terça-feira, 8 de julho de 2008

Cuidado com o que você come

Estômago é a estréia em longas de ficção do diretor Marcos Jorge e o rapaz já veio chamando a atenção já que o filme foi o grande vencedor do Festival do Rio de 2007. Pude assisti-lo há uma semana atrás quase sem querer numa sessão tripla com Chega de Saudade e Shine A Light. Mal sabia o que estava perdendo. Estômago deve ser a maior surpresa do cinema nacional. Não é nenhuma obra-prima mas já começa valendo por fugir dos temas abordados constantemente. Ele não se passa em favela, não tem casais da classe média carioca discutindo o casamento e não faz humor de apelo sexual ambientado no interior nordestino.

Um rapaz do interior abandona sua terra para tentar a vida na cidade grande. Logo ele descobre seu talento para a culinária, se apaixona por uma prostituta e acaba na prisão. Achei Estômago bastante original. Seu começo é um longo monólogo sobre o queijo gorgonzola. Hã? E as muitas situações bem humoradas envolvendo comida? Todas funcionam (ou quase todas). São principalmente estas situações que carregam o filme. E ele é dividido em duas linhas narrativas que são contadas paralelamente. Sua chegada à cidade grande e à prisão são mostradas mais ou menos ao mesmo tempo. Enquanto vemos sua vida atrás das grades, a outra sequência vai narrando os fatos que o levaram a ser preso. Mas ambas são unidas por pontos comuns descritos pelas transformações sofridas pelo protagonista de um ser vulnerável em um novo ambiente para alguém capaz de realizar uma ação que ninguém esperava que ele fosse capaz. Seu nome é Raimundo Nonato, interpretado pelo ator João Miguel que eu ainda não conhecia mas já tem uma ótima filmografia. Talvez por eu não conhecê-lo, achei algumas de suas cenas tão naturais que pensei que ele não estivesse atuando. Fazia umas expressões faciais que pareciam deixá-lo envergonhado. Engano meu. Foi tudo intencional e estava fazendo o personagem. Sem falar que o João Miguel já foi bastante premiado.

Estômago diverte mesmo, além de ousar e esbanjar criatividade. Há uma cena em que a iluminação é tão artística. A atriz que faz a prostituta entra nua numa cozinha sem iluminação, se dirige à geladeira e abre sua porta o que faz com que a luz do aparelho revele o seu corpo. O relacionamento dela com o Raimundo é uma mistura de sinceridade com amargura. Você torce por eles mas o destino dos dois é incerto. E para não fugir da proposta do filme, eles começam o relacionamento porque ela se encanta com a coxinha dele. E o macarrão nem se fala.

Nota: *****

Um comentário:

Anônimo disse...

esse filme me dá uma fome!!! adorei também

Lu