domingo, 23 de novembro de 2008

Os jogos nossos de cada ano

Achei que iria perder de ver Jogos Mortais 5 no cinema mas consegui graças a um feriado. E agora é oficial: cansei da série. Eu sempre tive uma atração por ela que durou principalmente até o terceiro filme. Lembro que gostei do quarto só que agora um ano depois, não tenho nenhuma lembrança dele. Ao assistir o quinto, eu reconhecia os rostos mas sem lembrar o que fizeram antes porque o único personagem dos três primeiros filmes que ainda sobrevive é o Jigsaw (eu acho) através de flashbacks. Está claro agora que estão sofrendo para criar novas idéias. A maior revelação deste é que a Amanda não era a única aprendiz do Jigsaw. Partindo desta premissa, a série pode durar eternamente. Ainda é curioso como são cuidadosos ao referenciar os filmes anteriores numa tentativa de nunca perder a ligação entre eles. Até o personagem do Danny Glover no primeiro é mencionado. Este é o único ponto que ainda vejo de positivo. E o final deste não tem aquele impacto surpresa dos outros, estão sofrendo da falta de criatividade. Este quinto também me desagradou por ter o grupo de personagens novos mais irritantes desde o segundo. Eu já queria ir embora após os trinta minutos iniciais. Tem uma cena em que a viúva do Jigsaw chora ao assistir um vídeo que o marido deixou. Fico imaginando o que o diretor fala para a atriz se emocionar nesta situação e num filme do porte de Jogos Mortais. Enfim, o filme vai ter continuação. Ele custa 10 milhões de dólares e este valor já retorna para o estúdio só com as exibições no primeiro dia. O que vem a partir do sábado é lucro. Se eu ainda tiver paciência, verei a sexta parte e provavelmente o que escrevi neste post servirá também para o próximo ano.

Nota: **

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vilão ou vítima?

Eu tenho quase certeza que assisti ao vivo o incidente do ônibus 174 naquele ano de... O que lembro é da minha indignação provocada pela situação, tanto por causa do Sandro e principalmente pelo tiro errado que matou a pobre moça. Muita gente não sabia, inclusive eu que descobri quase agora, que a Geisa não morreu pelo tiro do policial pois este pegou de raspão. Mas o tal tiro não deixa de ser o responsável pela morte dela mesmo que indiretamente. É até normal sentir raiva do Sandro e considerá-lo o vilão da história porque é difícil aceitar uma justificativa para o que ele fez. Aí vem o Bruno Barreto e filma a vida dele colocando-o como vítima do sistema. Só fiquei com mais raiva ainda. Ser sobrevivente da chacina da Candelária e apanhar da polícia, só para citar dois exemplos, não é desculpa para viver no mundo do crime. Concordo que se revolte contra a injustiça sofrida mas ele tinha a escolha de não seguir esta vida. Então não aprecio um filme que faz o Sandro de coitadinho. Não estou dizendo que Última Parada 174 seja uma carta de amor para o Sandro mas fazer com que as pessoas conheçam a sua história me parece uma forma de deixar os seus atos mais compreensíveis. Não duvido nada que Lindemberg seja o próximo.

A decisão de fazer este filme veio após o documentário Ônibus 174 do José Padilha em que Barreto se interessou pelo fato de a única pessoa no enterro do Sandro ter sido sua mãe adotiva. Última Parada deve ser melhor classificado como uma ficção baseada em fatos reais. O seu maior problema é ser preguiçoso e querer pegar carona no sucesso de Cidade de Deus. E olhe que o filme do Meirelles já tem mais de cinco anos. Também não é novidade que ambos tenham sido escritos pelo Bráulio Mantovani. Os diálogos são tão exageradamente recheados de palavrões que é como se fosse uma linguagem mecânica de uma fórmula. Isto me irritou profundamente. Última Parada oscila bastante, são estes momentos que odiei e outros até bem convincentes graças aos dois atores principais iniciantes que entregam atuações de primeira. Gostei bastante da personagem Soninha, a prostituta e parceira do Sandro. Ao lado dela, o rapaz é um poço de imaturidade.

Não gostei de certas gracinhas introduzidas nas cenas do sequestro do ônibus. Quando ouvi o público rindo naquele momento supostamente dramático, fiquei com a impressão de que faltou um pouco de respeito com o incidente. Não vou mentir que fiquei arrepiado quando o Sandro e a Geisa descem do ônibus e o policial dispara a arma. Mas o efeito logo passou e só lamento por esta ser a indicação brasileira para o Oscar. Última Parada é um filme pipoca que não detestei por completo pois ele flui bem até o final, é totalmente assistível. Fiquei convencido de que este estilo precisa evoluir. Não é surpresa que meus filmes brasileiros preferidos deste ano sejam Estômago, Os Desafinados e Linha de Passe.

Nota: ***