sábado, 29 de dezembro de 2007

O velho e o novo

Eu participei de uma enorme maratona de filmes (1 François Truffaut, 1 Sergio Leone, 3 Wim Wenders, 1 Robert Altman) no Telecine Cult em dezembro que fiquei desanimando com as opções atuais nos cinemas. Então tive que ir mais uma vez à uma sessão de arte para assistir um filme chinês chamado Em Busca da Vida do diretor Jia Zhang Ke. Escolhi este porque foi o vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2006. Sempre dou uma atenção a mais aos filmes premiados nos principais festivais - Cannes é o meu preferido. Tenho uma meta para ver os vencedores da Palma de Ouro, é difícil mas consegui ver três deles este ano: "Kagemusha" (1980), "Paris, Texas" (1984) e "A Criança" (2005).

Em Busca da Vida conta duas histórias paralelas de dois personagens que retornam a uma cidade à procura de seus cônjuges. Apesar da trama convencional, vale observar como o diretor explora o aspecto humano dos seus personagens, um pouco da cultura chinesa e as transformações que vêm ocorrendo naquela região do país. Ainda tem as paisagens deslumbrantes principalmente uma que ficou na cabeça de uma balsa num rio cercado por montanhas, é quase onírica. O ritmo lento pode prejudicar a sua absorção porque cansa um pouco e você só vai tirar o maior proveito se for atento a todos os detalhes. Sim, há detalhes que podem passar despercebidos. A falta deles não irá atrapalhar a compreensão mas servem para engrandecer a trama. É bom prestar atenção também na habilidade do Zhang Ke com a câmera. A magnitude das cenas é a junção do primeiro plano onde estão os atores com a paisagem ao fundo que narra um acontecimento (por exemplo, a foto que escolhi para o post).

Gostei de como o rio principal do filme divide a mesma nação em mundos diferentes. De um lado, é uma China mais desenvolvida e violenta. Do outro, uma população que parece anos atrasada e mesmo assim já usam celular como item de sobrevivência. Mundos distantes que preservam alguma característica do outro lado.

Mesmo com os meus comentários acima, achei o filme quase neutro. Não tenho motivo para desgostar e nem o achei fantástico. Talvez faltou um roteiro com meio e fim. Como você fica com aquela incerteza sobre aonde o filme vai chegar, achei que foi finalizado no meio. E o que significa aquele edifício que decola como um foguete? E o disco voador? É tão estranho que assusta. E este foi meu último filme de 2007.

Nota: 7,0

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