terça-feira, 1 de abril de 2008

É melhor pular

Se você, assim como eu, não tinha escolha a não ser ver Jumper, meus pêsames. Se puder, pule mesmo. Espere a programação da próxima semana ou veja algum filme novamente. Eu queria ter revisto os Fracos porque descobri que não tinha percebido um detalhe importantíssimo. É vergonhoso. Como foi em cima da hora, tive que prestigiar a ficção-científica dos saltadores. A idéia é bastante inspiradora, só que está tão mal aproveitada e mal explorada que fico com a impressão de que o público alvo seja a garotada de até 12 anos. Uma anomalia genética permite que alguns individuos possam se teletransportar para qualquer parte do planeta desde que já tenha estado no lugar antes ou visto através de uma fotografia. Há os caçadores de Jumpers chamados de Paladinos que pregam a onipresença exclusiva de Deus. Os saltadores seriam como as bruxas durante a Inquisição o que não deixa de ser uma analogia interessante. Mas o que poderia ser um filme promissor (um novo Matrix?), não passa de uma história sem graça focada num protagonista mais sem graça ainda que tem uma vida também sem graça e uma namorada... sem graça. Seguindo esta lógica, nem preciso dizer o que achei do caçador-chefe de Jumpers. E quando tudo parecia perdido, veio a salvação!

O protagonista da história é o Hayden Christensen (Anakin Skywalker). Ele pode ser qualquer coisa menos ator. Ainda na época colegial sofrendo nas mãos dos colegas, ele descobre o seu poder e a primeira coisa que faz é fugir de casa e viver roubando bancos porque, é claro, é o sonho de qualquer garoto. Ele leva esta vida fácil por oito anos. Foi difícil aguentar isto no filme. Qual é o sentido em mostrar o Hayden fazendo um refeição no topo da esfinge no Egito? É o tipo de coisa que faz com que a gente não leve este filme a sério. Depois somos apresentados ao Samuel L. Jackson que entendi ser o chefe dos Paladinos. Vem ação pela frente porque ele vai perseguir e tentar matar o Hayden até o final do filme. Os Paladinos pregam que somente Deus pode estar em vários lugares ao mesmo tempo mas como eles têm uma máquina de teletransporte? Vale negar os próprios conceitos para acabar com um Jumper? Pfff.

A Rachel Bilson (The O.C.) é o interesse romântico do Hayden. Eles não se vêem há anos e quando o Hayden decide visitá-la no bar onde a moça trabalha, ele a convida para ir a Roma. Ela aceita na hora sem questionar. A Rachel está melhorzinha que o Hayden mas o seu papel é tão chatinho. Não dá para entender como ela aceita os segredos do seu namorado. E sua única função é só servir de isca. Todos os filmes de heróis têm isso. O Hayden, na verdade, um anti-herói. Mas sua imoralidade em viver roubando dinheiro é tão bobinha. Em sua jornada, ele conhece a única salvação do filme: o Jamie Bell (o eterno Billy Elliot)!

O Jamie também é um Jumper, só que um experiente em fugir. É muita covardia colocar o Hayden para contracenar com o Jamie. Este é um grande ator desde criança. Ele nunca fez um papel tão importante como o Billy Elliot mas o seu talento não foi perdido. Até já vi uma boa quantidade de filmes com ele e arrisco dizer que em Jumper ele faz o seu melhor trabalho (depois do Billy, é claro. O melhor filme depois do Billy é o Querida Wendy). O seu Jumper tem um sarcasmo excelente, é cativante em todos os momentos e coloca todo elenco embaixo do tapete. Só por causa dele, fui cativado pelos efeitos especiais na sequência de cenas em que ele e o Hayden ficam brigando pelo detonador.

Coitado do Doug Liman. Dirigiu a Identidade Bourne (!!) e depois só vem sendo rebaixado. Sr. E Sra. Smith não é tão ruim mas Jumper não tem justificativa. A sequência já foi confirmada para 2011 mas só irei ver se for centrada no Jamie Bell.

Nota: **

terça-feira, 25 de março de 2008

Where the weak ones have no chance

Minha experiência com os irmãos Coen antes de Onde Os Fracos Não Têm Vez se resume a apenas três filmes: O Grande Lebowski (*****), Na Roda da Fortuna (*****) e Gosto de Sangue (****). Todos vistos em 2008 e os asteriscos são as notas que coloquei aqui no meu arquivo. Nada mal porque Fracos vai levar também 5 estrelas (e bem merecidas!). É o melhor filme que vi nos últimos seis meses. Uma excelente aula de cinema. A ansiedade era tanta que eu vibrei com os dois primeiros assassinatos do Javier Bardem que abrem o filme. Eu só estava um pouco preocupado por causa da polêmica sobre o seu final ser insatisfatório mas achei o roteiro brilhante. O final não é fácil mesmo. É o mais cru que lembro de ter visto num filme. Quem ficou com o dinheiro? Para mim foi o Josh Brolin. Não conheço o livro do Cormac McCarthy então só estou supondo. Ouvi uns chiados das pessoas no fim da sessão. A aparente ausência do destino dos personagens foge dos padrões mas acho isto atraente. Não vá esperando ver o xerife comemorando por ter colocado o bandido atrás das grades.

A história é sobre um caçador (Josh Brolin) que acha um belo malote de dinheiro e o assassino frio Anton “Sugar” Chigurh (Javier) é enviado para recuperar os dólares. Tommy Lee Jones é o xerife que segue os rastros de maldade deixados pelo Sugar. O espanhol Javier Bardem (Mar Adentro, Carne Trêmula) está assustador de verdade. E nem é por causa do cabelo. Sua personificação deste monstro já se imortalizou na história do cinema assim como Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes. Parece que estes dois vilões liberam o nosso lado sádico. Se você não tem este lado como eu, vai sentir da mesma maneira um certo prazer pelas maldades nas duas horas do filme. A única coisa que não gostei no Javier foi a sua voz de Darth Vader. O Josh também fez um trabalho expecional e ainda tem a Kelly Macdonald (que fez Trainspotting quando era novinha) como sua esposa. Não há o que reclamar do elenco individualmente e é melhor ainda quando estão contracenando. É uma maravilha ver os personagens serem construídos em camadas. O Javier atuando com o dono da loja, com o Josh, com a Kelly... Cada um deles representa uma camada que vai adicionando algo em nossa percepção sobre o Javier com o passar do tempo. Isto vale para outros personagens. Pegue todas as pessoas com quem o Josh Brolin atuou e você vai perceber também sua construção complexa. Só depois percebi que o Javier não matava todo mundo que cruzava o seu caminho. Normalmente ele costuma usar uma moeda para decidir. Parece absurdo mas se encaixa perfeitamente com sua mente psicótica. Alguns sabem domar a fera como a dona dos trailers e o Sugar a deixou viva sem consultar sua moeda. Mas no fundo eu queria que ele acabasse com ela. Há uma cena hilária de um grupo de mariachis cantando para o Josh, a fulga vai parar no México.

Deveria ser proibida a entrada de pessoas com alimentos barulhentos (=pipoca). Aquele longo e silencioso início no deserto do Texas ao som de crack-crack não é muito agradável. Aliás, o filme todo é assim seco, sem trilha sonora, lento. Eu achei fascinante esta narração árida quando vi A Criança dos Dardenne. Parece que tudo fica mais intensificado. Os momentos de suspense de Fracos são de primeira. Quem quase não teve um ataque cardíaco quando o Javier arromba a porta do quarto do Josh? Fracos explora um pouco de vários gêneros igualmente sem partir para um específico. É suspense, terror, ação, até lembra um filme noir. Nenhum estilo fica devendo ao outro. Perto dos Coen, os fracos não têm vez.

PS: Uma semana depois, descubro que entendi o filme todo errado.

Nota: *****

segunda-feira, 17 de março de 2008

Shiva, o Deus dos advogados honestos

Foi uma benção ter entrado Conduta de Risco, assim eu pude fugir de 10.000 a.C. já que a experiência só com o trailer dele foi sofrível. Conduta ainda não é o que mais quero ver e nem sei o que escrever sobre ele pra falar a verdade. Eu gostei mais ou menos porque achei confuso. As subtramas da vida do Michael Clayton (George Clooney) me atrapalharam. Não compreendi a história dele com o restaurante e nem com a família. Já a linha de desenvolvimento central foi mais fácil de seguir. Eu não gosto muito de filmes sobre advocacia, a área em si não me atrai. O lado bom é que Conduta não é um filme com cenas de tribunal como Um Crime de Mestre (se bem que gostei deste). Está mais para um suspense investigativo em vários momentos. Conduta serve melhor como instrumento para grandes atores mostrarem o que sabem fazer. As três indicações ao Oscar de atores são justificáveis.

George Clooney trabalha numa empresa de advocacia cujo objetivo é limpar a sujeira de seus clientes. Para entender até que ponto isto pode chegar, o Tom Wilkinson, um advogado também da empresa, foi à loucura após passar os últimos seis anos limpando o nome de uma companhia de produtos agrícolas acusada de utilizar substâncias cancerígenas. A Tilda Swinton (a feiticeira das Crônicas de Nárnia) é uma espécie de conselheira da companhia em questão. Os melhores momentos de Conduta são quando estes três atores estão se confrontando. Os diálogos são bastante afiados e aquela narração do Tom Wilkinson logo no início já prova isto. Foi dele que eu gostei mais. Tendo assistido este filme agora, eu nunca apostaria na vitória da Tilda para atriz coadjuvante. Ela tem uma presença de cena incrível mesmo só enxugando o suor das axilas. Queria que seu personagem tivesse uma participação maior.

Conduta foi escrito e dirigido pelo Tony Gilroy (assumiu a direção pela primeira vez e muito bem) que também trabalhou nos roteiros da trilogia Bourne (!). Em relação ao roteiro, só não gostei da criação de um clima de suspense na cena com o rapaz instalando uma bomba no carro do Clayton. O Clooney vem se aproximando e será que o rapaz vai sair do carro a tempo? É claro que vai! A cena já foi mostrada no começo do filme.

Que interessante! Acabei de ler uma sinopse do filme que esclareceu todas as minhas dúvidas. É óbvio que não irei mudar o meu primeiro parágrafo.

E para terminar este post que escrevi só para arquivar Conduta de Risco, assisti também No Vale das Sombras do Paul Haggis. O filme não é ruim mas não merece um texto. Quero ver o que entra na próxima semana.

Nota: ***

terça-feira, 11 de março de 2008

A pipa do vovô não sobe mais

A adaptação de O Caçador de Pipas deve ser a maior de um best-seller depois de O Código Da Vinci. A diferença é que o Caçador não poderia gerar um blockbuster. E isto explica a passagem discreta dele pelos cinemas. Algumas pessoas que conheço amaram o livro, outras nem tanto. Fui para o filme conhecendo o básico: dois garotos e amigos afegãos vivem felizes em Cabul nos anos 70, algo irá romper a amizade, um deles foge para os EUA com o pai, etc. É uma pena dizer que odiei quase tudo neste filme e nem é por ele ter sido o responsável por eu ter perdido a liderança num bolão do Oscar. E fui com tanta boa vontade assisti-lo! Deve ser difícil fazer uma amizade honesta entre duas crianças sem adicionar pieguices. Para mim ficou bonitinho demais. Lembrei agora daquele A Cura com o Brad Renfro que está descansando em paz. Ou não. Prefiro a amizade destes dois de A Cura do que a do Amir e Hassan no Caçador. Por enquanto, esta é a parte feliz da história. O lado delicado vem com um bully (valentão) que atormenta o Hassan por ele ser um hazara. Não tem toda aquela segregação étnica mostrada em Hotel Ruanda? Aqui é parecido, só que sem as guerras civis. A discriminação só ficava nas palavras (pelo menos é o que está no filme).

Mesmo com campeonatos de pipas, idas ao cinema e declarações quase amorosas (juro que não estou sendo maldoso porque se eu acredito na pureza da amizade dos hobbits da Terra-Média, não tenho motivo para fazer piadinhas com os afegãos) de um garoto para o outro, um mal estar vai destruindo a relação deles. Até agora eu não consegui entender a razão que levou ao rompimento. E não fui só eu! Pude ouvir as conversas de pessoas que perguntavam ao vizinho por que os garotos agiam daquela forma. Às vezes, eu nem sabia quem era o Amir e o Hassan, quem era o filho de quem. O Amir ficou decepcionado porque o colega preferiu ser fiel e acabou sendo estuprado? E por que o próprio Amir não interveio e impediu os valentões? Não dá para negar que é arrasador quando vemos o Hassan assumindo o roubo do relógio que ele não cometeu mas eu não conseguia acompanhar tais atitudes. Pode ser lerdeza minha. Parece que o roteiro não quer perder tempo moldando o caráter dos personagens.

Há duas cenas que considero marcantes durante a infância deles. A primeira é o estupro do Hassan que eu não fiquei chocado, só aquele sangue pingando na neve enquanto o garoto caminhava é que me causou um pequeno impacto. O curioso que não foi por pena dele e nem por raiva do bully. Como posso sentir raiva de um personagem mal construído que já entra em cena implicando? A outra cena marcante é quando o Amir fica jogando os tomates no Hassan pedindo para ele reagir e tudo o que este consegue fazer é esfregar um tomate na própria cara. Foi o momento mais sensível de todo o filme e o único que considero verdadeiro. O problema é justamente querer ser sensível demais. Parece que quer forçar o público a se comover. Em algumas cenas eu imaginava um letreiro gigante sobreposto piscando "CHOREM! CHOREM!". É claro que não estou menosprezando os horrores pelos quais estas crianças passaram. Só acho que para transformar isto num filme não precisa de exageros melodramáticos. Pois bem. Após humilhações e traições, os garotos perdem o contato. E com a ocupação soviética, Amir e o pai são obrigados a fugir do Afeganistão e vão para a América.

Começa a vida adulta do Amir (que é um dos terroristas do EXCELENTE Vôo United 93). Não tem muito o que falar sobre esta parte. Ele termina uma faculdade, se casa com a filha de uma família de afegãos que também vive na Califórnia e se torna escritor. Não dá para deixar de notar as tradições de repressão contra a pobre moça. Era só um aperitivo do que estaria por vir quando Amir volta a sua terra natal. Achei bem desnecessária a cena em que o pai dele sai do consultório porque o médico é russo. Eu só ri porque fui influenciado pelos outros. A pior parte vem a seguir quando Amir recebe um telefonema que o faz voltar ao Afeganistão em 2000.

O regime talibã está tomando conta do país. Então, a princípio, Amir vai ao Paquistão. É só colocar uma barba e um turbante que os talibaneses permitem a entrada no Afeganistão. O motivo da viagem de Amir logo ganha um novo sentido quando um segredo é revelado, digno de qualquer novela mexicana. Imagine quando Guadalupe conta ao seu filho Pedro Daniel que Jorge Luiz não é o seu verdadeiro pai. Amir é obrigado a repensar em tudo de mal que causou ao amigo de infância. A mensagem moralista da história é que nunca é tarde para se redimir. Somos obrigados a aturar isto por longos minutos enquanto vemos Amir em várias situações que o fará “corrigir” os erros do passado. As cenas de agressões físicas, perseguições e tiroteios não se encaixam na proposta do filme. Agora o pior momento de todos é a cena do apedrejamento da mulher adúltera para mostrar os horrores do regime talibã. Por que ela está lá se todos já conhecem os absurdos pregados por estes radicais extremistas? Se o filme não vai condenar, ela nem precisa estar lá. Também não está defendendo as práticas. Acredito que ser neutro é motivo de orgulho para o regime fundamentalista.

Nem vou mencionar o elenco do filme, olha o nome de um dos atores: Sayed Jafar Masihullah Gharibzada. Mas vou colocar os principais nos marcadores como sempre. A adaptação foi dirigida pelo Marc Forster de A Última Ceia e Em Busca da Terra do Nunca. Ainda não vi ambos. Eu tenho um certo fascínio pela região desértica do Oriente-Médio e com a ótima trilha sonora do filme dá para apreciar alguma coisa que não teria como somente lendo o livro.

Nota: ***

quarta-feira, 5 de março de 2008

Versão feminina de Ligeiramente Grávidos

Eu achei que fosse gostar bastante de Juno devido ao que aconteceu com Pequena Miss Sunshine em 2006/2007. Eu sabia que eram histórias distintas mas ambos foram distribuídos pela Fox Searchlight Pictures, tiveram um excelente desempenho nas bilheterias, foram um sucesso de críticas, receberam um Oscar pelo roteiro original e ganharam como melhor filme no Independent Spirit Awards. Como sou muito fã de Miss, estive empolgado durante meses por Juno. Pois é, não vi nada de mais nesta história da garota grávida. Não é que eu não tenha gostado de nada, apenas devo esquecer de tudo (exagero?!) nos próximos dias mesmo com aquela música chiclete da abertura. Não me causou nenhum impacto.

Juno (Ellen Page) é uma garota diferente de todas as outras. A gente está cansado disso, não? Acho que a personagem funcionou pelo ótimo trabalho da Ellen (eu nunca lembraria que ela esteve em X-Men). Sua Juno é carismática até a alma e acredito que o sucesso de público do filme foi ocasionado pela atriz. É maravilhoso como ela reflete a inocência e a maturidade nunca única pessoa. Mas não gostei de tudo nela. Certo dia ela resolve transar com seu melhor amigo/namorado (é um relação confusa mas simpática) e fica grávida. O garoto é feito pelo Michael Cera de Superbad. Ah, essa foi mais uma razão para assistir Juno. Estava ansioso para ver qualquer um da dupla de amigos num novo trabalho. Só que o Michael aqui não tem muito o que fazer.

Então Juno percebe que não tem coragem para fazer um aborto e decide ter o bebê para dar a um casal que não pode ter filhos. Jennifer Garner e Jason Bateman (da série Arrested Development) fazem o casal. Não sei se fui eu que não entendi os seus papéis mas eles me incomodaram do começo ao fim por não ter a certeza do porquê eles querem tanto o bebê da Juno. Juro que ainda acho que a Garner poderia ser chefe de uma quadrilha de tráfico de crianças. Não dá para entender se o que eles falam é verdade. Eu não confiaria nunca neles.

Não entendo porque todo este alarde em relação a Diablo Cody, ex-stripper que escreve um roteiro e ganha um Oscar. Qual é o problema em ter trabalhado (ou trabalhar) com sexo? Eu acho a Bruna Surfistinha inteligentíssima. Desde quando esta atividade é falta de inteligência por assim dizer? Aí eu me pergunto também se a Diablo foi premiada pela Academia porque sua protagonista desiste de um aborto. O prêmio de roteiro original era dela antes mesmo do anúncio mas parece que Juno dura mais de três horas.

Se eu tiver que destacar mais alguém do elenco além da Ellen, eles devem ser o J.K. Simmons, pai, e a Allison Janney (único trabalho no cinema em 2007 foi Hairspray), madrasta, da Juno. Gostei de como eles reagiram à gravidez dela e do ambiente familiar “esquerdista”. A cena em que eu mais entendi a Juno é quando ela brinca com um carrinho sobre o seu barrigão. Aparentemente é uma cena comum mas eu a classificaria como definitiva.

Eu defendo Juno (direção do Jason Reitman do ótimo Obrigado Por Fumar) apenas como um filme despretensioso e até divertido. Querer elevá-lo a um certo patamar de glorificação é exagero.

Nota: ***

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Eu seguro melhor a câmera

Os críticos que foram generosos com Cloverfield dizem que o melhor do filme foi o fato de terem deixado o monstro como pano de fundo para a história dos personagens. Eu concordo perfeitamente com a afirmação. O problema é que a história dos personagens é muito, mas muito, menos interessante do que ver o distrito de Manhattan sendo destruído. Sinta o drama. A mensagem do filme é que uma catástrofe serve para que os pombinhos descubram o amor de um pelo outro. Parece que esta mensagem e a falta da mitologia do Clover não agradou o público. Exemplificando com o Brasil: o filme estreou em segundo lugar, na semana seguinte caiu para décimo primeiro e agora está em décimo nono. O boca-a-boca esperado não aconteceu. Acho que aconteceu o efeito inverso com as pessoas convencendo os amigos a não perderem tempo com este Godzilla fajuto. Ocorreram as mesmas quedas bruscas nos EUA. Existia um certo hype ao redor dele o que justifica a boa estréia. Há meses sua propaganda vinha sendo feita, através da internet também. A Bruxa de Blair não teve os mesmos meios de divulgação que os produtores de Clover (o badalado J.J. Abrams é um deles) tiveram e mesmo assim Bruxa foi um tremendo sucesso porque o boca-a-boca aconteceu. Até hoje nunca assisti Bruxa (tem a sequência que ninguém viu), por isso Clover foi minha primeira vez com um filme contado através da câmera de um dos personagens. E não fiquei com náuseas!

Cloverfield não ganharia mais pontos se o monstro nunca fosse revelado? Eu preferia deste jeito. Eu gostei muito da cena onde apenas a calda do bicho aparece partindo a ponte no meio. É aterrorizante. Mas a cada cena, mais detalhes dele vão sendo revelados até chegar o momento em que o seu rosto fica em close. Se é para mostrar tudo, então explicasse o que aconteceu com ele, de onde veio, etc. Epa! Acabei de descobrir que já está marcada uma continuação para 2009... Isto é motivo para eu desgostar mais da primeira parte.

Seria melhor também se seguisse o exemplo de Vampiros de Almas. A primeira adaptação para o cinema do livro Invasores de Corpos foi dirigida pelo Don Siegel em 1956 e ganhou o título de Vampiros de Almas. Tinha toda a questão implícita nele da perseguição aos comunistas pelo senador Joseph McCarthy. Vampiros funciona quando você o enxerga desta forma. E Cloverfield reflete os ataques do 11/9? Se sim então não faz sentido mostrar o Exército mandando bala no monstro. Do jeito que ficou, só aproveitei mesmo as cenas de destruição quando não sabia ainda a forma da criatura. E só vou creditar nos marcadores o diretor e o T.J. Miller que é quem segura a câmera porque o vi no David Letterman.

Nota: ***

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Escondam o microfone do gângster

Eu não estava muito disposto para enfrentar um filme com mais de 150 minutos. Mas O Gângster do Ridley Scott é tão envolvente que você lamenta quando acaba. As ótimas atuações de Denzel Washington, Russell Crowe e elenco, um roteiro sem enrolações e a firmeza do Scott fazem do Gângster um filme imperdível, principalmente com as opções atuais por aqui. É a história verídica de Frank Lucas (Washington), negro americano que passa de motorista ao maior comerciante de heroína dos EUA na década de 70. O negócio de Frank é o melhor porque ele não tem um fornecedor, recebe direto a mercadoria do produtor asiático trazida clandestinamente nos aviões do exército americano no Vietnã. Assim ele pode vender mais barato e ter mais prestígio do que os concorrentes brancos da máfia italiana, sem mencionar o fato da droga ser 100% pura. A coisa foi tão lucrativa que Frank somou uma fortuna de 250 milhões de dólares. Na contramão, temos Richie Roberts (Crowe), o policial mais honesto que você possa imaginar. Richie será encarregado de comandar uma equipe (uma espécie de Intocáveis) que vai combater somente contra o grande tráfico.

É bom ver como o filme não se trata apenas de uma luta entre polícia e bandido dentro dos valores que conhecemos. Enquanto Richie se orgulha de sua honestidade ao recusar dinheiro do tráfico e denunciar os colegas corruptos, ele não consegue a guarda do filho. Frank pode ser frio e violento mas a primeira coisa que faz quando começa a encher o bolso é dar uma casa para a mãe (Ruby Dee). Tem também o Josh Brolin (espero ansiosamente por Onde Os Fracos Não Têm Vez) que faz o lado corruptível da polícia. É só receber uma boa quantia todo mês do Frank e todo mundo fica em “paz”. A Ruby está magnífica no pouco tempo que está em cena. Até vou torcer para ela no próximo dia 24 mesmo sem ter visto ainda as outras concorrentes de atriz coadjuvante. E querer conhecer os indicados antes da premiação não é algo possível morando aqui.

Os anos antes da queda do império do Lucas foram uma espécie de época de ouro para os comerciantes e consumidores. Imagine ter três quartos dos policiais de Manhattan envolvidos não somente com as organizações do tráfico como também tirando uma grana extra através de outros meios. Não é à toa que Frank pode matar ao ar livre em plena luz do dia e sair andando como se nada tivesse acontecido. O Gângster tem cara de filme violento mas até que está bem dosado. Só o último tiroteio no prédio de produção da Lucas Inc. foi um pouco desnecessário, parece que foi para seguir a fórmula. Há uma cena que ainda não esqueci de um bebê chorando na cama e sua mãe morta ao lado de overdose.

Nunca vi um microfone aparecer tanto no topo da tela como neste. O lado positivo é que num filme como O Gângster, isto é um mero detalhe insignificante.

Nota: ****

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Que lenda?

A lenda do título é referência ao filme do Will Smith e não ao do Nicolas Cage. Aliás, este último é a continuação de uma primeira parte que nunca ouvi falar. É um horror em quase dois meses só ter ido assistir três filmes. As opções aqui estão péssimas. Há um ano atrás, foi a vez de À Procura da Felicidade que não achei lá essas coisas. Agora o astro de início de ano vem com Eu Sou A Lenda que achei bem pior. Nunca assisti muita coisa do Will Smith, seus quatro últimos vi com certeza. Por enquanto, ele fica me devendo. A premissa deste mais novo parece interessante. O ator sozinho em uma Big Apple abandonada. Isto daria um filme bastante profundo mas Lenda não passa de um filme de luta com monstros (vampiros mais modernos) que não param de rugir quando encontram o Will.

Um vírus que prometia ser a cura do câncer causa a morte de 99% da população mundial. Will faz um cientista imune (não lembro o porquê) ao vírus e pesquisa a cura enquanto tem Nova Iorque aos seus pés. Os humanos infectados ficam raivosos e sensíveis à luz (por que uns morrem e outros viram monstros? Não prestei atenção). Enquanto ele tinha o filho como parceiro em Felicidade, agora o garoto cedeu a vez a um cachorro pastor-alemão. Lembrei até da cena do Will com o filho no banheiro do metrô quando apareceu ele agora com o seu cão numa banheira. Lenda falha em tentar mostrar o cotidiano do protagonista. Como gastar o tempo do filme só tendo um ator para dirigir na maior parte? Tem o Will se exercitando, dando banho no cachorro, conversando com manequins... Achei mais interessante ficar pensando se eu fosse o último sobrevivente do planeta (sem monstros). Preencheram o tempo com alguns flashbacks mas eu colocaria tudo como um prólogo. E eu nem achei os ângulos escolhidos pelo Francis Lawrence (Constantine) para mostrar NY vazia tão deslumbrantes. Mas gostei do Will jogando golfe em cima da asa do avião.

Há momentos bem irritantes. O maior deles é o “Damn it, Fred!!”. Fred é um manequim que o Will encontra e discute achando que é um humano. Depois ele manda bala no boneco. Dá para entender que viver naquela situação o individuo pode enlouquecer mas que é irritante ver o Will gritando com um boneco, isto é. Ele chega a conversar com outros manequins numa locadora mas esta cena é simpática. Todas aparições dos monstros são brochantes. Eles nem são assustadores. Acontece que há umas partes em que eles entram em cena de repente e os efeitos sonoros aumentam. São os típicos sustos de suspense meia boca.

Alice Braga surge depois da metade do filme como uma sobrevivente que ouve a transmissão que o Will envia todos os dias na esperança de alguém captar. Coitada. É triste só ser lembrada pelo papel de alguém que nunca ouviu falar do Bob Marley. É uma cena constrangedora. Tal capacidade de não conhecer o Bob se sobressai ao papel importantíssimo da atriz no desfecho da história. Lamentável.

Nota: **

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Qualquer recuperação é viável

Mais um filme nacional está fazendo bonito nas bilheterias brasileiras. Permanecer três semanas em cartaz aqui em Maceió e com sessões bem cheias é um grande mérito. Eu já tinha gostado do trailer de Meu Nome Não É Johnny antes. Agora que vi o produto completo, posso afirmar que é melhor ainda. A história baseada em fatos reais - a grande propaganda do filme está justamente na divulgação de que é uma história verídica - conta a vida de João Guilherme Estrella, rapaz da classe média carioca que se tornou o maior comerciante de drogas do Rio entre os anos 80 e 90, foi julgado e reintegrado à sociedade em 1997. Hoje trabalha como cantor, produtor e compositor de música. João tem até dado umas entrevistas recentemente por causa do filme. Por não fazer julgamentos e não querer dar lições de moral, gostei bastante do filme. Até porque o João não é retratado como um dependente químico, ele foi usuário também mas entendi que o vício não chegou a se tornar um problema. Enquanto Trainspotting e Réquiem Para Um Sonho (meus preferidos sobre drogas) focam o consumo, Johnny destaca o comércio então não o vejo tanto como um trabalho educacional. Johnny trata mais de assuntos como a situação do sistema carcerário, policiais civis corruptíveis e de uma possível facilidade em comprar o pózinho branco.

O filme começa bem chatinho com a infância e adolescência de JGE mas felizmente acho que nem chega a durar quinze minutos. Já crescido, Selton Mello entra em ação encarnando o protagonista. Ele não trabalha, só vive de festas em seu apartamento onde as substâncias ilícitas são permitidas, tem um pai doente, a mãe (Júlia Lemmertz) foi embora... Um certo dia, Johnny tem a chance de negociar com um fornecedor e acaba levando jeito para a coisa. Quando seu primeiro fornecedor é preso, de quem ele vai pegar agora? Da Eva Todor! São situações assim que vão impulsionando o filme porque, no fundo, a maior parte dele é uma grande diversão. Não é tão divertido como pretende ser mas há realmente alguns momentos hilários. A fama de Johnny vai se espalhando e os negócios vão se tornando mais lucrativos chegando a ter compradores estrangeiros. Não sei se é a vida que ele sempre quis, mas com certeza é uma etapa de onde ele quer tirar o maior proveito. Cléo Pires faz sua namorada mas não é uma parceira de crime, apenas testemunha e consumidora. A Cléo está melhor do que eu esperava, talvez seu personagem tenha ficado um pouco nebuloso. Será que ela amava de verdade o João ou só queria torrar a grana em Barcelona e Veneza? O elenco coadjuvante está excelente. Há muitos desconhecidos e a Cássia Kiss que faz a juíza que decidirá o futuro de JGE após ele ter sido convidado a ver o sol nascer quadrado.

O drama deixa de lado as razões que o levaram ao envolvimento com as drogas. Entendi que ele se envolveu porque quis sem nenhuma pressão exterior. A gente vê um certo desequilíbrio familiar no começo mas acredito que não seja justificativa. Isto me lembra o irregular Aos Treze com a Evan Rachel Wood que prega o contrário: a falta de uma estrutura familiar é o fator responsável pelo "mal comportamento" dos nossos adolescentes. Ainda bem que Meu Nome Não É Johnny não explora nada disso, João nem é rebelde. Está mais para vendedor de peixe. É sério! Abriu uma peixaria e vendia os bichos recheados.

Quando Johnny é preso, pode parecer que o filme perderá o ritmo mas isto não acontece. Algumas cenas no presídio e no hospício parecem fictícias mas o que importa é que o público se divertiu bastante. Acho que estão lá só para criar um equilíbrio com o tom mais sério do descaso com os detentos e da superpopulação. Não pude deixar de notar que o João era o único branco na cela e ali do lado havia a cela só para africanos. Será que precisava disso? As cenas das audiências estão ótimas graças as atuações de Cássia Kiss e Selton Mello. O momento mais terno é quando ele desabafa dizendo que desconhecia o que é fora e dentro da lei (é marcante no trailer). A juíza feita pela Cássia é a autora da frase exibida no final que resume tudo o que acabamos de assistir. Ela diz que o caso do João Guilherme mostra que qualquer recuperação é viável. Outra grande cena é ela em seu apartamento refletindo sobre a sentença. Direito pode ser uma ciência exata? Eu acho assustador o destino de alguém estar nas mãos de uma determinada pessoa.

Mauro Lima assumiu a direção desta produção baseada no livro de mesmo nome. Ele foi o produtor de Lisbela e o Prisioneiro que também tem o Selton e dirigiu anteriormente Tainá 2. Ainda é um novato no ramo e teve seu nome mais exposto agora devido à história de Johnny Starr.

Nota: ****

domingo, 20 de janeiro de 2008

Retrato da solidão

Alguém fala no documentário de 2005 da Madonna que a paz é muito mais do que a ausência de guerras. E eu diria que solidão é muito mais do que a falta de sociabilidade. Este é o tema do filme Medos Privados em Lugares Públicos do diretor francês Alain Resnais. Já ouvi muito sobre ele em 2007 no Cineview do Telecine porque ficou um bom tempo entre os dez mais vistos da semana. Mas só agora tive a chance de ver e foi o meu primeiro filme deste ano. Queria ter conferido Encantada e A Bússola de Ouro, o enorme fracasso da New Line Cinema em transformar a trilogia Fronteiras do Universo no novo O Senhor dos Anéis. Ambos já não estão mais em cartaz e por falta de oportunidade e motivos de viagem, tive que deixar passar. Mas a verdade é que não fazem falta e ter começado o ano com Medos Privados é indescritível. Aliás, ele entrou na lista dos melhores de 2007 da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro.

Medos Privados é um retrato melancólico sobre solidão envolvendo seis personagens que interagem entre si num bairro parisiense. Tem o casal em crise conjugal que procura um novo apartamento, a dupla de irmãos que buscam um relacionamento, o bartender de um hotel e a secretária religiosa de uma imobiliária que esconde um segredo. Há uma cena no começo de um bar vazio de hotal que reflete bem a temática do filme. O que vem em seguida são situações do cotidiano urbano de pessoas que "sofrem" de solidão. Sofrer não é a palavra adequada porque os personagens não estão, de fato, sofrendo e nem vivem chorando por aí. É, no máximo, uma situação que eles tentam amenizar. As inúmeras tentativas mal sucedidas de revertê-la os fazem refletir se há realmente um obstáculo a ser vencido. Um deles resume perfeitamente quando diz que a vida não passa de uma jornada solitária. Ninguém ali é anti-social. Alguém pode discordar e dizer que eles sofrem já que não vivem assim por opção e sim por uma imposição da vida. Eu acho que a diferença está no fato de você considerar isto um problema ou não. E o final do filme deixou claro que os seis personagens sabem que o destino de cada um é este. É um caminho triste, saí da sessão um pouco abalado por causa disso. Mas se todos arrumassem um par romântico, o filme não valeria de nada. Medos Privados não é para ter nenhum fabuloso destino como o de Amelie Poulain.

Você não tende a gostar mais de um filme quando se identifica com ele? Sem querer deixar o texto muito pessoal, eu sei que não sou a pessoa mais sociável que existe então pude me ver na pele daqueles seis personagens. Cada um deles carrega algo meu. Mas não foi só por isso que gostei. Mesmo que o filme não tenha nada a ver com você, não tem como deixar de se cativar por algumas das cenas cômicas ou se comover em outras. Por exemplo, achei comovente a personagem Gaëlle que sai todas as noites e senta num restaurante esperando por alguém que nunca vai chegar. Todos os seis atores principais (coloquei os nomes deles na lista de marcadores) fizeram um excelente trabalho, foi como se o diretor nunca precisasse dizer o que deveriam fazer. Para reforçar o objetivo do filme e envolver mais o público, a equipe de fotografia moderou no uso das cores deixando os ambientes mais monocromáticos. Aquela trilha sonora no piano é de uma objetividade incrível. Ainda tem a neve usada constantemente como alguma simbologia e até de forma alegórica para a solidão. Imagino que tenha sido por alguma razão bem pessoal do Resnais.

Acho que só assisti três filmes franceses em 2007. O desenho As Bicicletas de Belleville, Caché do Michael Haneke e Amelie Poulain que estava na lista há muito tempo. Três estilos diferentes e todos memoráveis. Nem estou contando um em língua inglesa dirigido pelo François Truffaut. Gostei muito de Medos Privados. O Escafandro e a Borboleta acabou de ganhar o Globo de Ouro de Filme Estrangeiro. Não é uma produção 100% francesa mas é falada na língua. Então é mais um para aguardar.

Nota: ****

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Vistos em 2008

1. X-Men: O Confronto Final (Brett Ratner)
2. Tomates Verdes Fritos (John Avnet)
3. A História Real (David Lynch)
4. A Promessa (Jean-Pierre Dardenne / Luc Dardenne)
5. Medos Privados Em Lugares Públicos (Alain Resnais)
6. Estrada Para Perdição (Sam Mendes)
7. O Baile (Ettore Scola)
8. Feira Das Vaidades (Mira Nair)
9. Corra Que A Polícia Vem Aí! (David Zucker)
10. Uma Noite No Museu (Shawn Levy)
11. Nacho Libre (Jared Hess)
12. 21 Gramas (Alejandro González Iñárritu)
13. O Grande Lebowski (Joel Coen)
14. Prazeres Desconhecidos (Jia Zhang Ke)
15. Meu Nome Não É Johnny (Mauro Lima)
16. Marcas Da Violência (David Cronenberg)
17. Soldado Anônimo (Sam Mendes)
18. Alpha Dog (Nick Cassavetes)
19. Psicocapata Americano (Mary Harron)
20. Um Lugar Chamado Notting Hill (Roger Michell)
21. Borat (Larry Charles)
22. Albergue Espanhol (Cédric Klapish)
23. Os Intocáveis (Brian De Palma)
24. Amores Parisienses (Alain Resnais)
25. Edward Mãos De Tesoura (Tim Burton)
26. O Senhor Das Armas (Andrew Niccol)
27. Na Roda Da Fortuna (Joel Coen)
28. Eu Sou A Lenda (Francis Lawrence)
29. O Gângster (Ridley Scott)
30. Conduzindo Miss Daisy (Bruce Beresford)
31. Bonecas Russas (Cédric Klapish)
32. Boa Noite E Boa Sorte (George Clooney)
33. Uma Verdade Incoveniente (Davis Guggenheim)
34. Cloverfield – Monstro (Matt Reeves)
35. Footloose – Ritmo Louco (Herbert Ross)
36. Gosto De Sangue (Joel Coen)
37. Asas Do Desejo (Wim Wenders)
38. Juno (Jason Reitman)
39. O Último Rei Da Escócia (Kevin Macdonald)
40. O Caçador De Pipas (Marc Forster)
41. Lições De Vida (Jeremy Brock)
42. A História De Adele H. (François Truffaut)
43. No Vale Das Sombas (Paul Haggis)
44. A Malvada (Joseph L. Mankiewicz)
45. Sem Licença Para Dirigir (Greg Beeman)
46. O Hospedeiro (Joon-ho Bong)
47. A.I. - Inteligência Artificial (Steven Spielberg)
48. Conduta De Risco (Tony Gilroy)
49. Um Bom Ano (Ridley Scott)
50. Terra De Ninguém (Danis Tanovic)
51. A Noviça Rebelde (Robert Wise)
52. Por Água Abaixo (David Bowers / Sam Fell)
53. Sob O Céu Do Líbano (Randa Chahal Sabag)
54. Onde Os Fracos Não Têm Vez (Joel Coen / Ethan Coen)
55. Notas Sobre Um Escândalo (Richard Eyre)
56. Os Irmãos Grimm (Terry Gilliam)
57. Filhos Da Esperança (Alfonso Cuarón)
58. Jumper (Doug Liman)
59. Os Caçadores Da Arca Perdida (Steven Spielberg)
60. Elizabeth: A Era De Ouro (Shekar Khapur)
61. Sangue Negro (Paul Thomas Anderson)
62. O Assassinato De Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (Andrew Dominik)
63. Dama Por Um Dia (Frank Capra)
64. O Último Samurai (Edward Zwick)
65. O Despertar De Uma Paixão (John Curran)
66. Daunbailó (Jim Jarmusch)
67. Jogos Do Poder (Mike Nichols)
68. Solaris (Steven Soderbergh)
69. O Bom Pastor (Robert De Niro)
70. A Vida Dos Outros (Florian Henckel von Donnersmarck)
71. O Orfanato (J. A. Bayona)
72. Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco Da Rua Fleet (Tim Burton)
73. Dead Man (Jim Jarmusch)
74. Bubble (Steven Soderbergh)
75. Sunshine – Alerta Solar (Danny Boyle)
76. Coração Valente (Mel Gibson)
77. Kolya - Uma Lição De Amor (Jan Sverak)
78. Razão E Sensibilidade (Ang Lee)
79. Sobre Café E Cigarros (Jim Jarmusch)
80. C.R.A.Z.Y. - Loucos De Amor (Jean-Marc Vallée)
81. Walk On Water (Eytan Fox)
82. Sicko - S.O.S. Saúde (Michael Moore)
83. Senhores Do Crime (David Cronenberg)
84. O Mundo (Jia Zhang Ke)
85. Piaf – Um Hino Ao Amor (Olivier Dahan )
86. Fargo – Uma Comédia De Erros (Joel Coen)
87. Meninas Malvadas (Mark Waters)
88. Cantando Na Chuva (Gene Kelly / Stanley Donen)
89. Conta Comigo (Rob Reiner)
90. Os Goonies (Richard Donner)
91. Como Eliminar Seu Chefe (Colin Higgins)
92. Mary Poppins (Robert Stevenson)
93. Como Eu Festejei O Fim Do Mundo (Catalin Mitulescu)
94. A Batalha De Argel (Gillo Pentecorvo)
95. Vênus (Roger Michell)
96. As Patricinhas De Beverly Hills (Amy Heckerling)
97. M.A.S.H. (Robert Altman)
98. Across The Universe (Julie Taymor)
99. Apocalypto (Mel Gibson)
100. Desejo E Reparação (Joe Wright)
101. Curtindo A Vida Adoidado (John Hughes)
102. Mulher Nota 1000 (John Hughes)
103. Miss Potter (Chris Noonan)
104. Ponte Para Terabítia (Gabor Csupo)
105. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Woody Allen)
106. Roma De Fellini (Federico Fellini)
107. Estômago (Marcos Jorge)
108. Chega De Saudade (Laís Bodanzky )
109. The Rolling Stones – Shine A Light (Martin Scorsese)
110. Apocalypse Now (Francis Ford Coppola)
111. Wall-E (Andrew Stanton )
112. Hellraiser – Renascido Do Inferno (Clive Barker)
113. Viagem Ao Mundo Dos Sonhos (Joe Dante)
114. Os Deuses Devem Estar Loucos (Jamie Uys)
115. Mississipi Em Chamas (Alan Parker)
116. Batman Begins (Christopher Nolan)
117. Em Busca Da Terra Do Nunca (Marc Forster)
118. Fim Dos Tempos (M. Night Shayamalan)
119. Colheita Maldita (Fritz Kiersch)
120. Menina Má.com (David Slade)
121. Naufrágo (Robert Zemeckis)
122. A Bruxa De Blair (Daniel Myrick / Eduardo Sanchez)
123. Não Por Acaso (Philippe Barcinski)
124. Amor À Flor Da Pele (Wong Kar-Wai)
125. Um Tira Da Pesada (Martin Brest)
126. O Homem Elefante (David Lynch)
127. Maus Hábitos (Pedro Almodóvar)
128. O Que Eu Fiz Para Merecer Isso? (Pedro Almodóvar)
129. A Lei Do Desejo (Pedro Almodóvar)
130. Batman - O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan)
131. Mulheres À Beira De Um Ataque De Nervos (Pedro Almodóvar)
132. Kika (Pedro Almodóvar)
133. Bully (Larry Clark)
134. A Flor Do Meu Segredo (Pedro Almodóvar)
135. O Sonho De Cassandra (Woody Allen)
136. Tempestade De Gelo (Ang Lee)
137. Hancock (Peter Berg)
138. Por Uns Dólares A Mais (Sergio Leone)
139. Um Lugar Na Platéia (Danièle Thompson)
140. Magnólia (Paul Thomas Anderson)
141. Taxi Driver (Martin Scorsese)
142. Persépolis (Vincent Paronnaud / Marjane Satrapi)
143. A Culpa É Do Fidel (Julie Gravas)
144. Um Beijo Roubado (Wong Kar-Wai)
145. Blade Runner – O Caçador De Andróides (Ridley Scott)
146. Era Uma Vez... (Breno Silveira)
147. Amargo Reencontro (Richard Linklater)
148. E.T., O Extra-Terrestre (Steven Spielberg)
149. Fale Com Ela (Pedro Almodóvar)
150. Boogie Nights (Paul Thomas Anderson)
151. Na Natureza Selvagem (Sean Penn)
152. O Nevoeiro (Frank Darabont)
153. O Garoto (Charles Chaplin)
154. A Fantástica Fábrica De Chocolate (Tim Burton)
155. Escritores Da Liberdade (Richard LaGravenese)
156. O Último Dos Moicanos (Michael Mann)
157. Cassino (Martin Scorsese)
158. 2046 – Os Segredos Do Amor (Wong Kar-Wai)
159. Mr. Vingança (Park Chan-Wook)
160. Hellboy 2 – O Exército Dourado (Guillermo Del Toro)
161. As Leis De Família (Daniel Burman)
162. O Clube Dos Cinco (John Hughes)
163. Os Desafinados (Walter Lima Jr.)
164. Simplesmente Alice (Woody Allen)
165. Alô, Dolly! (Gene Kelly)
166. Na Cama (Matías Bize)
167. Amar... Não Tem Preço (Pierre Salvadori)
168. Control (Anton Corbijn)
169. Cidade De Deus (Fernando Meirelles)
170. Mamma Mia! - O Filme (Phyllida Lloyd)
171. O Sobrevivente (Werner Herzog)
172. O Grande Dragão Branco (Newt Arnold)
173. Linha De Passe (Walter Salles / Daniela Thomas)
174. Ensaio Sobre A Cegueira (Fernando Meirelles)
175. Bicho De 7 Cabeças (Laís Bodanzky)
176. Garçonete (Adrienne Shelly)

domingo, 30 de dezembro de 2007

2007

É uma situação tão triste quando você não consegue fazer uma lista dos 10 preferidos do ano por falta de opção. Pois é. A minha lista só vai conter sete e não vou adicionar mais três só para tapar buraco. Eu queria escolher os dez com bastante gosto mas não foi possível. Considerei os filmes de 2007 aqueles que efetivamente vi no cinema durante os últimos doze meses.

7 - Os Simpsons – O Filme: O ano teve uma boa safra de desenhos e animações que se salvaram e o campeão sem pensar muito foi a família de Springfield. Muito provavelmente Ratatouille deveria estar na lista mas como preciso ver de novo, achei melhor não colocar aqui. Ainda não vi as abelhas do Jerry Seinfeld.

6 - Bubble: Versão israelense moderna de Romeu & Julieta com consciência política e social. Filme angustiante.

5 - Superbad – É Hoje: A reinvenção da comédia adolescente em grande estilo. Eu lembro que ainda ria das piadas dias depois de ter visto. Os meses passaram e não lembro tanto de Ligeiramente Grávidos.

4 - Hairspray – Em Busca da Fama: O musical da garota diferente que quer ser famosa foi a coisa mais contagiante que vi este ano.

3 - Pecados Íntimos: O filme mais antigo desta lista faz refletir sobre os nossos conceitos morais e o elenco está impecável.

2 - O Ultimato Bourne: Ação inteligente do começo ao fim e se for dirigida por Paul Greengrass, melhor ainda. Imperdível.

1 - Tropa de Elite: Não achei que a pirataria fosse prejudicar tanto a sua performance. 2,5 milhões de espectadores foi muito pouco comparado aos 10 milhões que assistiram em casa. Independente de acusações de fascismo, Tropa deve ter sido o filme brasileiro mais audacioso já feito e impressiona pelo realismo. Eu vou com a maioria do povo brasileiro e escolho Tropa de Elite como o meu filme preferido de 2007.

Resolvi também "premiar" outros títulos do ano nas categorias a seguir:

"De novo nunca mais": Stardust - O Mistério da Estrela. Filme que você pode suportar uma vez mas duas é pedir demais.

"Não excedeu as expectativas": Dreamgirls – Em Busca de um Sonho. Queria muito assistir e gostei bastante. Só que não foi tudo aquilo que achei que fosse.

"Menção honrosa": Primo Basílio. Sabe aquele filme que você recomenda independente de ser bom ou ruim?

"Meu arrependimento": Jogos Mortais 4. Vergonha de ter sido tão positivo.

"Merece um segunda chance": Shrek Terceiro. A quantidade de piadinhas sem graça me irritou tanto neste Shrek. Acho que eu gostaria mais se assistisse de novo.

"Caça-níquel": Piratas do Caribe – No Fim do Mundo. Esvaziar o bolso do público é a principal tarefas destes piratas.

"Bomba": Nunca É Tarde Para Amar. É muito melhor você detonar um filme de um diretor conceituado. Eu nem precisaria me incomodar com esta comédia romântica com a Michelle Pfeiffer e o Paul Rudd mas este foi o meu pior filme de 2007.

sábado, 29 de dezembro de 2007

O velho e o novo

Eu participei de uma enorme maratona de filmes (1 François Truffaut, 1 Sergio Leone, 3 Wim Wenders, 1 Robert Altman) no Telecine Cult em dezembro que fiquei desanimando com as opções atuais nos cinemas. Então tive que ir mais uma vez à uma sessão de arte para assistir um filme chinês chamado Em Busca da Vida do diretor Jia Zhang Ke. Escolhi este porque foi o vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2006. Sempre dou uma atenção a mais aos filmes premiados nos principais festivais - Cannes é o meu preferido. Tenho uma meta para ver os vencedores da Palma de Ouro, é difícil mas consegui ver três deles este ano: "Kagemusha" (1980), "Paris, Texas" (1984) e "A Criança" (2005).

Em Busca da Vida conta duas histórias paralelas de dois personagens que retornam a uma cidade à procura de seus cônjuges. Apesar da trama convencional, vale observar como o diretor explora o aspecto humano dos seus personagens, um pouco da cultura chinesa e as transformações que vêm ocorrendo naquela região do país. Ainda tem as paisagens deslumbrantes principalmente uma que ficou na cabeça de uma balsa num rio cercado por montanhas, é quase onírica. O ritmo lento pode prejudicar a sua absorção porque cansa um pouco e você só vai tirar o maior proveito se for atento a todos os detalhes. Sim, há detalhes que podem passar despercebidos. A falta deles não irá atrapalhar a compreensão mas servem para engrandecer a trama. É bom prestar atenção também na habilidade do Zhang Ke com a câmera. A magnitude das cenas é a junção do primeiro plano onde estão os atores com a paisagem ao fundo que narra um acontecimento (por exemplo, a foto que escolhi para o post).

Gostei de como o rio principal do filme divide a mesma nação em mundos diferentes. De um lado, é uma China mais desenvolvida e violenta. Do outro, uma população que parece anos atrasada e mesmo assim já usam celular como item de sobrevivência. Mundos distantes que preservam alguma característica do outro lado.

Mesmo com os meus comentários acima, achei o filme quase neutro. Não tenho motivo para desgostar e nem o achei fantástico. Talvez faltou um roteiro com meio e fim. Como você fica com aquela incerteza sobre aonde o filme vai chegar, achei que foi finalizado no meio. E o que significa aquele edifício que decola como um foguete? E o disco voador? É tão estranho que assusta. E este foi meu último filme de 2007.

Nota: 7,0

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A culpa é sempre do seu superior

Eu nunca parei para pensar quem seriam os meus diretores preferidos. Alguns nomes vieram à tona agora e considerando somente aqueles que estão em atividade, o dinamarquês Lars von Trier é um deles. Fui assistir a sua comédia O Grande Chefe que foi feita sem pretensão nenhuma como o próprio diretor narra durante o filme. É como se um dia ele tivesse acordado sem nada para fazer e quisesse bolar algo que não costuma fazer: comédias. Chefe é mais experimental também porque o diretor deixa de lado regras do movimento Dogma 95 e chega a usar uma técnica em que os movimentos das câmeras são controlados por computadores sem intervenção humana. Eu prefiro o LvT usando a câmera na mão e escrevendo sobre a sociedade americana (Dançando No Escuro, Dogville e Manderlay), é o que ele sabe fazer melhor. Eu saí com uma ótima impressão da "brincadeira", até porque vi numa sessão de arte (só assim para este tipo de filme) mas por uma questão pessoal, não é o meu tipo de humor preferido. Mas como é do LvT, eu respeitei quando um crítico o colocou em sua lista dos 10 melhores do ano.

O chefe de uma empresa a comanda recebendo as ordens de um fictício chefe maior. Quando ele decide vendê-la, o comprador exige conhecer o tal todo poderoso então um ator é contratado para exercer o papel. Logo ele vai descobrir que já tem uma imagem entre os funcionários. O Lars quis proporcionar uma reflexão sobre as relações interpessoais num ambiente coorporativo através de uma abordagem mais escrachada. Eu me identifiquei com a cena final do discurso de despedida porque a gente sabe que não é tão diferente na vida real mesmo que pareça absurda no filme. Eu presencei um momento parecido há pouco tempo. Algumas situações funcionaram porque o público se envolveu. Houveram outras em que ninguém reagia como o diretor esperava e o silêncio desconfortante dominava. A edição despreocupada com a continuidade pode parecer um estilo cult mas acho que neste caso não faz ninguém apreciar mais o filme. Uns dois ou três personagens me pareceram desnecessários. Gostei das cenas com a mocinha do RH e com a outra que recebe a proposta de casamento por email.

O Grande Chefe é o meu filme menos preferido do Lars von Trier por enquanto e mesmo assim está muito acima da média das outras opções atuais por aqui. Finalmente Wasington já foi confirmado para 2009. A temática de Chefe me lembrou outro filme chamado O Que Você Faria? (produção entre Espanha, Argentina e Itália) que deve ser o meu preferido sobre os ambientes empresariais. Este ano eu vi também um filme chamado Querida Wendy e perto do final fiquei pensando como tinha a cara do LvT. Para a minha surpresa, quando os créditos finais subiram, adivinhem quem era o roteirista!

Nota: 7,0

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Emprego com os dias contados

Assisti A Lenda de Beowulf e nunca cochilei tanto numa sala de cinema. Não sei como mas mesmo assim acabei gostando desta mais nova animação do Robert Zemeckis que usou os mesmos princípios do Expresso Polar. Eu poderia assistir novamente sem problemas e garanto que não é só para pegar o que perdi durante os meus cochilos. Há algumas conclusões que eu tirei por achar que suas dicas estavam implícitas mas se estavam visíveis, apareceram quando fiquei inconsciente. Também posso estar totalmente enganado. Beowulf foi o primeiro poema épico escrito em língua moderna (inglês) que se tem conhecimento e o seu autor é desconhecido. Foi esta a fonte para Tolkien escrever O Senhor dos Anéis. E como a abordagem original é muito mais interessante! Prefiro muito mais a jornada do Beowulf do que a do Aragorn. Analisando o conjunto da obra, é claro que sempre irei preferir os Anéis mas não tem como negar que os dilemas do Beowulf são mais atraentes.

Havia um castelo na Dinamarca 500 d.C. cujo rei (Anthony Hopkins) adorava libertinagem, festas e compartilhava sua riqueza com o povo. O barulho das festas soa mortal para o demônio Grendel, uma criatura que mora num pântano próximo e é tão feio que faz o Gollum parecer modelo da Victoria's Secret. Em cada festa, Grendel invade o castelo e acaba com a vida de meio mundo de gente de forma mais brutal possível. Ao mesmo tempo, é um ser tão frágil quando mostra seus sentimentos a sua mãe. Não suportando mais a situação, o rei decide dar um precioso tesouro para quem acabar com o demônio. A história chega aos ouvidos do guerreiro Beowulf (Ray Winstone de Os Infiltrados e Cold Mountain mas não lembro onde) que vai oferecer seus corajosos serviços ao rei. O nosso guerreiro é tão honrado que só luta de igual para igual com o feioso. Nada de armas... e nada de roupas. Quem é que esperava ficar mais preocupado em ver as partes íntimas do protagonista do que prestar atenção na luta? Foram vários os momentos em que o público suspirou com as várias formas de esconder as partes frontais (bumbum tem a vontade). Foi divertido. Esta atmosfera sexual é bem presente no filme, é um reino que desconhece a palavra moralismo e sexo é tão natural como respirar. Os reis dormem cada noite com uma jovem diferente e tem o John Malkovich que tem preferência pelas belas virgens e não entendi porque ele só fala com uma voz robótica. Só que o Beowulf vai ter sua honra colocada em jogo ao conhecer a mãe de Grendel, a Angelina Jolie nua. Ele não resiste à tentação. É bom ver que ele não é o modelo perfeito de herói que pensávamos que fosse ou o modelo de herói de outras obras. Gostei do clima de incertezas e mentiras que se segue. Gostei também da ausência daqueles longos discursos sobre glória como em 300. Há frases que remetem um filme ao outro como "I am Beowulf" e "This is Sparta" mas não passa disso. A comparação entre eles é inevitável e prefiro Beowulf em todos os sentidos.

Há quem só goste da animação gráfica pelo avanço tecnológico. Eu nunca vi um filme do gênero só para apreciar o trabalho da computação gráfica. Beowulf foi totalmente diferente e deve ser um marco nesta área. Eu ficava o tempo todo olhando como os personagens estavam perfeitos, principalmente em close. É claro que não chegou ainda ao ponto de não sabermos mais quem é real ou CG mas não lembro de ter visto nada parecido. Há de chegar o dia em que os atores não serão mais necessários. Acho até bom porque deve ser tão chato ser um molde e como avaliar o trabalho de um ator desta maneira?

Nota: 7,5

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Blá blá blá

Eu já esperava que Leões e Cordeiros fosse unidirecional, só mostrando um único ponto de vista. É a guerra americanos versus inimigos. Eu prefiro muitos mais produções sobre guerras baseadas em fatos como o obrigatório Caminho Para Guantánamo ou documentários como o Fahrenheit 11 de Setembros do Michael Moore. Robert Redford fez LeC mais ideológico e menos crítico por isso não gostei. De um lado é o senador Tom Cruise vendendo sua nova e eficiente estratégia contra o Afeganistão para a imprensa e do outro é a jornalista Meryl Streep querendo publicar sua própria versão da história mesmo um dia já ter dito que o senador era um governante promissor. Há também os dois alunos do Redford que se vêem na obrigação do alistamento militar e vão lutar contra os talibaneses. Antes eles tentam se justificar numa apresentação para a turma mas não consegui entender os seus motivos. Acho que o objetivo do filme é fazer pensar sobre as justificativas tanto de um governo como de um cidadão para apoiar uma guerra.

O Tom Cruise fala em algum momento que está lutando contra a consciência medieval daquela gente. Mas quantos daqueles milhares e milhares de americanos que estão lutando sabem o porquê de estarem lá? É a mesma consciência do dois lados, não? Nem todos são como os dois alunos do Redford e acham que têm uma razão. Eu não consigo ver justificativa para querer participar de uma guerra. Só me resta pensar que tais pessoas estejam iludidas em seus próprios fanatismos. É muito simples dizer que sou contra qualquer tipo de guerra - é a visão de uma criança sobre o assunto - mas não tem como dizer diferente. Eu não gostaria de matar ou morrer gratuitamente a favor do patriotismo.

O filme ainda tem muita conversa longa entre o Redford e mais um de seus alunos. Nem lembro sobre o que falaram tanto mas o rapaz estava se dedicando mais a sua vida social do que a acadêmica. O professor tinha então que acordá-lo para a realidade porque conhecia o seu potencial.

Este foi o primeiro da onda atual de filmes políticos que entrou por aqui. Todos se caracterizam pelo fracasso de bilheteria e críticas não muito amigáveis. Se bem que o filme do Paul Haggis não foi tão massacrado como o do Redford. Li uma entrevista com o Jamie Foxx sobre O Reino e não é muito animadora.

LeC parece um apelo desesperado para acordar os americanos só que não é muito didático. Irão dormir muito ainda se dependerem destas abordagens.

Nota: 5,0

sábado, 24 de novembro de 2007

Imagine there's no countries

Três amigos dividem o mesmo apartamento numa área descolada de Tel Aviv chamada de Bolha porque seus moradores vivem fora da realidade. Mas não é o caso destes três amigos que são engajados em movimentos pacifistas principalmente contra os conflitos entre israelenses e palestinos. E ainda estão bolando a "rave contra a ocupação". Até aí parece apenas um filme político. No entanto, quando ele é dirigido pelo naturalizado israelense Eytan Fox que é gay assumido, o fator político serve somente como pano de fundo para uma grande história de amor homossexual. Eu conheci o trabalho do Fox em 2006 quando assisti Delicada Relação de 2002, história sobre dois jovens soldados que se apaixonam numa base militar no deserto de Israel. Só que até aquele momento eu não sabia nada sobre o diretor. DR não passa de um romance entre duas pessoas que independem de sexo e não aborda a diversidade da mesma forma que em Priscilla - A Rainha do Deserto ou o mais recente Transamérica. Quando li a sinopse de Bubble há umas semanas e vi quem era o diretor, a ficha caiu. A razão do romance de DR estava explicada.

Bubble é um ótimo filme com algumas falhas que não chegam a atrapalhar tanto o resultado final. Um dos três amigos é o Noam (Ohad Knoller) que também trabalhou em DR (e bem melhor em Bubble). Ele será um ex-soldado que trabalhava na fronteira do país, esta é a primeira cena do filme que mostra a dificuldade dos árabes em entrar em Israel. Quando volta para Tel Aviv, conhecemos seus dois amigos Yelli - que tem a cara do rapaz da propaganda do beijo do Mercado Livre - e Lulu. Logo eles recebem a visita de Ashraf, um palestino que Noam conheceu na fronteira, que traz um documento perdido de Noam. Os quatro irão morar juntos. Bubble é uma versão mais trabalhada de DR, com mais subtramas e um erotismo mais apimentado. Ashraf e Noam fazem o principal casal do filme. É um romance que se torna melodramático em alguns momentos. A Tel Aviv do filme é a cidade dos sonhos para se assumir a opção sexual então o problema mesmo vai surgir por parte das origens do Ashraf. A cena em que ele tenta contar tudo para a irmã é muito divertida. Já o momento em que ela não aceita dançar com ele é tão triste. As cenas de sexo me lembraram de Má Educação. Só que Almodóvar se saiu melhor. Acredito que os atores em Bubble sejam gays na vida real então quando você dirige o Gael Garcia Bernal e o faz encarnar Zahara, seus méritos são maiores. O elenco como um todo do DR está melhor. O problema em Bubble é o Yousef "Joe" Sweid (Ashraf) que pareceu inexperiente. O roteiro escrito pelo próprio Fox com o seu parceiro ainda reserva espaço para o humor.

Acho que as discussões políticas estão melhores aplicadas em Edukators, por exemplo. O ativismo da Lulu não parece sério em algumas partes. Achei muito exagerada a cena em que ela invade a sala do ex-namorado. Tudo bem que a motivação foi passional mas esta imagem atrapalha a consciência social do seu personagem. A juventude de Bubble protesta através da música. Realmente não sei os resultados de eventos como Live 8 e Live Earth. Não é ingenuidade achar que líderes políticos ficarão sensibilizados com tais manifestações? O mais importante é afetar a sociedade, principalmente aqueles que vivem na bolha. As canções do filme dão uma nova dimensão às cenas. Eu particularmente gosto de filmes com bastante músicas. É claro que a inclusão das mesmas deva ser justificada. E que surpresa foi ouvir um idioma tão conhecido e era Bebel Gilberto! Perdi a concentração na cena. Bubble também está cheio de referências desde Sex & The City a Jules e Jim. Achei muito estranho quando o Noam diz que não conhece a Britney Spears mas estou percebendo o seu lado irônico já que os personagens conhecem muito sobre a cultura ocidental.

Vale muito a pena assistir a um lado tão diferente daquela região que não envolve atentados e conflitos, sem falar que é preciso deixar o preconceito em casa. O curioso é que o momento mais angustiante é quando Bubble começa a virar um Paradise Now e finaliza com uma versão moderna de Romeu & Julieta. Por isso este filme pode afetar bastante. É uma angústia que me persegue durante todo o dia.

Nota: 8,0

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Estrela sem brilho

Eu nem iria ver Stardust - O Mistério da Estrela porque só entrou uma cópia dublada. Mas como um colega disse que gostou e a sua namorada queria até ver de novo... Não vou dizer que achei um completo desastre porque gostei, pelo menos, da amarração entre os elementos da história baseada na graphic novel do Neil Gaiman que deve ser mais interessante do que a adaptação cinematográfica. Mesmo assim Stardust definitivamente não é para mim. Eu gosto de fantasias mas esta história da estrela cadante abusou muito da minha boa vontade e nem serve como uma grande aventura escapista. O romance é representado em diálogos enfadonhos onde o mocinho Tristan (Charlie Cox) diz que é capaz de atravessar o oceano parar pegar uma estrela cadente (Claire Danes) e assim provar seu amor pela bela amada (Sienna Miller). Stardust é despretensioso porque não tem batalhas grandiosas ou efeitos especiais alucinantes. E Matthew Vaughn dirigiu muito convencionalmente e com movimentos de câmera já manjados nos filmes do gênero.

A tal estrela vai ser perseguida por algumas pessoas, cada uma tendo sua razão. Já falei o motivo do Tristan. A Michelle Pfeiffer, uma bruxa velha, vai atrás pela juventude e os filhos do Rei (Peter O'Toole) de Stormhold vão pela disputa pois quem pegar a estrela será o novo rei. Tirando umas boas revelações do final, você sabe o destino dos personagens desde o começo então é só esperar o tempo passar para suas suspeitas se confirmarem. E como demorou para passar! Foram 130 minutos intermináveis. A primeira metade foi a pior parte porque é somente depois que surge o Robert De Niro, o salvador de Stardust com o seu Capitão Shakespeare. A mudança de clima que ele provoca é tão revigorante. Foi o antídoto para o sonífero. Embora o filme todo tenha um humor peculiar, só o De Niro me fez rir de verdade. A Michelle é quem se destaca depois dele, mesmo assim com um trabalho regular. Li um trecho de uma crítica em que o rapaz dizia que ela estava deliciosa. Acho, às vezes, que a dublagem pode interferir. Nunca esqueço da voz jovial do Anthony Hopkins num Silêncio dos Inocentes que assisti na TNT.

É mais fácil assistir um filme que começa ruim e melhora ou um que começa bom e piora? Eu prefiro a primeira opção que é o caso de Stardust. Quando digo que melhora, quero dizer que se torna mais assistível. Tem uma luta muito estranha onde o Tristan luta com um morto controlado via boneco pela bruxa da Pfeiffer (aprendi que a denominação "Vodu" para isto é invenção dos antigos filmes de terror). Normalmente muitas idéias do que vou escrever surgem durante o momento em que estou assistindo o filme. Com Stardust, esqueci quase tudo quando cheguei em casa. Queria comentar algumas frases mas não lembro. Fim.

Nota: 6,0

sábado, 10 de novembro de 2007

Excesso de fofura pode fazer mal à saude

Eu fiquei tão fascinado pelo trailer de Hairspray que perdi as contas de quantas vezes já assisti. Ele emanava uma ternura tão irresistível que mal pude esperar pelo dia em que iria vê-lo por completo. E tem que ter muita coragem para esperar um filme com a Amanda Bynes e o Zac Efron. O elenco todo é curioso mas quem rouba todas as atenções é a novata Nikki Blonsky que é um exagero de fofura, no bom sentido. A temática de Hairspray é universal, é aquela história de nunca desistir dos seus sonhos e lutar por direitos iguais. Não é tão "feel good movie" como Pequena Miss Sunshine, por exemplo, mas não deixa de levantar seu astral e não acho que ninguém vai acordar amanhã e sair alimentando os ratos da sua cidade. Spray de Cabelo deve ser o musical mais contagiante que já assisti. É uma avalanche de cores, penteados e energia. Vontade de levantar nos números e assistir dançando não faltou.

Baltimore. Década de 60. Tracy (Blonsky), filha da versão feminina do John Travolta com o Christopher Walken, sonha em participar de um programa de dança da TV local cujo lema é algo como "Falte a escola e venha fazer uma audição". Michelle Pfeiffer é a mãe racista de uma das dançarinas do programa e vai acabar com o do Dia dos Negros, a única chance no mês em que os jovens do centro da cidade - coordenados pela Queen Latifah - têm para se apresentar. Tracy será dispensada por ser gordinha mas em outra oportunidade conseguirá ser a estrela do programa. Esta é a primeira hora do filme que achei bem superior à segunda. É igual ao Dreamgirls, depois de um momento cansa e precisa ter um número final que compense. No caso de Hairspray, a compensação vem faltando alguma coisa. A divulgação da vencedora do Miss Teenage Hairspray é tão anticlimática mas não deixa de ser o grande momento do filme.

Amanda Bynes com seu pirulito está como sempre, isto é, péssima. Zac Efron, que só deve ter sido liberado pela Disney por seu papel não comprometer a imagem do astro, está mais ou menos assim como a Michelle Pfeiffer. O James Marsden (o Ciclope de X-Men) faz parte do grupo dos que estão ótimos. O Travolta está tão caracterizado que você esquece que o papel está sendo feito por um homem. No entanto, suas partes divertidas só funcionam justamente porque ele está transvestido. Nikki Blonsky é o grande brilho do filme. Suas performances são tão contagiantes que quando ela não está em cena, o filme perde muito. É bastante tocante quando ela vai à escola em cima do caminho de lixo no seu primeiro número musical. A Queen Latifah já é veterana neste gênero. Tem uma piada engraçada quando ela fala que sua casa parece os subúrbios por causa da quantidade de brancos.

Mas será mesmo que Hairspray serve como incentivo para aqueles que são "diferentes" e sonham com a fama? Eu consigo enxergar também este excesso de gostosura como um mundo tão distante que é inalcançável. O mundo em que você será a quantidade de spray que usa. Há uma parte em que o Christopher Walken fala algo assim "This is America, you gotta think big to be big". É nessas horas que a gente percebe que o musical é feito de americano para americano. Primeiro, usam o nome do continente para se referir à nação. Mas isto é tão comum que a gente nem liga, está nos noticiários, em todos os lugares e você não ouve a Inglaterra ou a França dizendo "Eu sou a Europa". Segundo, a frase deixa a entender que o sucesso só pode ser atingido na América (=EUA), a terra das oportunidades.

Esquecendo estes devaneios, Hairspray é delicioso e mostra que todos podem ver a luz no fim do túnel. Não é filme de auto-ajuda. A indicação ao Globo de Ouro para comédia ou musical já é certa, não? Ah, não é assustador que o filme seja dirigido pelo Adam Shankman de Um Amor Para Recordar? E por uma tremenda coincidência, antes de Hairspray, vi Hair, o musical de 1979, o belíssimo hino pacifista. Entre os dois, fico com os hippies.

Nota: 8,0

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mãos e pés, para que te quero?

Vi mais um filme estrangeiro que praticamente não entrou em quase nenhum lugar ainda. Para ter uma idéia, Justiça A Qualquer Preço vai só estrear no Reino Unido em maio de 2008. Não sei se lançar um filme primeiro fora dos grandes circuitos é uma prática comum dos estúdios ou fui eu que nunca percebi isto porque sempre que vou assistir algo, já tenho alguma idéia baseada numa opinião alheia. Em relação ao Justiça, só tinha visto o trailer duas vezes. O filme está longe de ser ruim mas tampouco é uma maravilha. É um drama de investigação com o Richard Gere a e Claire Danes com doses de terror sobre maníacos sexuais.

Não sei exatamente o nome da profissão do Richard mas ele trabalha no Departamento de Segurança Pública e monitora ex-presidiários que foram condenados por crimes sexuais. Vai atrás deles para saber como anda a vida, se estão tendo recaídas, este tipo de coisa. Só que ele está se aposentando - forma delicada de ser despedido - e precisa de uma substituta (Claire Danes). Antes de deixar o cargo de vez, a dupla vai investigar o desaparecimento de uma garota porque o Richard acredita que o responsável é um dos seus "clientes". É uma espécie de treino para a Claire. O filme seria melhor se fosse mais instigante e tivesse menos aqueles cortes rápidos de imagem que tentam criar um clima sombrio. Só deixou seu lado de terror insuficiente. E as fotos de mãos e pés mutilados das vítimas não ajudam muito. A história ficou um pouco confusa, não consegui acompanhar todo o raciocínio da dupla. Os detalhes das subtramas me atrapalharam. Achei que o filme tinha durado duas horas mas só chegou a noventa minutos. E como cansa...

O Richard e a Claire tornam o filme assístivel. Na verdade, a película se resume aos dois. A Claire me pareceu muito frágil para ocupar o cargo do Richard. O elenco secundário está muito mal colocado. Há um rapaz chamado Russell Sams, o que bate na Avril Lavigne, que pareceu interessante em sua primeira cena mas ele praticamente some depois. Tem também uma moça chamada KaDee Strickland que está de razoável para péssima. Não sobra mais ninguém fora estes.

Olha só! Quando fui pesquisar os nomes dos dois atores secundários, descobri que chamaram um outro diretor que não está creditado para refilmar algumas cenas. Isto implica atraso nas datas ou lançamento direto em DVD porque o resultado não deve ter agradado aos executivos. Está explicado porque chegam antes por aqui. Nunca É Tarde Para Amar que também chegou antes é pavoroso. É melhor encerrar.

Nota: 6,0

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A história vence o sadismo

Será que devo me sentir envergonhado por ter achado Jogos Mortais 4 maravilhoso? Não é brincadeira! A série havia acabado no terceiro para mim então fui ver a quarta parte só por "obrigação". E não é que conseguiu superar o anterior que era o meu preferido? Não escondo minha admiração por esta série que deve ser a obra-prima do terror moderno. Quando você pensa nas continuações de O Chamado e O Grito, por exemplo, tem que concordar que é um feito inacreditável o fato de Jogos conseguir manter o ritmo após quatro anos (um lançamento em cada Halloween). Gostei muito do primeiro Chamado, já o segundo nem precisou existir. Nunca vi O Grito 2 porque não gostei do primeiro. Sem falar dos outros que já vi e esqueci no dia seguinte. Eu não sei se é justo comparar Jogos com estes remakes de filmes japoneses pois são gêneros de terror diferentes mas como também nunca assisti O Albergue que acredito ter o mesmo lado sádico dos Jogos, comparo com aqueles outros mesmos. Quando analiso todas as minhas experiências dos anos recentes, são os Jogos que ficam em minha mente. Ainda assim eu me restrinjo a um conjunto minúsculo do universo cinematográfico para falar da série, e desta forma posso ficar aliviado para ser simpático com ela.

Eu não vou tentar explicar a trama porque ela é extremamente complexa e não consegui saber em que lado todos aqueles personagens jogavam. E é muita gente com uma função que você se perde. Qual é o outro filme do gênero que faz sua cabeça trabalhar tanto? Jogos é muito detalhista e para acompanhar este quarto é melhor estudar os anteriores. Mas isto não vale a pena. A não ser que não tenha mesmo o que fazer. É policial que não pára de surgir e você se pergunta se já não o viu antes. A bolha de dúvidas só tende a crescer. É curioso que eu tenha ficado satisfeito com o filme mesmo sem tê-lo compreendido. Devo ter muita confiança nos roteiristas já que não esperava que pudesse ter mais o que escrever depois da morte do Jigsaw e sua aprendiz Amanda no terceiro. Como o 4 está cheio de flashbacks, percebi que algumas peças estavam faltando. Poderia parecer um prequel forçado mas até que não é.

Na saída, ouvi gente dizer que o filme era um droga. Acredito que reclamem pelo excesso de detalhes e pela falta das cenas nojentas e assustadoras. Tal fato começou com o 3 quando a série amadureceu (se é que pode-se usar este termo). Jogos deveria investir no sadismo ou no roteiro milimetricamente escrito? Eu prefiro a segunda opção que é o fato real. Quando deixam o sadismo de lado, o filme perde o seu lado repugnante e mais legal para a maioria. Não é à toa que a única cena que realmente fiquei apreensivo e querendo tapar os olhos acontece logo no começo. As seguintes não provocam nada. Jogos não é filme para falar de elenco mas a evolução tremenda dos dois primeiros para os dois últimos merece ser citada. Eu particularmente acho a sua edição picotada bastante charmosa. O boneco da autópsia do Tobin Bell ficou idêntico, não? Mas a autópsia do ET no Fantástico nos anos 90 foi mais assustadora.

Deve ser a última vez que Darren Lynn Bousman dirige um filme da série pois JM4 foi vendido como sendo o final. Mas será mesmo? Dizem que tantas coisas foram deixadas abertas (eu só lembro de uma) para continuações. Está virando quase uma rotina ter um JM no fim de outubro. Posso estar sendo (ou querendo ser) iludido pela máquina caça-níquel mortal mas uma vez por ano não machuca. Eu queria tanto começar a falar mal de JM mas não foi desta vez. Os críticos foram impiedosos. Sinto uma solidão tão grande nestas horas. Ninguém para compartilhar as minhas idéias?

Só por curiosidade, O Iluminado do Kubrick é meu horror preferido de todos os tempos.

Editado: Parece que mais duas continuações já estão confirmadas. E não estou nem aí. A questão é que eu não levo JM a sério por isso é mais fácil ficar entretido. Talvez o primeiro tenha tido realmente um papel pois criou uma nova fórmula de terror que foi copiada. Não é para esperar algo do nível de O Iluminado, Carrie, Psicose ou O Bebê de Rosemary. É pura diversão sem ter obrigação de ficar pertubado. Se enxergo Jogos assim, não tenho porque ser tão ruim.

Nota: 7,0

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A segunda vez consegue ser melhor

Fanfarrão: adj. e s. m., que ou aquele que alardeia valentia, sem a ter. Acho incrível quando um filme consegue atingir o nosso dia-a-dia. São as pessoas próximas repetindo diariamente frases do filme, colocando as músicas ressucitadas como toque de celular, etc. E o melhor de tudo é que é um filme nacional. Sabem por que a Sony fez a primeira pré-estreia de Homem-Aranha 3 no Japão? Porque as produções japonesas foram as mais lucrativas em 2006 naquele país. Hollywood precisou reverter a situação já que o Japão é o segundo maior mercado do planeta. Imaginem se o Brasil estivesse diretamente nesta rota de imperialismo. Por isso é gratificante quando um título local consegue ser a maior atração, mesmo que temporariamente, e deixar de lado os produtos estrangeiros.

A segunda vez de Tropa de Elite foi ainda melhor que a primeira. É um filmaço que diverte, impressiona e faz refletir. Quando assisti em casa, as cenas de violência e aqueles gritos do Wagner foram mais chocantes. No cinema, já estaria acostumado e acabei percebendo que o filme contém também cenas muito engraçadas como aquela da granada na mão do André Ramiro. Agora eu posso afirmar que Tropa e O Ultimato Bourne são os meus preferidos de 2007. Até irei aumentar a sua nota no final do post. Não que ela seja importante, é apenas um valor simbólico que pode sofrer influências de fatores externos cada vez que você assiste o mesmo filme.

Quando você ler no trailer que a versão do cinema é a verdadeira, saiba que é enganação. Eu nem estava ligando para isso porque iria ver de qualquer jeito. Mas é divertido ver gente se achando no direito de reclamar da versão final por ser a mesma que assistiram em casa. Estima-se que mais de 1 milhão de cópias foram vendidas. 1.278.305 de pessoas já viram nos cinemas. Até que ponto a pirataria vai influenciar o número de espectadores não se sabe. Por enquanto, Tropa vai indo muito bem.

Nota: 9,5

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Supergreat

Não esperava assistir Superbad - É Hoje tão cedo porque Ligeiramente Grávidos demorou semanas para chegar aqui. Então fui ver a nova comédia da Apatow Productions (dirigida pelo Greg Mottola de séries de TV) sem sequer ter visto o trailer. Embora eu goste de ver trailers, vale a pena não assistir o de Superbad. Quando cheguei em casa já sentindo falta do filme e rindo ao relembrar algumas cenas, dei uma olhada no trailer no youtube e duas das minhas piadas preferidas estavam lá. Não sou um especialista em comédias adolescentes, até porque é um gênero que não tem atrativos. Mas eu sabia que Superbad seria diferente. É só olhar quem são os responsáveis e ler uns comentários por aí que você vai vê-lo com as melhores expectativas possíveis. E o lado negativo disto é que você pode criar falsas esperanças. Eu adorei de verdade o filme, só queria que fosse mais hilário do que já é.

Seth Rogen e Evan Goldberg escreveram o roteiro (até que ponto é autobiográfico?) e emprestaram seus nomes aos protagonistas da história sobre estes dois amigos inseparáveis que procuram a última chance para se tornarem experientes sexualmente antes de chegarem à uma faculdade. Jonah Hill (Ligeiramente Grávidos) e Michael Cera (da série Arrested Development) fazem os dois amigos e eles conseguem transmitir tamanha sensibilidade com suas atuações que tornam seus personagens verdadeiramente humanos mesmo com os seus diálogos escrachados. É justamente esta falta de pudor (falei isto para Grávidos também) e a sinceridade que inovam o gênero e o torna superior ao seu semelhante American Pie que eu nunca tive disposição para encarar por completo. Lembro de ter assistido parte do primeiro da série há alguns anos em um quarto de hotel. Superbad não é engraçado de forma constante mas é exageradamente hilário em pontos isolados. Deve ser pela falta de experiência do Seth e do Evan para escrever roteiros cinematográficos já que ambos escreviam apenas para a TV.

Christopher Mintz-Plasse, que fez seu primeiro trabalho como ator aqui, é o amigo nerd-retardado da dupla. E não demora para você entrar em seu mundo. A cena em que ele apresenta a sua carteira falsa para conseguir bebida alcoólica é uma das minhas preferidas. Uma pesquisa no Google sobre "McLovin" só retorna resultados sobre o Superbad. A partir de um certo momento, o filme segue duas subtramas. Uma delas é o McLovin com os dois policiais. Seth Rogen faz um dos tiras. Uma outra das minhas cenas preferidas é o interrogatório que os dois policiais fazem à moça da loja. Uma parte dela está no trailer.

O título Superbad faz referência ao fracasso dos garotos na tal última chance antes de acabarem o "High School". Era de se esperar o fracasso durante as quase duas horas do filme que também aborda o final da adolescência e a nova etapa na vida de cada um. É um assunto assustador e tão deprimente. Este é o clima do final. É um ótimo contraste de emoções. Você passa o filme todo descontraído para receber uma pancada no final. Senti algo parecido em E Sua Mãe Também quando Gael e Diego se cruzam pela última vez. A parte em que o Jonah e o Michael encenam todo aquele romance deitados é tocante. Eu confesso que queria rir mas não deveria. Fiquei confuso naquele momento. Felizmente não precisei ouvir ninguém murmurar "Huummmmm".

Estou morrendo de vontade de comentar as outras piadas que me fizeram rir. Mas é melhor provar esta comédia como eu fiz. Você aproveita muito mais. Rir sem vergonha alguma. Torço para que este jovem elenco faça muito sucesso ainda e tenha cuidado com os projetos que aparecerem. Eles não merecem ter o mesmo estilo de vida que o elenco do High School Musical.

Nota: 8,5

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Extreme Makeover: Reconstruindo a Mãe-Natureza

Sem pensar duas vezes, Nunca É Tarde Para Amar foi a pior coisa que presenciei numa sala de cinema em 2007 até agora. E acabei de descobrir que a estréia americana e em outros grandes países ainda não aconteceu. É por isso que o seu título original I Could Never Be Your Woman era tão estranho para mim. Fui ver o que os críticos acharam desta coisa mas só há dois míseros registros no RottenTomatoes. Só tomei conhecimento de sua existência há quatro semanas quando estreou em primeiro lugar aqui no Brasil. Deve ter sido a primeira vez que eu não conhecia o campeão tupiniquim de público no fim de semana. É uma comédia romântica com a Michelle Pfeiffer e o Paul Rudd que também estava no meu último filme Ligeiramente Grávidos. A Michelle é o rosto mais presente nas salas nacionais já que participa de três filmes atualmente em cartaz. Os outros dois são Hairspray (quero muito assistir mas não entrou na cidade ainda) e Stardust.

Como o próprio nome diz, nunca é tarde para amar porque a Michelle faz uma quarentona que está solteira há 10 anos e irá redescobrir o amor com um rapaz mais jovem. Ela também conversa com a Mãe-Natureza! Sim, é uma espécie de diabinha que tenta convencê-la de que está muito velha para fazer certas coisas e deve se concentrar apenas na filha que é sua versão mais jovem. A Mãe-Natureza prega a expurgação do mal do planeta, isto é, a eliminação dos humanos de mais idade para que os seus descendentes jovens possam trazer a paz. O filme discute o culto à beleza - sem a Cher - então você vai ouvir muito peelings e liftings. E também paródias que fazem críticas a Paris, Nicole, Lindsay, Bush... Hã? Realmente é uma comédia romântica que se tornou uma bagunça. Não é só pegar uma música da Alanis Morissette, mudar a letra e achar que fez uma crítica maneira ao presidente americano. Você tem que mostrar autenticidade e originalidade senão vai cair em clichês que é o que acontece neste filme da Amy Heckerling (As Patricinhas de Beverly Hills). Quantos artistas já não fizeram isto? O Green Day (ou "Dia Verde" como a legenda colocou) fez um ótimo trabalho em 2004 mas eles não foram os primeiros e nem serão os últimos. Eles tinham um diferencial.

Acho que este gênero deve ser apenas descontraído, não? O verdadeiro lado da comédia romântica tenta ser reforçado pela química entre o Paul e a Michelle que não é tão forte e pela filha dela que já não quer mais brincar com as barbies. O Paul é a graça do casal e possivelmente a do filme todo. O roteiro é tão ruinzinho. As situações são ao acaso e parecem não levar a lugar algum. Há tantas coisas batidas. O casal faz guerra de comida, os dois pulam na cama, armam para eles se separarem e tem o evento musical no final que não poderia faltar. O momento mais simpático é a simples resolução do mal entendido com a foto da outra no celular do Paul. Esta é a primeira tentativa de acabarem com o romance que felizmente não deu certo e isto dá um gás na história. A segunda tentativa funciona. É o tipo de produção em que os erros de gravação são mais divertidos.

Nota: 3,0

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Os perigos de uma promoção no trabalho

Até que O Virgem de 40 Anos não é ruim e a mais recente comédia do Judd Apatow segue o mesmo estilo. Gostei um pouco mais de Ligeiramente Grávidos. Acho interessante como o Apatow consegue dar um tom mais maduro, talvez pela ausência de pudor, na abordagem de assuntos como virgindade e gravidez que eu não normalmente não veria a mínima graça. É claro que o filme está cheio de baboseiras atráves do humor físico mas gostei de algumas delas como o Paul Rudd imitando o Robert De Niro. São os personages e suas transformações que fazem o filme valer a pena. Saí da sessão me identificando com alguns que nem gostava no começo e convencido de que a história não contém nenhuma situação exagerada.

Seth Rogen e Katherine Heigl (Grey's Anatomy) protagonizam este. Seth faz um rapaz de vida simples e fácil (seria injusto chamá-lo de vagabundo) e a Katherine acaba de ser promovida e irá apresentar o E! News Live. Os dois se conhecem numa boate, se empolgam e fazem tudo o que têm direito naquela noite. Cada um segue seu caminho depois. Oito meses depois, ela descobre... isso mesmo. A partir daí, iremos entrar na jornada dos pais de primeira viagem até o dia do nascimento. O filme não é somente comédia - ainda bem porque ele não é tão engraçado como pretende ser. Há momentos tão ternos. A cena em que o Seth pede a Heigl em casamento é de uma sinceridade incrível por mais estúpido que ele tenha parecido antes. O roteiro é muito longo, chega uma hora que cansa mesmo mas a gente sabe que o grande momento vai compensar. Lê-se "o grande momento" como "parto". É o momento que faz a gente repensar tudo o que assistiu e aceitar como duas pessoas tão diferentes podem viver juntas. É quando o casal da história esquece as desavenças. Porque antes de ficarem juntos, tem que haver a separação. As melhores piadas são as verbais mas não lembro de nenhuma que tenha sido marcante. Acho que vale citar quando o Seth brinca com as filhas da irmã da Katherine e as duas comentam como ele parece tratar as meninas como cachorros.

Eu descobri há uns meses que o primeiro trabalho no cinema da Katherine Heigl foi um filme que ela fez com 14 anos chamado Meu Pai Herói e era a filha do Gérard Depardieu. Foi curioso porque já tinha assistido no SBT, eu acho. É um em que ela inventa que o seu pai é o seu amante num hotel onde estão de férias. Eu gosto quando uma equipe que faz um filme se junta para fazer outros. O Seth fez um papel coadjuvante no Virgem, virou protagonista em Grávidos cujo um dos amigos virou protagonista de Superbad que é produzido pelo Apatow e escrito pelo próprio Seth. Estão fazendo uma revolução neste gênero de comédia. Será que podemos acusar o Apatow de nepotismo? Pois ele colocar toda a família para trabalhar em seus filmes.

Nota: 7,5