quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sem medo do ridículo

A Meryl Streep disse numa entrevista que só aceitou fazer Mamma Mia! para deixar a filha (ou filhas, não lembro) envergonhada. Bem, não é só a filha que deve ter ficado. Não existe aquela expressão da síndrome da vergonha alheia quando você se envergonha por outra pessoa? Foi exatamente assim que eu me senti. O caso se complica para a Meryl quando Mamma Mia! já é o musical mais rentável da história. O lado bom é que o número de espectadores nem se compara ao de uma Noviça Rebelde, por exemplo. Mas posso entender o seu sucesso estrondoso. É divertido, o elenco não tem medo ser ridículo, as músicas do ABBA são contagiantes e dá vontade de assistir de novo. Sucesso garantido. Gostei mais do que Across The Universe porque é praticamente estável do começo ao fim. O filme baseado nas músicas dos Beatles despenca depois da metade. Mamma é tão irresistível que não tem como não se deixar levar. Ficou evidente que o elenco se divertiu o máximo durante os ensaios e as filmagens. Mamma é um musical pastelão e funciona por ser exatamente assim. É gostoso ver aquelas três atrizes que já passaram dos seus 50 anos esbanjando vitalidade.

Se você já ouviu falar do musical então deve saber que é a história de uma garota (Amanda Seyfried de Meninas Malvadas) que vai se casar e convida para o casamento os seus três possíveis pais (Colin Firth, Pierce Brosnan e Stellan Skarsgård) já que nem ela e nem a mãe (Meryl Streep) sabem quem é o felizardo. As principais músicas do ABBA estão presentes. Acho que não conhecia somente três delas. O número que mais gostei é o de Dancing Queen quando as duas amigas da Meryl (Julie Walters e Christine Baranski) começam cantando e vão arrastando todas as mulheres da região. Outros bem legais são o de Mamma Mia e Voulez-Vous. Lay All Your Love On Me juntamente com Mamma Mia são os dois que mais me deixaram com vergonha. O que são aqueles homens dançando com os pés de pato? Eu juro que me encolhi na poltrona para não correr o risco de alguém conhecido me ver. As belas paisagens gregas estão lá mas senti que poderiam ser melhor aproveitadas. A igrejinha no topo do morro com sua escadaria é linda. Imagino que os convidados deviam considerar bastante os noivos para subirem aquelas dezenas de degraus. A Meryl sobe correndo logo após o seu monólogo em The Winner Takes It All. Ela até que canta bem mas os meus ouvidos sofreram neste número específico. É sério, ela grita mesmo. A Julie Walters está ótima. Ela reclamou na época do Billy Elliot sobre um número de dança deste filme que exigia demais dela. Mal sabia o que iria fazer quase 10 anos depois. É curioso como alguns números são criados só como pretexto para usar uma certa música e eles nem fariam falta para a trama principal. Does Your Mother Know é um deles. Eu nem acho isto ruim, desde que não atrapalhe a evolução da história. E não lembro de nenhum número de Mamma que tenha atrapalhado. A cena na igreja possui as frases que mais gostei do filme. Uma é quando a Amanda fala para a Meryl que não se importa se a mãe já dormiu com mais de cem homens. Outra é uma que o Colin Firth diz mas não vou citar por ser um spoiler. Mamma pode parecer uma celebração do sagrado matrimônio mas felizmente não o encarei desta forma.

Eu tive uma surpresa boa no final em relação à solução do mistério da paternidade por não ser a resolução que eu esperava. E quem vai ficar com Meryl? É óbvio desde o começo. Mamma peca nos aspectos técnicos. A edição gera erros de continuidade nos números, a iluminação nas cenas de estúdio não é uma das melhores, a fotografia deixa os atores com umas cores estranhas em alguns momentos, etc. Mas isto tudo se perde quando você entra no clima do filme. Só eu percebo o Mamma se tornando um clássico com o passar dos anos? Xanadu que é o campeão dos bregas se tornou. Mamma Mia! merece minha generosidade.

Nota: *****

Um comentário:

Alessandro RC disse...

Esse é um dos grandes filmes de 2008 e ... eu ainda não assisti! Vou tratar de ver, os comentários são ótimos.