segunda-feira, 30 de abril de 2007

Maria Antonieta

O último filme de Sofia Coppola e que foi vaiado em Cannes em 2006 chegou em Maceió neste fim de semana. Não acho que as vaias tenham sido justas, é necessário tentar entender o que Sofia quis mostrar. Ela não fez um filme histórico ou político, tampouco é biográfico, por isso você percebe a ausência de um enredo firme, não há uma história sendo contada. Ela preferiu mostrar o lado humano de Antonieta reagindo a certos acontecimentos desde sua chegada a França até a saída do Palácio de Versalhes quando já era rainha daquele país durante a Revolução Francesa. É até aceitável que esta França fale inglês. O filme contém uma trilha sonora ao som de New Order, Strokes e The Cure proporcionando um clima mais contemporâneo e foi este detalhe que chamou mais minha atenção quando vi um trailer embora este tom contemporâneo não seja visível somente através das músicas. Mesmo com aquela bela direção de arte, locações e figurino de época, a Antonieta retratada por Sofia não seria diferente de uma garota da geração Orkut.

Eu gostei mais de certas partes do filme do que dele como um todo. Fiquei com aquela sensação de não ter compreendido profundamente o cárater de Antonieta. Ela foi feliz ou não com Luis XVI? Ela realmente achava que seu destino era ser rainha da França? Nem sei dizer se a Kirsten Dunst encarnou o papel bem. Às vezes, eu a achava deslocada e depois eu a entendia na cena seguinte. Só sei que na próxima sexta-feira, Maria Antonieta dará lugar a Mary Jane. Gostei da parte em que seu marido toma a primeira iniciativa para uma noite de amor (ou os príncipes só fazem isso para gerar herdeiros?) e logo em seguida ele se desculpa e vai dormir. Há muitas piadinhas terrivelmente sem graça que beiram o ridículo mas eu acreditava nas boas intenções da Sofia Coppola.

Eu gostei mais de Encontros e Desencontros e nunca vi As Virgens Suicidas. É bem visível algumas semelhanças entre a Antonieta e a personagem da Scarlett Jonhansson de Encontros como o fato de serem personagens femininos reprimidos que entram em um novo ambiente e buscarão mudar algo na situação em que viverão. Você pode perceber também que enquanto a Scarlett observa Tóquio através da janela do hotel, a Kirsten observa os jardins através da janela do palácio ou das carruagens.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Número 23

Eu nem estava empolgado para escrever sobre Número 23 mas quando cheguei em casa e percebi que tinha visto o filme num dia 23, cai na risada e vim para cá escrever. Mas antes tive que fazer mais uma coisa só para matar minha curiosidade. Meu nome dá o número 131, ou seja, 1+3+1=5=2+3. Minha data de nascimento dá 1994 que é 10+3+1981. 1+9+9+4=23. Assustador! Já tenho idéias para o meu livro. Que nada. Não ligo para numerologia e derivados. O filme conta a história de um Jim Carrey que se tornará paranóico ao receber um misterioso livro que aparentemente tem detalhes demais de sua vida. O filme pretende ser um suspense psicológico mas só pretende. Imagino que as aparições do 23 eram para deixar o público envolvido mas acabaram sendo engraçadas. Eu só estava curioso pelas investigações sem me importar com o gênero do filme. A história é até interessante mas não tem nada que nunca tenhamos visto. Eu fiquei tão surpreso quando acabou a sessão porque olhei para o relógio e só haviam passado 90 minutos e o filme pareceu ter durado muito mais de duas horas. O contrário seria um ponto positivo. O elenco tem ainda a Virginia Madsen (pesquisei de onde eu a conhecia e era de Sideways) que faz a esposa do Jim e o filho do casal que eu também conhecia e consegui lembrar depois que era o Bobby (Logan Lerman) da extinta série Jack & Bobby. Se alguém me perguntar se vale a pena assistir, eu digo que sim. E aposto que deve ser melhor que A Colheita do Mal com a Hilary Swank que estava passando na sala ao lado.

domingo, 15 de abril de 2007

300

300 é exatamente aquilo que você espera após ver o trailer. Muita violência recheada com um monte de discursos sobre glória, liberdade, orgulho, etc. É até um bom entretenimento mas não queira encontrar conteúdo. O filme começa com um prólogo interminável sobre o destino de um espartano até chegar ao nosso herói Leônidas que praticamente só fala berrando. Aí ele recebe um mensageiro do rei persa Xerxes (Rodrigo Santoro que está divertido no papel) dizendo que vai dominar as terras gregas. Leônidas joga o rapaz num buraco e vai à guerra contra a vontade de umas criaturas feias chamadas Éforos.

O que resta de bom em 300 são aspectos técnicos como a fotografia característica desta adaptação da graphic novel do Frank Miller. O que mais gostei foram as lutas corpo a corpo com a aceleração e desaceleração da velocidade. Fora isto não resta nada que mereça ser lembrado. É apenas uma exaltação à guerra. Os gregos lutam contra vários tipos de seres, os guerreiros comuns, os imortais que morrem com a mesma facilidade dos comuns, os mágicos e animais gigantes. Gostei da festinha promovida pelo Xerxes. Quando vi o trailer pela primeira vez, fiquei com a impressão de que seria um filme para o público masculino adulto que ainda brinca com bonecos ou que se fantasiou para ir ao cinema assistir Star Wars, Senhor dos Anéis ou Matrix. Mantive esta impressão depois do filme. O que eu gostava mais de História era a Idade Antiga com Roma e Grécia e desde aquela época eu preferia Atenas do que Esparta.

Numas das raras ocasiões, 300 teve evento de lançamento no país com a presença do diretor Zack Snyder e dos atores Gerard Butler e Lena Headey. O Rodrigo agradeceu. O filme teve o maior público de estréia do ano por aqui mas vai ficar para trás devido à temporada de férias que vem por aí quando só se falará de Peter Parker, Shrek, Harry Potter e Jack Sparrow.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Pecados Íntimos

O período das vacas gordas ainda continua. Mesmo que eu não vá ver Borat, Apocalypto ou O Labirinto do Fauno, ainda tem Dreamgirls até o fim de semana. Aproveitando a Segunda Irresistível do Severiano Ribeiro, fui ver Pecados Íntimos. É simples, o filme é excelente, o elenco (adulto e infantil) está brilhante, o roteiro ajuda e o final engrandece tudo o que veio antes. É claro que certos elogios devem ser dados ao livro no qual o filme é baseado. Se eu gostei do final é porque no livro está assim. Normalmente é assim. Um grande exemplo de quando isto não acontece é O Catelo Animado onde o que mais gostei foram as mudanças que o Miyazaki fez em relação à história original.

Só conheço a Kate Winslet e a Jennifer Connelly do elenco. O restante não me recordo. A cada novo trabalho da Kate, eu admiro mais seu talento. Mesmo que o seu papel seja ruim, ela o faz parecer especial. Não é o caso de Pecados Íntimos. Aqui ela é uma esposa, mãe e mestra em literatura cujo marido a troca por pornografia na internet. Ela começará um romance com Brad, um jovem pai que visita o playground da comunidade e que também possui um casamento problemático pois sua mulher é obcecada pelo trabalho. Só que ele não é tão insatisfeito. Está tentando passar no exame da ordem dos advogados pela terceira vez mas ao invés de estudar, ele fica observando um grupo de skatistas que nunca falam com ele. Brad é amigo de Larry, um ex-policial que se enconde atrás de sua hipocrisia. Este é o fundador de um grupo formado por alguns pais contra o pedófilo (agora ex-?) que acaba de retornar à sociedade. Uma das coisas que gostei é que ele não é um vilão, os personagens não são divididos em bons e maus. Quem somos nós para julgarmos alguém que já abusou de crianças se também somos semelhantes? Não estou falando de termos feito o que ele fez. A participação do Jackie Earle Haley (indicado ao Oscar por ator coadjuvante) interpretando o pedófilo é pequena e é a mais marcante do filme. Gostei muito de sua mãe também que sempre o defende não por ser sua mãe.

Enquanto o filme prosseguia, eu não fazia idéia de como aquelas histórias acabariam. Eu me senti um pouco envergonhado ao pré-julgar o Jackie Haley no final. Ele sai à noite com uma faca, está alterado e irá por acaso encontrar Kate e a filha. O que eu poderia imaginar?

Eu terminei de escrever este texto duas semanas após ter visto o filme. Teria escrito mais antes mas fiquei doente dois dias depois daquela segunda-feira e o pior de tudo foi que perdi Dreamgirls.