sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quanto mais velhos melhor

Alfonso Cuarón elevou exponencialmente o nível no Prisioneiro de Azkaban. Mike Newell foi mais além no Cálice de Fogo. Aí chega a vez do David Yates que não vai deixar saudades com a Ordem da Fênix. A Warner insiste e o chama novamente para dirigir o Enigma do Príncipe (chamaram o Guillermo del Toro mas ele recusou). O resultado é um filme que não só traz a franquia de volta para os eixos como também humilha o seu antecessor. Agora eu confio no David Yates para comandar as duas partes finais. Ainda não sei se este novo Harry Potter é o melhor de todos, é muito provável que seja. Mas tenho certeza de uma coisa, agora fico satisfeito em saber que o último livro foi dividido em dois filmes porque é mais fácil pensar, neste momento, que não precisarei encarar o próximo como o último. É difícil abandonar uma coisa que você vem acompanhando e eu comecei em 2001. E esta série fala justamente sobre crescimento, é sobre olhar como a sua própria vida se desenrola enquanto os personagens se desenvolvem. Não importa se você começa a ler com dez ou vinte anos de idade porque as mudanças acontecem para todos. Foi um sofrimento a leitura do sétimo livro e quando 2011 chegar, a história acaba no cinema, dez anos depois. Vamos ao filme.

O roteiro do Steve Kloves, que retorna ao trabalho após um filme ausente, é corrido mas flui perfeitamente bem. Se você acha que o quarto livro foi o mais mutilado, é porque não assistiu o novo filme. Não é uma reclamação mas as descobertas sobre o passado de Voldemort, o mistério sobre a identidade do Príncipe e as atividades ocultas do Malfoy ficaram em segundo plano em relação ao fervor dos hormônios destes alunos que agora chegam ao sexto ano em Hogwarts. Houve um desequilíbrio aí que, no entanto, não me incomodou porque o ponto forte do roteiro é a relação interpessoal do trio principal que nunca foi explorada de forma tão intensa e verdadeira como agora. Vale ressaltar também que este é o roteiro adaptado mais original da série e é legal ver que ele teve esta liberdade. Antes de ver o filme, li que muitos críticos estavam dizendo que era o mais engraçado de todos. Fiquei um pouco preocupado porque sempre tenho problemas com o que chamam de humor. Foi um alívio saber que eles estavam certos. Não é errado chamar o Harry Potter 6 de comédia romântica. As piadas estão muito divertidas e sem maldade.

O visual é de cair o queixo e ainda chamam o diretor de fotografia Bruno Delbonnel de Amélie Poulain que explora as cores nas diversas situações, sejam elas diurnas ou noturnas, quentes ou frias. A cena noturna no milharal, por exemplo, mostra o seu estilo cartunesnco adotado em Amélie. Parece uma iluminação artificial mas com muita beleza. Elogiar efeitos especiais já se tornou batido se bem que alguns deslizes já foram cometidos antes. A cena completa quando Dumbledore cria aquela cortina de fogo na caverna ficou emocionante.

Se há uma coisa de que esta franquia pode ser orgulhar é do seu elenco adulto. Há sempre uma grande expectativa para ver como o novo professor vai se sair e o Slughorn do Jim Broadbent (o pai da Bridget Jones) superou as minhas expectativas. Este filme marca a superação de outros atores. Tom Felton amadureceu muito bem. Michael Gambon deu uma nova dimensão ao Dumbledore. Helena Bonham Carter estava exagerada no anterior e agora finalmente acertou o tom. Alan Rickman alcançou a sua glória. E o Daniel Radcliffe? Limitado como sempre. Acho que ele estava melhor no anterior. Fui ver se tinha escrito sobre isso na Ordem e lá descobri que ele tinha sido o meu preferido do trio! Jamais vou repetir esta frase para o novo filme.

Já vi muitos fãs xiitas reclamando deste por não ter ação. Sim, é verdade. E fico feliz que a série tenha crescido o suficiente para sobreviver sem depender da quantidade de cenas de ação. Achei a memória que revela sobre horcruxes de arrepiar. Este filme não foca na brutalidade e sim na fragilidade destes personagens que vivem um presente incerto. Não acho que seja possível analisá-lo por ângulo distante do mundo da fantasia então é provavelmente apenas o melhor HP com uma qualidade indiscutível. Harry Potter 6 inicia uma trilogia que, tudo indica, ainda terá seu momento mais angustiante. Chegou a hora para esta equipe mostrar o último resultado de um trabalho que nunca decepcionou ao longo dos anos (HP5 está longe de ser ruim). Material é o que não vai faltar para ser trabalhado.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O maior espetáculo da temporada

Milagres acontecem. Star Trek entrou aqui e já saiu, só ficou uma semana. Lamento por quem não compareceu porque o filme é ESPETACULAR!! Deve ser a melhor opção do verão americano este ano. Eu queria tanto assisti-lo, sem falar que meu conhecimento neste mundo é zero e não estou mais na fase de me interessar por coisas nerds. Foi tão bem falado quando estreou lá fora que não pude deixar de sentir uma certa euforia por ele. E eufórico foi o estado em que fiquei depois de vê-lo. Star Trek é simplesmente sensacional em todos os sentidos. Vou dizer logo que ainda estou digerindo a trama e isto não é um defeito do filme. Peguei uma sessão barulhenta, já me perdi no prólogo por causa de duas criaturas que só falavam besteira e este fato criou uma pequena bola de neve de dúvidas que persiste até agora. Eu consegui acompanhar boa parte mas alguns pontos estão nebulosos em minha mente. Mas nada que comprometa minha visão geral.

Eu tive uma boa surpresa com os nomes que iam aparecendo nos créditos finais: Bryan Burk, Damon Lindelof e Michael Giacchino. Parecia um final de Lost e não escondo minha paixão pela série. Boa parte dos atores também teve mais trabalhos na TV do que no cinema. Star Trek é o maior triunfo na carreira de diretor do J.J. Abrams. Tá, é só o segundo filme dele tirando as séries televisivas. Eu gostei muito de Missão Impossível III também. A sua direção em Trek é extremamente precisa e o filme mostra que diversão pode ser de alta qualidade sem precisar de apelações. Graficamente, é uma beleza. Não possui excessos sonoros e a trilha sonora do Giacchino é de uma delicadeza comovente nos momentos mais dramáticos.

Aí vem o elenco que está afiadíssimo e ninguém decepciona. Os destaques, é claro, vão para Chris Pine e Zachary Quinto como Kirk e Spock. Acho que o ponto mais forte do filme é o conflito entre os dois que é explorado muito bem, os momentos de divergência e união se intercalam de forma que não existe um certo e errado, a gente não toma partido por nenhum dos dois porque ambas as motivações têm fundamento. O restante da tripulação da Enterprise transmite uma jovialidade contagiante. Eu gostei da diversidade de nacionalidades do elenco porque passa uma mensagem legal. E suas características ficam em evidência, por exemplo, nos sotaques fortes do russo Anton Yelchin e do britânico Simon Pegg. O John Cho é sul-coreano, a Zoe Saldana é negra, etc.

Eu fico pensando se o J.J. vai fazer o mesmo que o Christopher Nolan fez com Batman. Pegou uma franquia, iniciou do zero e deu certo. Se a lógica for seguida, o próximo Star Trek terá a mesma força do Cavaleiro das Trevas? Saberemos a resposta em 2011. E por que Star Trek não teve o mesmo sucesso de bilheteria no resto do mundo como nos EUA? Se não estou enganado, aqui no Brasil ele só ficou míseras quatro semanas no top 20 e Wolverine estava passando em um número três vezes maior de salas. Acho que a falta de astros no elenco também influenciou. Não estou reclamando até porque é só observar o fenômeno Transformers e ver que qualidade vai muito além de números. Mal posso esperar pelo DVD.

Nota: *****