quarta-feira, 29 de agosto de 2007

"Ninguém gosta dos Simpsons"

Faltando cinco minutos para o início da sessão, só haviam três pessoas na sala. Foi quando entrou um casal com sua filhinha que percebeu o ambiente e soltou: "Ninguém gosta dos Simpsons!". A maioria das pessoas que vai ver Simpsons deve ser como eu, conhece o desenho e seus personagens mas não acompanha assiduamente pela TV. Nem consigo lembrar se já assisti algum episódio completo. Não é que eu não goste, é apenas pela falta de hábito. Assisti recentemente o trecho de um muito engraçado que satirizava a Igreja Católica. Gostei muito do filme. Eu aproveitei este do começo ao fim diferentemente de Ratatouille e é muito melhor do que Shrek Terceiro. As piadas de Simpsons estão colocadas nos lugares perfeitos, é um antiamericanismo divertido que não acaba mais. Brincam com o governo, a polícia, o cidadão alienado... é um humor negro agradável.

O começo por si só já valeu boa parte do ingresso que os otários compraram. Homer pergunta o porquê de pagar por algo que se pode ver de graça. A provocação foi feita (237 torrents no Mininova) e o filme continua com um show do Green Day. O lago de Springfield está tão contaminado que a cidade é posta sob uma cúpula que a isola do restante do país. O Exterminador do Futuro é o presidente dos EUA cuja função é decidir sem pensar. A família Simpson consegue escapar e depois irá retornar para tentar salvar os outros habitantes porque a cidade vai ser destruída pelo governo. Lembrei de Os Incríveis por causa dos problemas familiares abordados intensamente aqui: Bart queria outro pai, Homer e Marge passam por crise conjugal, etc. Os Simpsons também faz referências divertidas a outros filmes incluindo o recente Uma Verdade Incoveniente o que mostra que o trabalho no roteiro iniciado em 2003 prosseguiu com mudanças até em cima da hora. Imagino que uma sequência demore a sair. Há algumas coisas que ficaram sem explicação. O que era aquele bicho de muitos olhos? E qual foi o destino do porquinho de estimação? Esta criatura colocada na história merecia um final pelo menos. Eu sei que existe alguma coisa nos créditos finais. Há uma parte em que uma frase exaltando o futebol brasileiro é dita. Desconfio que sejam os dubladores aprontando. Já ouvi um caso de que na série da TV isto já aconteceu.

Achei curioso ver a garotinha que reclamou da ausência de pessoas assistir um filme com piadas sobre pênis, masturbação e índia de seios grandes. Sem falar que aqui ainda passou o trailer de Primo Basílio. Ela errou ao dizer que ninguém gostava dos Simpsons. A sala se encheu mais em seguida e percebi que todos se divertiram. É recomendável. Um problema de trailer de comédia é que piadas são jogadas antecipadamente. Vi tantas vezes o Porco-Aranha que no produto principal perdeu a graça, ri mais com o Harry Porco.

Vou voltar a colocar títulos nos textos. A outra opção era "1001 maneiras de cobrir a torneirinha do Bart".

Nota: 8,0

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Sem Reservas

Chegou mais uma refilmagem americana de um filme europeu. Só para citar um exemplo, aquele Táxi de 2004 com Jimmy Fallon, Queen Latifah e Gisele Bündchen é uma refilmagem do francês de mesmo nome. Sem Reservas é baseado no alemão Simplesmente Martha. Quase sempre os originais são melhores (estou confiando na opinião de quem já assistiu). Não vou dizer que este é ruim porque eu ficava com aquele sorrisinho em boa parte do filme e queria assisti-lo principalmente para ver a Abigail Breslin, a garotinha do Pequena Miss Sunshine que todos queriam levar para casa.

Catherine Zeta-Jones é uma chef de cozinha que faz terapia. Sua irmã morre e ela ganha a filha, isto é, sua sobrinha, de presente. Catherine se afasta por uns dias do restaurante e quando retorna, encontra o lugar com um subchef temporário (Aaron Eckhart). Ele e Abigail irão transformar a vida de Catherine e todos já conhecem o final desta dramática comédia romântica. O trio está apenas bem. A química entre o casal é, pelo menos, mais aceitável do que em O Terminal onde a Catherine não tem nada a ver com o Tom Hanks. Talvez seja algum preconceito besta meu. O Aaron está agradável e divertido. Quando a câmera mostra a Abigail pela primeira vez, só ouvi os cochichos das pessoas. Ela está adorável como sempre mas me irritou em algumas partes, não é problema da atuação, é o seu papel mesmo que se torna irritante quando começa a chorar demais. Há uma cena desnecessária em que ela se zanga e sai correndo pelas ruas, quase é atropelada. Mesmo com uma história prevísivel, não é difícil ficar lá sentado vendo o tempo passar. Eu até aproveitei cada segundo. Gostei quando a Catherine leva o pedaço de carne cru para o cliente chato e ainda puxa a toalha.

E que história é essa de colocar a Abigail trabalhando no restaurante no final? Ela não deveria estar estudando? Vão perder a guarda da garota... O que eu gosto na Abigail Breslin é sua autenticidade. É só olhar a Dakota Fanning e vão perceber o que quero dizer. Dakota se comporta como adulta e parece um robô falando. É um objeto de Hollywood. Abigail é totalmente o contrário e age como alguém da sua idade. Quando perguntaram como foi filmar Sem Reservas, ela disse que foi divertido porque havia feito panquecas. Dakota teria respondido que foi uma honra ter contracenado com a Catherine Zeta-Jones. Concordo com o Alan Arkin quando disse que foi bom a Abigail não ter ganhado o Oscar.

Nota: 6,5

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Duro de Matar 4.0

A única coisa que eu sabia sobre a história de Duro de Matar era que o personagem do Bruce Willis se chamava John McClane, e só descobri há poucos dias. Dá para perceber que nunca assisti nada da série antes. Acho que este tipo de ação protagonizada por um policial, agente da CIA, etc nunca esteve entre as minhas preferidas (Há uma exceção. Jason Bourne com sua identidade e supremacia). Até hoje nunca vi um Missão Impossível e quando tentei ver o primeiro há umas semanas, dormi. Meu primeiro James Bond foi o Cassino Royale de 2006. Então como eu não queria ficar três semanas consecutivas sem ir ao cinema, fui conferir o 4.0. Esse "4.0" do título nacional parece que é para enfatizar a era da computação. Há uma piadinha interessante em que o Bruce cobre uma câmera com a mão para não ouvirem o que ele fala. O último filme é de 1995, acredito que não haviam ainda introduzido todos esses aparatos tecnológicos e o nosso policial duro de matar ainda não se modernizou, está sempre controlando os namorados da filha.

A produção cumpriu seu objetivo. Muitos tiroteios, perseguições, lutas, carros, caminhões, helicópteros... o que Hollywood sabe fazer bem. E não é que o resultado final é muito bom? Eu me diverti, fiquei aflito e levei sustos. O roteiro não deixa o filme cansativo em nenhum momento. O Bruce vai investigar um grupo terrorista que pretende fazer um ataque cibernético controlando os meios de comunicação, transportes e energia elétrica dos Estados Unidos começando com a implantação do medo na população, algo parecido com o que o Bush fez após o 11/9. Bruce terá como parceiro o hacker que implementou o algoritmo de invasão dos sistemas interpretado por um rapaz chamado Justin Long. O chefe da quadrilha de terroristas é feito pelo Timothy Olyphant. Não conheço nenhum dos dois mas eles estão muito bem no 4.0, só não gostei muito do Cliff Curtis que faz o chefe da Divisão de Investigação Cibernética do FBI, algo assim. É o tipo de ator que já vimos antes mas não lembramos onde. O IMDB me diz que o conheço de Um Crime de Mestre e Encantadora de Baleias, ele fez o irmão da Keisha Castle-Hughes se não me falhe a memória. O Bruce continua em forma para este tipo de trabalho se bem que não estou lembrando de cenas que tenham exigido grande esforço físico, me recordo mais das milhares de vezes que ele fala sussurrando como se fosse um policial que não aguenta mais o batente. O filme tenta explorar a relação dele com a filha mas sem sucesso. A garota não quer vê-lo nem pintado no começo, basta ficar presa num elevador e a primeira pessoa com quem ela quer falar é o pai. Como assim? Eu teria gostado se ela respondesse que queria falar com o não-namorado, afetaria mais o Bruce e o público também. Um vício desses filmes é querer fazer casais, eu tentei acreditar que não haveria nada entre o jovem hacker e a filha do McClane. Os exageros também estão lá, o mais divertido é a quantidade de cabelo que o Bruce arranca da mocinha da quadrilha. A coitada apanhou tanto.

Os efeitos especiais deixam a desejar em alguns momentos sendo até inadmíssiveis. A direção fica por conta do Len Wiseman que tem na bagagem coisas como Godzilla, Homens de Preto e Independence Day onde só trabalhou no Departamento Artístico, mesmo assim é experiente em destruir os Estados Unidos.

Nota: 7,5