. Não fiquei abalado como as pessoas ficaram (pelo menos 99% das pessoas que viram, e deixaram comentários pela internet e que eu li, choraram). Sim, o filme tem muitos motivos para deixar o espectador afetado, e com razão. Mas o problema foi comigo mesmo. Não senti nada.

DnE foi o segundo filme de Lars von Trier que vi. O primeiro foi Dogville. Mas só foi com DnE que conheci mais o diretor. Queria ver Dogville de novo. DnE conta a história de Selma, interpretada perfeitamente pela Björk (possivelmente a única pessoa capaz de fazer o papel), uma imigrante da Tchecoslováquia que mora nos EUA para salvar a visão do filho. Selma é humilde, cativante, apaixonada por musicais e faz de tudo pelo filho. E como ela sofre. É angustiante. Não posso falar muito do Lars. Sei que ele tem orgulho de nunca ter colocado os pés em solo americano. Em DnE, ele critica severamente o sistema penitenciário daquele país que constrói uma nação a partir da eliminação de seus civis - pena de morte. Outra característica dele é usar a câmera de mão, aquela imagem tremida. Aqui funciona muito bem, aumenta a realidade das cenas. Sem falar que o Lars consegue alguns ângulos incríveis dos rostos dos atores favorecendo o talento de cada um. Ele também é conhecido por explorar bastante o ator. E Björk, do jeito que já é, não suportou...

Faltando pouco tempo para acabarem as filmagens, ela rasgou um vestido com os dentes e abandonou tudo. Sumiu. E ninguém sabia onde estava. Lars nunca se sentiu tão traído. Ele e Catherine Deneuve chegaram a usar uma camisa com IDIOT durante os dias em que ficaram decidindo qual rumo seguir. Esta história está no documentário "Os 100 Olhos de Lars Von Trier" que é tão bom quanto o filme. Depois, Björk resolveu voltar e finalizaram o filme. Björk disse que foi a primeira e última vez que trabalhou como atriz, mesmo levando o prêmio de Melhor Atriz em Cannes. Aposentadoria em grande estilo.

DnE é excelente mesmo. Até agora só consegui analisar o filme como uma crítica aos EUA e apreciar as qualidades de Lars von Trier. Mas entendo quem teve que tomar medicamento para sair do estado de choque após a experiência Dançando no Escuro.

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