sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A segunda vez consegue ser melhor

Fanfarrão: adj. e s. m., que ou aquele que alardeia valentia, sem a ter. Acho incrível quando um filme consegue atingir o nosso dia-a-dia. São as pessoas próximas repetindo diariamente frases do filme, colocando as músicas ressucitadas como toque de celular, etc. E o melhor de tudo é que é um filme nacional. Sabem por que a Sony fez a primeira pré-estreia de Homem-Aranha 3 no Japão? Porque as produções japonesas foram as mais lucrativas em 2006 naquele país. Hollywood precisou reverter a situação já que o Japão é o segundo maior mercado do planeta. Imaginem se o Brasil estivesse diretamente nesta rota de imperialismo. Por isso é gratificante quando um título local consegue ser a maior atração, mesmo que temporariamente, e deixar de lado os produtos estrangeiros.

A segunda vez de Tropa de Elite foi ainda melhor que a primeira. É um filmaço que diverte, impressiona e faz refletir. Quando assisti em casa, as cenas de violência e aqueles gritos do Wagner foram mais chocantes. No cinema, já estaria acostumado e acabei percebendo que o filme contém também cenas muito engraçadas como aquela da granada na mão do André Ramiro. Agora eu posso afirmar que Tropa e O Ultimato Bourne são os meus preferidos de 2007. Até irei aumentar a sua nota no final do post. Não que ela seja importante, é apenas um valor simbólico que pode sofrer influências de fatores externos cada vez que você assiste o mesmo filme.

Quando você ler no trailer que a versão do cinema é a verdadeira, saiba que é enganação. Eu nem estava ligando para isso porque iria ver de qualquer jeito. Mas é divertido ver gente se achando no direito de reclamar da versão final por ser a mesma que assistiram em casa. Estima-se que mais de 1 milhão de cópias foram vendidas. 1.278.305 de pessoas já viram nos cinemas. Até que ponto a pirataria vai influenciar o número de espectadores não se sabe. Por enquanto, Tropa vai indo muito bem.

Nota: 9,5

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Supergreat

Não esperava assistir Superbad - É Hoje tão cedo porque Ligeiramente Grávidos demorou semanas para chegar aqui. Então fui ver a nova comédia da Apatow Productions (dirigida pelo Greg Mottola de séries de TV) sem sequer ter visto o trailer. Embora eu goste de ver trailers, vale a pena não assistir o de Superbad. Quando cheguei em casa já sentindo falta do filme e rindo ao relembrar algumas cenas, dei uma olhada no trailer no youtube e duas das minhas piadas preferidas estavam lá. Não sou um especialista em comédias adolescentes, até porque é um gênero que não tem atrativos. Mas eu sabia que Superbad seria diferente. É só olhar quem são os responsáveis e ler uns comentários por aí que você vai vê-lo com as melhores expectativas possíveis. E o lado negativo disto é que você pode criar falsas esperanças. Eu adorei de verdade o filme, só queria que fosse mais hilário do que já é.

Seth Rogen e Evan Goldberg escreveram o roteiro (até que ponto é autobiográfico?) e emprestaram seus nomes aos protagonistas da história sobre estes dois amigos inseparáveis que procuram a última chance para se tornarem experientes sexualmente antes de chegarem à uma faculdade. Jonah Hill (Ligeiramente Grávidos) e Michael Cera (da série Arrested Development) fazem os dois amigos e eles conseguem transmitir tamanha sensibilidade com suas atuações que tornam seus personagens verdadeiramente humanos mesmo com os seus diálogos escrachados. É justamente esta falta de pudor (falei isto para Grávidos também) e a sinceridade que inovam o gênero e o torna superior ao seu semelhante American Pie que eu nunca tive disposição para encarar por completo. Lembro de ter assistido parte do primeiro da série há alguns anos em um quarto de hotel. Superbad não é engraçado de forma constante mas é exageradamente hilário em pontos isolados. Deve ser pela falta de experiência do Seth e do Evan para escrever roteiros cinematográficos já que ambos escreviam apenas para a TV.

Christopher Mintz-Plasse, que fez seu primeiro trabalho como ator aqui, é o amigo nerd-retardado da dupla. E não demora para você entrar em seu mundo. A cena em que ele apresenta a sua carteira falsa para conseguir bebida alcoólica é uma das minhas preferidas. Uma pesquisa no Google sobre "McLovin" só retorna resultados sobre o Superbad. A partir de um certo momento, o filme segue duas subtramas. Uma delas é o McLovin com os dois policiais. Seth Rogen faz um dos tiras. Uma outra das minhas cenas preferidas é o interrogatório que os dois policiais fazem à moça da loja. Uma parte dela está no trailer.

O título Superbad faz referência ao fracasso dos garotos na tal última chance antes de acabarem o "High School". Era de se esperar o fracasso durante as quase duas horas do filme que também aborda o final da adolescência e a nova etapa na vida de cada um. É um assunto assustador e tão deprimente. Este é o clima do final. É um ótimo contraste de emoções. Você passa o filme todo descontraído para receber uma pancada no final. Senti algo parecido em E Sua Mãe Também quando Gael e Diego se cruzam pela última vez. A parte em que o Jonah e o Michael encenam todo aquele romance deitados é tocante. Eu confesso que queria rir mas não deveria. Fiquei confuso naquele momento. Felizmente não precisei ouvir ninguém murmurar "Huummmmm".

Estou morrendo de vontade de comentar as outras piadas que me fizeram rir. Mas é melhor provar esta comédia como eu fiz. Você aproveita muito mais. Rir sem vergonha alguma. Torço para que este jovem elenco faça muito sucesso ainda e tenha cuidado com os projetos que aparecerem. Eles não merecem ter o mesmo estilo de vida que o elenco do High School Musical.

Nota: 8,5

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Extreme Makeover: Reconstruindo a Mãe-Natureza

Sem pensar duas vezes, Nunca É Tarde Para Amar foi a pior coisa que presenciei numa sala de cinema em 2007 até agora. E acabei de descobrir que a estréia americana e em outros grandes países ainda não aconteceu. É por isso que o seu título original I Could Never Be Your Woman era tão estranho para mim. Fui ver o que os críticos acharam desta coisa mas só há dois míseros registros no RottenTomatoes. Só tomei conhecimento de sua existência há quatro semanas quando estreou em primeiro lugar aqui no Brasil. Deve ter sido a primeira vez que eu não conhecia o campeão tupiniquim de público no fim de semana. É uma comédia romântica com a Michelle Pfeiffer e o Paul Rudd que também estava no meu último filme Ligeiramente Grávidos. A Michelle é o rosto mais presente nas salas nacionais já que participa de três filmes atualmente em cartaz. Os outros dois são Hairspray (quero muito assistir mas não entrou na cidade ainda) e Stardust.

Como o próprio nome diz, nunca é tarde para amar porque a Michelle faz uma quarentona que está solteira há 10 anos e irá redescobrir o amor com um rapaz mais jovem. Ela também conversa com a Mãe-Natureza! Sim, é uma espécie de diabinha que tenta convencê-la de que está muito velha para fazer certas coisas e deve se concentrar apenas na filha que é sua versão mais jovem. A Mãe-Natureza prega a expurgação do mal do planeta, isto é, a eliminação dos humanos de mais idade para que os seus descendentes jovens possam trazer a paz. O filme discute o culto à beleza - sem a Cher - então você vai ouvir muito peelings e liftings. E também paródias que fazem críticas a Paris, Nicole, Lindsay, Bush... Hã? Realmente é uma comédia romântica que se tornou uma bagunça. Não é só pegar uma música da Alanis Morissette, mudar a letra e achar que fez uma crítica maneira ao presidente americano. Você tem que mostrar autenticidade e originalidade senão vai cair em clichês que é o que acontece neste filme da Amy Heckerling (As Patricinhas de Beverly Hills). Quantos artistas já não fizeram isto? O Green Day (ou "Dia Verde" como a legenda colocou) fez um ótimo trabalho em 2004 mas eles não foram os primeiros e nem serão os últimos. Eles tinham um diferencial.

Acho que este gênero deve ser apenas descontraído, não? O verdadeiro lado da comédia romântica tenta ser reforçado pela química entre o Paul e a Michelle que não é tão forte e pela filha dela que já não quer mais brincar com as barbies. O Paul é a graça do casal e possivelmente a do filme todo. O roteiro é tão ruinzinho. As situações são ao acaso e parecem não levar a lugar algum. Há tantas coisas batidas. O casal faz guerra de comida, os dois pulam na cama, armam para eles se separarem e tem o evento musical no final que não poderia faltar. O momento mais simpático é a simples resolução do mal entendido com a foto da outra no celular do Paul. Esta é a primeira tentativa de acabarem com o romance que felizmente não deu certo e isto dá um gás na história. A segunda tentativa funciona. É o tipo de produção em que os erros de gravação são mais divertidos.

Nota: 3,0

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Os perigos de uma promoção no trabalho

Até que O Virgem de 40 Anos não é ruim e a mais recente comédia do Judd Apatow segue o mesmo estilo. Gostei um pouco mais de Ligeiramente Grávidos. Acho interessante como o Apatow consegue dar um tom mais maduro, talvez pela ausência de pudor, na abordagem de assuntos como virgindade e gravidez que eu não normalmente não veria a mínima graça. É claro que o filme está cheio de baboseiras atráves do humor físico mas gostei de algumas delas como o Paul Rudd imitando o Robert De Niro. São os personages e suas transformações que fazem o filme valer a pena. Saí da sessão me identificando com alguns que nem gostava no começo e convencido de que a história não contém nenhuma situação exagerada.

Seth Rogen e Katherine Heigl (Grey's Anatomy) protagonizam este. Seth faz um rapaz de vida simples e fácil (seria injusto chamá-lo de vagabundo) e a Katherine acaba de ser promovida e irá apresentar o E! News Live. Os dois se conhecem numa boate, se empolgam e fazem tudo o que têm direito naquela noite. Cada um segue seu caminho depois. Oito meses depois, ela descobre... isso mesmo. A partir daí, iremos entrar na jornada dos pais de primeira viagem até o dia do nascimento. O filme não é somente comédia - ainda bem porque ele não é tão engraçado como pretende ser. Há momentos tão ternos. A cena em que o Seth pede a Heigl em casamento é de uma sinceridade incrível por mais estúpido que ele tenha parecido antes. O roteiro é muito longo, chega uma hora que cansa mesmo mas a gente sabe que o grande momento vai compensar. Lê-se "o grande momento" como "parto". É o momento que faz a gente repensar tudo o que assistiu e aceitar como duas pessoas tão diferentes podem viver juntas. É quando o casal da história esquece as desavenças. Porque antes de ficarem juntos, tem que haver a separação. As melhores piadas são as verbais mas não lembro de nenhuma que tenha sido marcante. Acho que vale citar quando o Seth brinca com as filhas da irmã da Katherine e as duas comentam como ele parece tratar as meninas como cachorros.

Eu descobri há uns meses que o primeiro trabalho no cinema da Katherine Heigl foi um filme que ela fez com 14 anos chamado Meu Pai Herói e era a filha do Gérard Depardieu. Foi curioso porque já tinha assistido no SBT, eu acho. É um em que ela inventa que o seu pai é o seu amante num hotel onde estão de férias. Eu gosto quando uma equipe que faz um filme se junta para fazer outros. O Seth fez um papel coadjuvante no Virgem, virou protagonista em Grávidos cujo um dos amigos virou protagonista de Superbad que é produzido pelo Apatow e escrito pelo próprio Seth. Estão fazendo uma revolução neste gênero de comédia. Será que podemos acusar o Apatow de nepotismo? Pois ele colocar toda a família para trabalhar em seus filmes.

Nota: 7,5

sábado, 22 de setembro de 2007

A Caveira da Pirataria

Acabei de assistir Tropa de Elite, o filme #1 da lista dos mais vendidos nas barraquinhas populares de todo o país. Só para esclarecer, eu nem sei de quem era o disco mas estava a minha disposição e não hesitei. Não me orgulho de já ter assistido até porque irei vê-lo no cinema novamente. Não tenho problema algum em dizer que faço questão de pagar o ingresso e sou cliente assíduo da locadora. Sou colecionador de DVD e só tenho original. Nunca um filme nacional foi "comercializado" antes do seu lançamento e a situação cresceu de tal forma que só vem aumentando sua popularidade. É o filme brasileiro mais polêmico do ano, teve sua primeira exibição oficial na abertura do Festival do Rio e, acredito eu, terá o maior número de espectadores depois de 2 Filhos de Francisco mesmo com a pirataria. É claro que o fato de terem divulgado que a versão pirata não seria a definitiva não vai ser o responsável pelo sucesso do filme porque o resultado final só tem 4 ou 5 minutos a mais. E parece que o desfecho é diferente? Evitei entrar em detalhes. Tropa de Elite (ou Elite Squad como será divulgado internacionalmente, a versão do DVD já vem até com as legendas existentes em inglês) seguirá os mesmos caminhos de Cidade de Deus e Carandiru, ou seja, será sucesso garantido.

Com cenas de violência repulsivas, Tropa mostra a corrupção da polícia militar e o desafio do BOPE contra os traficantes das favelas do Rio de Janeiro. O roteiro está bem estruturado e teve contribuição de Rodrigo Pimentel que já foi capitão do BOPE. Tal posto é assumido pelo Wagner Moura que busca um policial capaz de ocupar o seu cargo ao mesmo tempo que dois aspirantes com linhas de raciocínio distintas iniciam suas atividades. Achei que o José Padilha não conseguiu atingir o ponto perfeito de realismo em todas as cenas. Enquanto alguns momentos são absurdamente realistas principalmente pelo trabalho impressionante do Wagner, outros pecam pela falta deste elemento talvez pela inexperiência do elenco coadjuvante jovem. Coincidentemente, a edição de hoje de um jornal local trouxe em sua matéria de capa uma manchete sobre o abuso de poder do BOPE. Tal questão sobre autoritarismo também é abordada no longa através de uma discussão numa faculdade de Direito que é frequentada por um dos policiais aspirantes. Eu gostei do conflito psicológico ao qual este policial será submetido e da parte em que ele espanca o rapaz no protesto burguês contra a violência. Mas a gente pode pensar que o filme é do ponto de vista da polícia e, de fato, é. Só que ela não sai bem na fita por causa dos acordos com os traficantes e do treinamento humilhante para se tornar um combatente da Caveira, por exemplo.

Tropa tem um apelo para um público de faixa etária bastante variada. Nas cenas de tiroteios, eu só lembrava dos psicóticos de lan house que viram a noite no Counter Strike. O filme é um prato cheio para eles e ainda está recheado de palavrões e torturas. Mal posso esperar para vê-lo novamente na tela grande e espero compreender alguns diálogos que não consegui entender. Parecia outra língua.

Nota: 8,5

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

David Morse como vizinho? Deus me livre!

Por alguma razão que eu não mais lembro, fiquei com vontade de assistir Paranóia na época em que ele estreou nos Estados Unidos há uns meses. Quando finalmente entrou nos cinemas daqui, onde foi parar meu interesse? É sério, só fui ver mesmo por "obrigação". Devo ter me empolgado porque ele recebeu críticas favoráveis e diziam que era protagonizado por um jovem astro em ascensão que eu nunca tinha ouvido falar, um tal de Shia LaBeouf. Só que Transformers, cujo trailer eu odiava cada vez mais que passava, chegou antes no país e também tinha o tal do LaBeouf. Minha implicação com ele começou por aí. Descobri agora que sua carreira um pouco discreta até então já vai fazer dez anos e ganhou um prêmio em Sundance no ano passado. Iremos vê-lo bastante ainda. Indiana Jones em andamento, não é?

Então fui assistir a Paranóia do LaBeouf sem esperar nada. E ainda bem! Assim foi mais fácil suportar o primeiro terço do filme que eu odiei pra valer. Não quis acreditar que teria que ver drama adolescente antes. O suspense demoraria a vir. O Shia é o típico adolescente descolado americano e usa camisa dos Ramones com a cueca aparecendo. O filme começa com ele e seu pai numa pescaria, aquele blá blá blá para se divertir e conversar certos assuntos sem a presença da mãe (Carrie-Anne Moss). Eles se envolvem num acidente na volta para casa e o pai morre. O Shia ainda está arrasado um ano depois. Ele nem consegue prestar atenção nas aulas de espanhol e o seu professor acaba fazendo um piadinha. Shia dá um soco nele e irá passar três meses em prisão domiciliar com um localizador GPS no tornozelo que o impede de sair de casa. A mãe cancela as contas dele do X-Box e do iTunes e ainda corta o cabo da TV para ficar sem pornografia. O que fazer agora? Exercer seu voyerismo, ué, e melhor ainda, com a nova vizinha loira gostosa. Observá-la nadando na piscina, fazendo alongamentos... o que há de melhor? Sem contar que o Shia é um bom camarada porque vai dividir a visão da loira com seu amigo tarado japonês que vem visitá-lo. A garota ficará amiga da dupla e os três começarão a observar um vizinho que acham ser o responsável pelo desaparecimento de mulheres.

Começou o suspense. E mesmo assim é aquele estilo desgastado. Em um momento a música vai aumentando, algo terrível vai acontecer, o público vai se assustar. Ah, alarme falso. Mas ainda tomei dois grandes sustos. Um foi quando a Carrie-Anne aparece atrás do Shia. Mas como o filme não mete medo, dez segundos depois eu estava rindo por causa do susto. O melhor momento foi quando a câmera se aproximou do vizinho suspeito revelando que era o David Morse!! Eu, pelo menos, só percebi que era ele neste momento. Havia uma comunidade no orkut de pessoas que morriam de medo dele e a descrição era muito divertida. Tá, o David dá medo no filme mas é só ele. O segundo grande susto que tomei foi justamente quando ele apareceu na frente do carro da vizinha loira no estacionamento do supermercado. O clímax acontece numa casa escura com o Shia andando devagar, investigando o lugar, abrindo passagens secretas. Há relâmpagos do lado de fora. A gente sabe o que vai acontecer. Não digo que é filme de Sessão da Tarde porque tem um dedo no final mas é de Tela Quente. E, é claro, o protagonista pega a vizinha no final. Eu gostei quando ele explica porque observa os vizinhos dizendo que é para entender a vida, etc. Pensando melhor depois, vi que ele é um grande mentiroso. O que é que se tem para entender vendo a moça nadando na piscina, hein? O único momento em que me identifiquei com ele foi quando a garota ameaçou jogar o iPod dele na piscina e ele disse que iria perder 60 GB de sua vida. E falando em tecnologia, foi a primeira vez que vi o YouTube sendo mencionado no cinema. Paranóia não funciona como drama e nem comédia. E ainda insiste em tirar sua atenção com aqueles microfones que não param de aparecer no topo da tela.

David Morse é o destaque do filme. Foi a primeira vez que vi o LaBeouf atuando e achei que fez bem o que tinha que fazer. É um papel que qualquer um de American Pie faria sem problemas. Vamos esperar para algo mais sério no futuro o que deve demorar. Sem maldade, é impressão minha ou a Carrie-Anne não entraria mais nas roupas de látex da Trinity?

Nota: 6,0

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Se minha patroa tivesse um amante...

Fiquei com muita vontade de ver Primo Basílio quando assisti o trailer antes dos Simpsons. E felizmente entrou em cartaz aqui. Eu não vi nada novo na semana passada porque não soube qual era o menos pior: Licença Para Casar com a Mandy Moore ou A Volta do Todo Poderso. Na dúvida, fiquei em casa. Em compensação, assisti no feriadão um dos filmes de 2006 que eu mais queria ver e ainda não vi. O Prestígio (também conhecido como O Grande Truque). Dreamgirls, Filhos da Esperança e O Labirinto do Fauno são os restantes da lista. Vamos ao primo, adaptação do romance de Eça de Queiroz. Gostei muito até uma certa parte que corresponde um pouco mais da primeira metade. Depois exploram outros aspectos que tiram o charme da primeira metade que é a infidelidade e deixam o filme interminável. Acho que até ri onde não deveria.

O elenco Global da vez fica por conta de Débora Falabella e Reynaldo Gianecchini que fazem o casal romântico no final dos anos 50 que prega a fidelidade acima de tudo. Fábio Assunção é o primo e futuro amante da Débora. O casal ainda tem duas empregadas protagonizadas por Glória Pires e a sempre ótima Zezeh Barbosa. Laura Cardoso que eu pensava não estar mais viva ainda faz rapidamente duas cenas. A história é mais ou menos assim. Basílio (Assunção) chega em São Paulo da Europa. Ele e Luísa (Falabella) irão começar um ardente relacionamento enquanto seu marido está em Brasília trabalhando. Juliana (Pires) descobre a traição da patroa e usará isto para tirar dinheiro e ter uma aposentadoria decente. Na verdade, é mais uma vingança porque Juliana foi sempre maltratada por Luísa. O que gostei começa quando o filme deixa o público ansioso pela traição. A Débora sempre parece tão novinha e já está chegando aos 30. Acho que ela representa o desejo erótico do público feminino de ter o Fábio Assunção. E como o Gianecchini está fazendo um sotaque muito irritante, será mais fácil suportar o Assunção mesmo com seus verbos em segunda pessoa do singular. As cenas de amor entre os primos é de um erotismo belíssimo e intenso. Você sente as pessoas ao seu redor sem respirar. Os únicos momentos em que achei a Débora exagerada foram nas cenas em que ela se irrita com a Glória. O inverso se tornaria divertido depois. Há anos que eu parei de assistir novelas e Primo Basílio me fez relembrar aquela época. Há algumas características de dramalhões. A descoberta da traição pela empregada seria como o assunto dos próximos capítulos. A chantagem está no ar.

Quando Gianecchini volta de viagem (sem sotaque!) e o Assunção volta para a Europa, o filme se perde um pouco. A relação com o amante era muito mais interessante do que com o marido. As cenas em que a Glória dava o troco na Débora, pelo menos, quebravam o clima maçante. Eu posso estar exagerando mas acho que demorou muito para sabermos se o marido iria descobrir a traição. Era a única coisa que o público queria saber depois do seu retorno.

Eu fiquei impressionado com o número de idosos na sala. Acho que para eles era como estar em suas residências assistindo a novela das oito. Foi muito simpático quando três senhoras de cabelos brancos entraram, andando devagar até acharem onde sentar. As freguesas do Baú merecem um momento de diversão.

Nota: 7,5

sábado, 1 de setembro de 2007

Bourne > Hunt + McClane + ... + Bond

Elogiar O Ultimato Bourne é quase uma redundância. A série foi finalizada com chave de ouro e mostrou como é possível fazer um filme de ação respeitável. Dizem até que Ultimato define o novo padrão para os futuros filmes de ação. Minha admiração começou há poucos meses quando aluguei Identidade e Supremacia. Dias depois, eu confesso, não lembrava mais tanto da trama. Mas e daí? O filme não vai deixar de ser ótimo por eu não lembrar das pessoas que o Jason matou ou das suas missões. Se você lembra da informação básica e dos personagens principais então está apto a ver Ultimato sem se perguntar o que está acontecendo. Naturalmente há pedaços do quebra-cabeça faltando mas é só assistir os anteriores de novo que resolve.

Matt Damon retorna no papel para descobrir o que o levou a se tornar Jason Bourne. Dizer que sua falta de memória é psicológica não estraga nada porque se você já conhece a essência da história, nenhum desfecho será mirabolante. Jason não seria tampouco fruto de experiência científica. Acho incrível como aqui as cenas de ação não são aleatórias, elas definem o protagonista. Finalmente assisti a trilogia Missão Impossível no último fim de semana e chega um momento em que você não aguenta mais o Tom Cruise batendo nos vilões. É barulho e pancadaria gratuita. A direção de Paul Greengrass que também dirigiu Supremacia dá um charme a todas aquelas perseguições automobilísticas, por exemplo. E o Jason é muito criativo na hora das pancadas. O que dói mais? Bater com o punho diretamente no rosto do adversário ou apoiar um livro no rosto dele e socar o objeto? Acho que sem o livro machuca mais. No entanto, Jason usa o livro. Mas a gente perdoa. Sua indestrutibilidade pode ser divertida para alguns mas a maturidade da franquia anulou qualquer riso meu nas cenas que possam ter parecido exageradas. Roteiro, edição e trilha sonora tornam a experiência mais agradável ainda. Sou agradecido principalmente pelos efeitos sonoros e trilha que silenciaram um grupo de adolescentes que só tinha ido para pertubar, pessoas com distúrbio de insegurança que precisam mostrar aos outros sua existência. Foi a pior platéia que já peguei e justamente na minha volta a uma sala de cinema do Shopping Iguatemi. A última vez que estive lá foi há uns 10 anos para ver O Exorcista quando foi relançado e espero agora vencer a preguiça de ir lá e aproveitar os filmes que só entram ali. O próximo passo será o Cine Sesi que é onde entram os filmes fora do circuito comercial.

Todo o elenco está muito bem, até a Julia Stiles com sua inexpressividade. É a mesma cara nos três filmes e isto já estava me incomodando um pouco. Ela deu uma entrevista ao David Letterman para divulgar o filme que foi muito divertida. A partir daí, eu comecei a me interessar mais pelo seu trabalho e excluindo a série Bourne, O Sorriso de Mona Lisa é o único filme com a Julia que eu já assisti. Nem lembro do seu papel nele. Então por causa desta entrevista, fiquei ansioso para vê-la no Ultimato. O seu momento mais marcante é quando ela encerra o filme dando um sorriso vendo a notícia sobre o Jason. Fiquei grudado na poltrona em estado de graça por um tempo. Eu queria somente um sorriso dela. Foi explicada a razão por ela vir ajudando o Bourne? Ela gostava dele, só pode. Achei que ela seria namorada do Jason antes de ficar desmemoriado. Se bem que esta informação também não é negada. Acho que prefiro a Franka Potente como parceira de crime dele. Mas como ela não pode voltar do mundo dos mortos... Falando nela, o Daniel Brühl (Adeus, Lênin e Edukators) faz o seu irmão numa aparição relâmpago. Só posso imaginar a função daquela cena. O meu momento preferido do Matt Damon é quando ele fala para o Noah Vosen (não lembro qual é o seu cargo na CIA mas é aquele que quer destruir o Bourne) que se ele (Noah) estivesse no escritório, ele (Jason) estaria cara-a-cara com ele (Noah). Não faltou vontade de levantar e gritar.

Se Ultimato não fugir à regra, devo esquecer a trama nos próximos dias mas a memória de que é algo extraordinário não se apagará.

Nota: 9,5

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

"Ninguém gosta dos Simpsons"

Faltando cinco minutos para o início da sessão, só haviam três pessoas na sala. Foi quando entrou um casal com sua filhinha que percebeu o ambiente e soltou: "Ninguém gosta dos Simpsons!". A maioria das pessoas que vai ver Simpsons deve ser como eu, conhece o desenho e seus personagens mas não acompanha assiduamente pela TV. Nem consigo lembrar se já assisti algum episódio completo. Não é que eu não goste, é apenas pela falta de hábito. Assisti recentemente o trecho de um muito engraçado que satirizava a Igreja Católica. Gostei muito do filme. Eu aproveitei este do começo ao fim diferentemente de Ratatouille e é muito melhor do que Shrek Terceiro. As piadas de Simpsons estão colocadas nos lugares perfeitos, é um antiamericanismo divertido que não acaba mais. Brincam com o governo, a polícia, o cidadão alienado... é um humor negro agradável.

O começo por si só já valeu boa parte do ingresso que os otários compraram. Homer pergunta o porquê de pagar por algo que se pode ver de graça. A provocação foi feita (237 torrents no Mininova) e o filme continua com um show do Green Day. O lago de Springfield está tão contaminado que a cidade é posta sob uma cúpula que a isola do restante do país. O Exterminador do Futuro é o presidente dos EUA cuja função é decidir sem pensar. A família Simpson consegue escapar e depois irá retornar para tentar salvar os outros habitantes porque a cidade vai ser destruída pelo governo. Lembrei de Os Incríveis por causa dos problemas familiares abordados intensamente aqui: Bart queria outro pai, Homer e Marge passam por crise conjugal, etc. Os Simpsons também faz referências divertidas a outros filmes incluindo o recente Uma Verdade Incoveniente o que mostra que o trabalho no roteiro iniciado em 2003 prosseguiu com mudanças até em cima da hora. Imagino que uma sequência demore a sair. Há algumas coisas que ficaram sem explicação. O que era aquele bicho de muitos olhos? E qual foi o destino do porquinho de estimação? Esta criatura colocada na história merecia um final pelo menos. Eu sei que existe alguma coisa nos créditos finais. Há uma parte em que uma frase exaltando o futebol brasileiro é dita. Desconfio que sejam os dubladores aprontando. Já ouvi um caso de que na série da TV isto já aconteceu.

Achei curioso ver a garotinha que reclamou da ausência de pessoas assistir um filme com piadas sobre pênis, masturbação e índia de seios grandes. Sem falar que aqui ainda passou o trailer de Primo Basílio. Ela errou ao dizer que ninguém gostava dos Simpsons. A sala se encheu mais em seguida e percebi que todos se divertiram. É recomendável. Um problema de trailer de comédia é que piadas são jogadas antecipadamente. Vi tantas vezes o Porco-Aranha que no produto principal perdeu a graça, ri mais com o Harry Porco.

Vou voltar a colocar títulos nos textos. A outra opção era "1001 maneiras de cobrir a torneirinha do Bart".

Nota: 8,0

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Sem Reservas

Chegou mais uma refilmagem americana de um filme europeu. Só para citar um exemplo, aquele Táxi de 2004 com Jimmy Fallon, Queen Latifah e Gisele Bündchen é uma refilmagem do francês de mesmo nome. Sem Reservas é baseado no alemão Simplesmente Martha. Quase sempre os originais são melhores (estou confiando na opinião de quem já assistiu). Não vou dizer que este é ruim porque eu ficava com aquele sorrisinho em boa parte do filme e queria assisti-lo principalmente para ver a Abigail Breslin, a garotinha do Pequena Miss Sunshine que todos queriam levar para casa.

Catherine Zeta-Jones é uma chef de cozinha que faz terapia. Sua irmã morre e ela ganha a filha, isto é, sua sobrinha, de presente. Catherine se afasta por uns dias do restaurante e quando retorna, encontra o lugar com um subchef temporário (Aaron Eckhart). Ele e Abigail irão transformar a vida de Catherine e todos já conhecem o final desta dramática comédia romântica. O trio está apenas bem. A química entre o casal é, pelo menos, mais aceitável do que em O Terminal onde a Catherine não tem nada a ver com o Tom Hanks. Talvez seja algum preconceito besta meu. O Aaron está agradável e divertido. Quando a câmera mostra a Abigail pela primeira vez, só ouvi os cochichos das pessoas. Ela está adorável como sempre mas me irritou em algumas partes, não é problema da atuação, é o seu papel mesmo que se torna irritante quando começa a chorar demais. Há uma cena desnecessária em que ela se zanga e sai correndo pelas ruas, quase é atropelada. Mesmo com uma história prevísivel, não é difícil ficar lá sentado vendo o tempo passar. Eu até aproveitei cada segundo. Gostei quando a Catherine leva o pedaço de carne cru para o cliente chato e ainda puxa a toalha.

E que história é essa de colocar a Abigail trabalhando no restaurante no final? Ela não deveria estar estudando? Vão perder a guarda da garota... O que eu gosto na Abigail Breslin é sua autenticidade. É só olhar a Dakota Fanning e vão perceber o que quero dizer. Dakota se comporta como adulta e parece um robô falando. É um objeto de Hollywood. Abigail é totalmente o contrário e age como alguém da sua idade. Quando perguntaram como foi filmar Sem Reservas, ela disse que foi divertido porque havia feito panquecas. Dakota teria respondido que foi uma honra ter contracenado com a Catherine Zeta-Jones. Concordo com o Alan Arkin quando disse que foi bom a Abigail não ter ganhado o Oscar.

Nota: 6,5

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Duro de Matar 4.0

A única coisa que eu sabia sobre a história de Duro de Matar era que o personagem do Bruce Willis se chamava John McClane, e só descobri há poucos dias. Dá para perceber que nunca assisti nada da série antes. Acho que este tipo de ação protagonizada por um policial, agente da CIA, etc nunca esteve entre as minhas preferidas (Há uma exceção. Jason Bourne com sua identidade e supremacia). Até hoje nunca vi um Missão Impossível e quando tentei ver o primeiro há umas semanas, dormi. Meu primeiro James Bond foi o Cassino Royale de 2006. Então como eu não queria ficar três semanas consecutivas sem ir ao cinema, fui conferir o 4.0. Esse "4.0" do título nacional parece que é para enfatizar a era da computação. Há uma piadinha interessante em que o Bruce cobre uma câmera com a mão para não ouvirem o que ele fala. O último filme é de 1995, acredito que não haviam ainda introduzido todos esses aparatos tecnológicos e o nosso policial duro de matar ainda não se modernizou, está sempre controlando os namorados da filha.

A produção cumpriu seu objetivo. Muitos tiroteios, perseguições, lutas, carros, caminhões, helicópteros... o que Hollywood sabe fazer bem. E não é que o resultado final é muito bom? Eu me diverti, fiquei aflito e levei sustos. O roteiro não deixa o filme cansativo em nenhum momento. O Bruce vai investigar um grupo terrorista que pretende fazer um ataque cibernético controlando os meios de comunicação, transportes e energia elétrica dos Estados Unidos começando com a implantação do medo na população, algo parecido com o que o Bush fez após o 11/9. Bruce terá como parceiro o hacker que implementou o algoritmo de invasão dos sistemas interpretado por um rapaz chamado Justin Long. O chefe da quadrilha de terroristas é feito pelo Timothy Olyphant. Não conheço nenhum dos dois mas eles estão muito bem no 4.0, só não gostei muito do Cliff Curtis que faz o chefe da Divisão de Investigação Cibernética do FBI, algo assim. É o tipo de ator que já vimos antes mas não lembramos onde. O IMDB me diz que o conheço de Um Crime de Mestre e Encantadora de Baleias, ele fez o irmão da Keisha Castle-Hughes se não me falhe a memória. O Bruce continua em forma para este tipo de trabalho se bem que não estou lembrando de cenas que tenham exigido grande esforço físico, me recordo mais das milhares de vezes que ele fala sussurrando como se fosse um policial que não aguenta mais o batente. O filme tenta explorar a relação dele com a filha mas sem sucesso. A garota não quer vê-lo nem pintado no começo, basta ficar presa num elevador e a primeira pessoa com quem ela quer falar é o pai. Como assim? Eu teria gostado se ela respondesse que queria falar com o não-namorado, afetaria mais o Bruce e o público também. Um vício desses filmes é querer fazer casais, eu tentei acreditar que não haveria nada entre o jovem hacker e a filha do McClane. Os exageros também estão lá, o mais divertido é a quantidade de cabelo que o Bruce arranca da mocinha da quadrilha. A coitada apanhou tanto.

Os efeitos especiais deixam a desejar em alguns momentos sendo até inadmíssiveis. A direção fica por conta do Len Wiseman que tem na bagagem coisas como Godzilla, Homens de Preto e Independence Day onde só trabalhou no Departamento Artístico, mesmo assim é experiente em destruir os Estados Unidos.

Nota: 7,5

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Ratatouille

A cabeça estava um pouco longe quando assisti Ratatouille então não acabei aproveitando quanto eu queria, inclusive dormi em uma parte. Mas acredito ter captado a essência desta animação que é o filme atual mais elogiado pela crítica americana. Ele não é tão comercial, está tendo uma passagem razoável pelas bilheterias e não vai chegar nem perto dos números de Procurando Nemo. Ratatouille e Os Incríveis devem ser as animações mais maduras da Pixar. Antes do filme, um curta bem simpático é exibido. Os ratos só vêm depois. Eu não me diverti tanto quanto outros da platéia mas o saldo do filme é positivo.

A história principal é sobre um ajudante desajeitado e um rato que irão formar uma dupla de cozinheiros de sucesso. Algumas subtramas são desenvolvidas também envolvendo um famoso cozinheiro, um crítico e os parentes do rato principal Remy que é fascinado pela habilidade de cozinhar dos humanos. Há três momentos que eu considero as melhores partes. Uma é quando o rato consegue arrumar uma forma de controlar o jovem ajudante já que humanos e ratos não falam a mesma língua. A segunda parte começou quando meu cochilo acabou. É o ápice do filme, todos aqueles ratos trabalhando na cozinha do restaurante. Quando eles trazem o inspetor da vigilância sanitária amarrado é hilário. E a terceira é a leitura do novo texto do crítico culinário acabando com um "Surpreendam-me" ao som da música de Michael Giacchino (que já compôs para Lost). Por eu não ter estado tão ligado no filme, não me recordo exatamente das frases deste texto. Só lembro naquela hora de ser atingido por aquelas palavras. Vou aguardar o lançamento em DVD para ver de novo.

Todo o filme é bastante sincero e inocente. Faz esquecer que na vida real você odeia as criaturas que estão na tela. Eu não. Já vi gente reclamando que rato é sujo e deve ser exterminado mesmo. Mas de quem é culpa por eles serem assim? De quem é o lixo?

Nota: 8,0

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix

O mês de julho está praticamente na metade e Harry Potter e a Ordem da Fênix foi o primeiro filme que vi este mês. Não vou alcançar a marca dos dezoito filmes que assisti em junho. Antigamente eu era suspeito para falar de Harry Potter. Hoje estou mais equilibrado. Eu digo isto porque mesmo tendo a cotação mais baixa de um filme da série nestes sites que calculam uma nota baseada em várias críticas, consigo concordar que é bastante justa. Ela não é ruim de maneira nenhuma (74 no Rotten Tomatoes). É até a melhor cotação das sequências de ogros, piratas e super-heróis lançadas em 2007. Eu não vou reclamar de nada relacionado ao fato de várias passagens do livro terem ficado de fora do filme. O roteiro do Michael Goldenberg ficou bem enxuto assim como o do Cálice de Fogo (Steve Kloves). Ele é ágil mas contém falhas. Achei a primeira metade o grande problema. A segunda consegue se erguer mas não o suficiente para não acharmos que sentimos falta de alguma coisa.

O filme começa estranhamente com Harry se torrando num playground no meio do nada sob um sol escaldante. Aí seu primo com uns colegas chegam e parecem ter saído de um clipe do Eminem. Não se enganem mas é um filme do bruxinho (sic) sim porque os dementadores logo aparecem. Os Dursley estão exageradamente repugnantes. Ainda bem que a participação foi rápida. Não é incoerente o Harry ser punido por ter executado magia na presença de um trouxa enquanto um bando de bruxos velhos voam livremente desviando de embercações na presença de trouxas? Ou toda a sua punição foi somente por ser menor de idade? E como é que seis adolescentes conseguem penetrar sem obstáculos nos lugares mais secretos de um lugar chamado Ministério da Magia? Eu mereço algum desconto pois faz tempo que li este livro.

A primeira metade do roteiro é problemática por ser muito episódica: ataque dos dementadores, casa dos Black, audiência, Dolores Umbridge e Armada de Dumbledore. Depois que introduzem estes elementos, o restante flui mais agradavelmente. O filme tem seus melhores momentos quando faz rir, é um ótimo entretenimento. Os efeitos especiais são um espetáculo à parte, excluindo possivelmente o gigante que não vi muito seu rosto porque s fotografia deixou a cena muito escura. Não é que o aspecto político, por exemplo, a grande novidade desta parte, não seja interessante mas acho que o filme sofre por ser baseado num livro que eu não considero tão cinematográfico. O quinto volume é aquele em que JK Rowling ("To Júlio...", ops) trabalha brilhantemente a evolução dos personagens. Eu não percebi no filme que o Harry tenha progredido satisfatoriamente, posso mudar de opinião quando for ver de novo. Faltou aquele seu lado raivoso que tanto me irritou no livro mas não vou reclamar porque lá no começo eu disse que não iria mencionar sobre fidelidade livro/filme. O que eu quero dizer é que o material para fazer este filme possui características mais importantes do que batalhas, cavalos alados e gigantes. Sem desmerecê-los. A cena da audiência é entediante. Já o primeiro encontro com os futuros membros da AD em Hogsmeade onde Harry explica como é ter lutado contra Voldemort é muito bom. Você percebe uma causa sincera que justifica a criação daquela sociedade. Todos os encontros seguintes são bem aproveitados e o tão aguardado beijo que foi discreto durou menos do que eu esperava porque já tinha lido que duraria demais.

O elenco adulto em geral é normalmente desperdiçado, neste eu achei que a maioria teve sua importância mesmo em participações rápidas. Imelda Staunton (O Segredo de Vera Drake) transforma Dolores Umbridge em um dos personagens mais marcantes da série. Ela é terrivelmente deliciosa em todas as suas cenas desde o primeiro discurso em Hogwarts passando pelas aulas, detenções, inspeções até o seu auge na floresta. O público vibrou quando Harry e Hermione entraram na floresta com ela. Foi uma pena os centauros estarem ali para quebrar o clima daquele momento antes do encontro com o gigante. A outra novidade do elenco é a Helena Bonham Carter mas não gostei muito dela. Gary Oldman retorna com uma participação bem mais decente e sua última cena foi na medida certa. Foi muito gratificante ver Michael Gambon e Ralph Fiennes no maior duelo até agora. Talvez eu esperasse que fosse mais prolongado. Evanna Lynch foi perfeita para o papel que é um dos meus cinco personagens preferidos. A garota captou bem a essência da minha adorada Luna que é a capacidade de provocar um inocente desconforto. Minha cena preferida é quando ela está colando os cartazes à procura de suas coisas que foram escondidas. Em relação ao trio principal, Emma Watson era a minha favorita e Daniel Radcliffe o ator mais fraco quando o primeiro filme foi lançado. Após o quinto filme, os papéis se inverteram. Os três amadureceram bastante mas o Daniel é quem se sai melhor agora. E a Emma fica devendo ao Rupert.

Quando Alfonso Cuarón dirigiu Azkaban, ele deixou sua marca. Mike Newell também. Achei a abordagem do David Yates parecida com a do Mike. Quando tocava essas músicas pop/rock de bandas britânicas, eu lembrava do diretor anterior. E também devido ao ambiente libertino. Há quem não goste de flashes dos filmes anteriores adicionados mas eu gostei. Só achei um mal vício aquelas sequências de imagens para mostrar o Snape lendo a mente do Harry. Yates fez um ótimo trabalho apesar de tudo. Ele fez a Imelda dar uma bofetada impressionante no Daniel. Há uma parte bastante simpática em que o trio discute o beijo do Harry, os diálogos acabam e a cena continua com eles rindo fora dos seus personagens. Acho que isto também aconteceu no filme passado. A Ordem da Fênix é meu blockbuster preferido deste ano até agora mas nada superou a batalha dos navios no redemoinho do Piratas 3.

Nota: 7,5

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Shrek Terceiro

Pior do que assistir Shrek Terceiro é ser obrigado a ver dublado já que as duas cópias da cidade são assim. Quando vi Eragon dublado no começo do ano, achei o som um pouco baixo e não consegui entender algumas falas. Temia que estivesse deste jeito no filme do ogro. Mas não houve problemas, quer dizer, houve só um. O filme. Eu tinha gostado muito do trailer e o que gostei nele acontece bem no início do filme. Entrei em contagem regressiva para a sessão acabar. Bocejei tanto até lá. Eu só não dormi porque minha carteira caiu no chão e levei um susto. Shrek Terceiro é terrivelmente sem graça. Só ri de verdade uma única vez perto do final.

O problema dele é a falta de justificativa para ser feito. Arrecadar dinheiro não vale. A história não evolui em relação ao segundo, os personagens principais são os mesmos, as piadas... não são piadas. Eu gostei bastante do anterior mas deste não dá para tirar nenhum proveito. Odiei a parte em que o rei-sapo estava dizendo suas palavras finais, já foi tarde. E todas aquelas coisas escatológicas características quando os trigêmeos são mostrados? Tem que ter, é um dos maiores atrativos da série. A sala estava cheia de pais com seus filhotes e eles se matavam de rir. Não é triste pensar que o futuro de nossa nação (olha que clichê) cresceu chamando isto de diversão?

Graficamente, Shrek é muito bem feito. As paisagens são belíssimas mas isto só não é suficiente para o resultado final. A moral da história e todo o filme é para dizer que você pode ser diferente do que as pessoas acham de você. O próprio ogro resume o filme numa fala. "Ninguém merece."

Nota: 3,5

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Piratas do Caribe - No Fim do Mundo

É inegável que a franquia Piratas do Caribe sabe dar uma aula de como fazer um filme de ação e aventura (a qualidade dela de forma geral é outra questão). Só vi o segundo há alguns dias porque queria assistir o terceiro agora e valeu muito a pena. Eu sinto que com o primeiro houve uma preocupação maior em fazer algo que não fosse apenas um filme pipoca com as baboseiras comuns de Hollywood. Com os dois seguintes duvido que tenham se preocupado com isto! A cena em que a lula gigante expele aquela gosma no Johnny Depp no Baú da Morte é a maior confirmação. O terceiro não tem gosma nenhuma, no entanto está recheado com todos os tipos de piadinhas sem graça. Mas vou dizer que perdôo todas elas em virtude da magnífica jornada de aventura. A batalha entre os dois navios no redemoinho é de tirar o fôlego.

Nem vou tentar explicar a sinopse, é comum não captar todos os detalhes. A partir de um certo momento eu parei de querer entender. Esta complexidade até pode ser positiva porque significa que há cabeças pensantes por trás da história. Este filme é o mais longo dos três, só fiquei cansado mesmo em algumas partes no meio e ficar cansado no final é pior porque você fica querendo que o filme acabe logo. Eu detestei as alucinações de Jack Sparrow, principalmente a primeira vez quando ele bota o ovo. A Keira tirando aquela arma enorme de não sei onde do corpo também é tão desnecessário. Mas como eu disse antes, essas situações ficam ofuscadas pela grandeza de outras. Numa situação rara, os efeitos especiais me venceram. Fiquei tão envolvido com aqueles personagens que conhecemos desde o primeiro o filme, não importa o que eles estivessem fazendo mas queria vê-los em cena. Bichos inteligentes costumam ser insuportáveis mas tive que simpatizar com o macaquinho. A situação final do casal romântico Will e Elizabeth me fez ficar pensando o que são dez anos na vida de uma pessoa e no caso deles é lamentável. Eu não vi a cena depois dos créditos finais mas sei do que se trata, com certeza vale mais a pena do que as cenas dos dois filmes anteriores. Depois vejo se o youtube me mostra.

O elenco de Piratas do Caribe é a maior propaganda dele. Enquanto a série estiver forte em nossas mentes, não acredito que façam mais um sem o trio Johnny Depp, Orlando Bloom e Keira Knightley. A maior expectativa em relação ao terceiro era o Keith Richards. Eu tinha esquecido completamente da participação dele depois de uma hora de filme mais ou menos. Infelizmente seu papel é inútil ou eu perdi a importância em trazer um livro, tocar violão e mostrar a cabeça da mãe do Jack.

Nota: 6,0

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Um Crime de Mestre

Na última quarta-feira, fui ver Um Crime de Mestre ignorando totalmente Piratas do Caribe porque ainda não vi O Baú da Morte. Este thriller com Anthony Hopkins e Ryan Gosling tem seus atrativos mas senti que faltou alguma coisa. A gente sabe que o Anthony sabe fazer este tipo de papel. Já o Ryan que concorreu a um Oscar este ano não me convenceu como o jovem promotor público que ganhou 97% dos casos. Ele está apenas bem, ficou devendo algo em suas cenas mais intensas. A sinopse em si já é interessante (e vi o trailer algumas vezes). Para ser promovido, o personagem do Ryan precisa só de mais um caso para resolver. O Anthony descobre que sua esposa o está traindo com um policial. Ele mata a moça e monta um esquema para que todas as provas não sejam válidas contra ele, é o tal crime de mestre.

O filme não tem um ritmo constante. É um sobe-e-desce do começo ao fim. O começo é bastante lento e aquele piano da trilha sonora de Jeff e Mychael Danna só me atrapalhou. Serviu como o meu sonífero nos primeiros trinta minutos. Mychael participou da ótima trilha do Pequena Miss Sunshine mas em Crime ou ela causa sono ou é exagerada deixando o filme com cara de James Bond, Missão Impossível e derivados. Passados os trinta minutos iniciais, fiquei mais alerta quando veio a primeira parte no tribunal, acho que foi a minha preferida. Anthony roubou a cena e estava muito divertido. Depois um bom tempo é gasto procurando a arma do crime que não é encontrada. O espectador mais atento pode matar a charada antes da resolução.

Eu gostei do fato do filme não cair em certos clichês. A esposa do Anthony não morre com o tiro, fica numa espécie de coma. Como a arma não era encontrada, achei que ele iria sair deste estado e servir de prova contra o marido. Mas isto não ocorre. E o Ryan ganhou o caso? Foi promovido? Anthony foi para a cadeia? É o público que decide. A única coisa que não entendi foi o papel da Rosamund Pike. Devo ter perdido algo enquanto cochilei.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Hannibal - A Origem do Mal

Esta nova aventura de um dos mais famosos vilões do cinema, Hannibal Lecter, é quase ruim porém assistível. Quando estou vendo um filme que não está me agradando, torço para acabar logo. Já este Hannibal, suportei sem problemas até o final. Como o subtítulo diz, vamos conhecer a origem do mal, ou pelo menos tentar entender. A razão por ele ser assim é porque sua irmãzinha Mischa foi servida de banquete para uns soldados soviéticos durante uma guerra na Lituânia. Flashes da garota sendo levada para o abate são repetidos várias vezes durante o filme e isto foi o que me causou mais desconforto. Hannibal cresce com este trauma, estuda Medicina em Paris e depois vai atrás dos homens que mataram sua irmã. Esta é principal trama do filme que possui um texto fraco, atuações simples e não acaba convencendo. É claro que seria injusto comparar com Anthony Hopkins mas Gaspard Ulliel merece algum crédito pelo seu trabalho. Ele é francês e acredito que seja seu primeiro trabalho em língua inglesa. Ele conseguiu fazer certas expressões que eu realmente gostei. Já aquela genialidade por trás do personagem de Hopkins não existe aqui.

Quando a gente vê O Silêncio dos Inocentes, torcemos pelo Lecter porque gostamos de vê-lo manipulando a agente Starling mas não queremos ver a filha da senadora morta também. Acontece algo semelhante em Dragão Vermelho (2002). Em A Origem do Mal, torcemos pelo Lecter simplesmente porque os soviéticos são retratados como os vilões de verdade, eles são maus e comem criancinhas. Então quando o Lecter mata um deles, aquilo é um ato heróico. Se ele come as bochechas das vítimas ou as tortura é outra coisa.

Hannibal vai primeiramente à Paris atrás de um tio, lá descobre que ele já faleceu, só a esposa dele está viva, interpretada pela Gong Li. Ela vai ser uma espécie de mentora, irá ensinar a arte dos samurais e será cúmplice de Hannibal em seus crimes ajudando-o a se livrar da polícia. É um papel bem mal aproveitado.

Não sei definir o gênero do filme. Não é terror. Suspense é só em duas ou três cenas. Chamar de drama é exagero. Então não sei. Há uma cena quase no final em que o Hannibal marca o peito do homem com um M e diz "M de Mischa", aí lembrei do filme V de Vingança que até agora não vi mas tenho muita Vontade.

sábado, 5 de maio de 2007

Homem-Aranha 3

Eu fiz tudo certinho. Comprei o ingresso antecipadamente, ganhei um pôster que ainda não sei qual será sua utilidade, enfrentei uma fila enorme para entrar na sala e tudo isto para quê? Amor pelo Aranha é que não foi. Apenas para ficar livre já que o filme ocupará a sala pelas três próximas semanas, no mínimo. É o começo da época dos blockbusters, ou seja, é hora dos estúdios faturarem. Isto explica a quantidade de trailers exibidos antes do Homem-Aranha 3. Deixe-me ver se lembro de todos: Os Simpsons, Quarteto Fantástico 2, mais uma animação com pingüins, Harry Potter e a Ordem da Fênix, Shrek Terceiro e Piratas do Caribe. Depois de tudo isso veio o prato principal que até é digerível mas não tão facilmente como os dois anteriores. Os erros acabaram influenciando o entretenimento que mesmo assim não deixa de ser ótimo. Eu detestei o primeiro filme, adorei o segundo e quando vi novamente o primeiro, mudei de opinião. Nesta terceira parte, Peter Parker vai enfrentar problemas no relacionamento com Mary Jane, descobrir um novo detalhe sobre a morte do seu tio e chegará a lutar com quatro inimigos incluindo ele mesmo.

Aumentar o número de vilões foi uma boa sacada. O problema é que eles não são tão interessantes. As ações maléficas do Homem-Areia são justificadas pelo dinheiro para a saúde da filha (como o nosso super-herói é muito nobre, ele o perdoa) e o fotógrafo que se tornará o Venom quer a morte do Peter só porque perdeu o emprego por causa dele. Profundidade zero. Queria saber porque estes dois vilões emitem sons não humanos, o Areia quando está em seu maior tamanho no final me lembrou um King Kong. O Duende Verde e o Dr. Octopus nunca deixaram de ser humanos e não emitiam estes sons selvagens. O terceiro vilão não chega a ser um vilão de verdade, Harry Osborn incorpora um Duende Verde Júnior e quer vingar a morte do pai. Seu mordomo conta umas verdades e ele se torna um aliado do Peter. James Franco está excelente em todo o filme. Usando a armadura do Duende ou deitado sem memória numa cama, acho que é quem mais se destaca. O quarto e principal inimigo é o próprio protagonista que terá seu egocentrismo testado ao entrar em contato com uma gosma preta que caiu do céu. Quando o novo Peter entra em ação, o filme chega ao fundo do poço e não podemos levar mais nada a sério. Parece que foi inspirado em alguma comédia adolescente como American Pie. Tive até pena do Tobey Maguire. Quando ele sai azarando as mulheres na rua com seu penteado emo, fiquei pensando por que o Sam Raimi teria feito isto com seu herói preferido. Mas ainda bem que este momento é superado porque quando o Aranha parece não ter mais para onde ir lá para o final, ele recebe ajuda do Duende Júnior. E foi esta a minha salvação durante a sessão.

Não sei se explorar demais os problemas conjugais do Peter com MJ foi algo agradável para os fãs. Tem uma cena num restaurante francês que eu até achei divertida mas a Kirsten Dunst não tem função nenhuma neste filme a não ser cantar, reclamar por ter perdido o emprego e servir de isca para o Homem-Aranha. Talvez a cena de maior impacto dela foi quando beijou o Harry pois os fãs do super-herói presentes não foram nada simpáticos com a moça. Quando ele se diverte com a Bryce Dallas Howard de Manderlay e A Vila, eles adoram. Só há pouco tempo eu soube que era filha do Ron Howard.

O momento em que tive mais vontade de rir foi quando o Stan Lee invadiu a tela conversando com o Peter. Eu lembro que ele já apareceu nos outros mas não me recordo se chegou a falar alguma coisa. J.K. Simmons mais uma vez colocado para entreter o público como o maluco chefe do Clarim Diário. Eu gostei de um parte em que o Peter pergunta de onde todos esses homens vêm, se referindo aos vilões. Não achei os efeitos especiais tão maravilhosos. Em algumas cenas estáticas, era totalmente visível o cenário todo virtual.

É claro que o filme vai faturar horrores, já foram U$ 104 milhões em todo o mundo só na sexta-feira. Mas nunca vai se tornar a maior arrecadação de todos os tempos como disse um animal numa matéria que eu li.

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Maria Antonieta

O último filme de Sofia Coppola e que foi vaiado em Cannes em 2006 chegou em Maceió neste fim de semana. Não acho que as vaias tenham sido justas, é necessário tentar entender o que Sofia quis mostrar. Ela não fez um filme histórico ou político, tampouco é biográfico, por isso você percebe a ausência de um enredo firme, não há uma história sendo contada. Ela preferiu mostrar o lado humano de Antonieta reagindo a certos acontecimentos desde sua chegada a França até a saída do Palácio de Versalhes quando já era rainha daquele país durante a Revolução Francesa. É até aceitável que esta França fale inglês. O filme contém uma trilha sonora ao som de New Order, Strokes e The Cure proporcionando um clima mais contemporâneo e foi este detalhe que chamou mais minha atenção quando vi um trailer embora este tom contemporâneo não seja visível somente através das músicas. Mesmo com aquela bela direção de arte, locações e figurino de época, a Antonieta retratada por Sofia não seria diferente de uma garota da geração Orkut.

Eu gostei mais de certas partes do filme do que dele como um todo. Fiquei com aquela sensação de não ter compreendido profundamente o cárater de Antonieta. Ela foi feliz ou não com Luis XVI? Ela realmente achava que seu destino era ser rainha da França? Nem sei dizer se a Kirsten Dunst encarnou o papel bem. Às vezes, eu a achava deslocada e depois eu a entendia na cena seguinte. Só sei que na próxima sexta-feira, Maria Antonieta dará lugar a Mary Jane. Gostei da parte em que seu marido toma a primeira iniciativa para uma noite de amor (ou os príncipes só fazem isso para gerar herdeiros?) e logo em seguida ele se desculpa e vai dormir. Há muitas piadinhas terrivelmente sem graça que beiram o ridículo mas eu acreditava nas boas intenções da Sofia Coppola.

Eu gostei mais de Encontros e Desencontros e nunca vi As Virgens Suicidas. É bem visível algumas semelhanças entre a Antonieta e a personagem da Scarlett Jonhansson de Encontros como o fato de serem personagens femininos reprimidos que entram em um novo ambiente e buscarão mudar algo na situação em que viverão. Você pode perceber também que enquanto a Scarlett observa Tóquio através da janela do hotel, a Kirsten observa os jardins através da janela do palácio ou das carruagens.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Número 23

Eu nem estava empolgado para escrever sobre Número 23 mas quando cheguei em casa e percebi que tinha visto o filme num dia 23, cai na risada e vim para cá escrever. Mas antes tive que fazer mais uma coisa só para matar minha curiosidade. Meu nome dá o número 131, ou seja, 1+3+1=5=2+3. Minha data de nascimento dá 1994 que é 10+3+1981. 1+9+9+4=23. Assustador! Já tenho idéias para o meu livro. Que nada. Não ligo para numerologia e derivados. O filme conta a história de um Jim Carrey que se tornará paranóico ao receber um misterioso livro que aparentemente tem detalhes demais de sua vida. O filme pretende ser um suspense psicológico mas só pretende. Imagino que as aparições do 23 eram para deixar o público envolvido mas acabaram sendo engraçadas. Eu só estava curioso pelas investigações sem me importar com o gênero do filme. A história é até interessante mas não tem nada que nunca tenhamos visto. Eu fiquei tão surpreso quando acabou a sessão porque olhei para o relógio e só haviam passado 90 minutos e o filme pareceu ter durado muito mais de duas horas. O contrário seria um ponto positivo. O elenco tem ainda a Virginia Madsen (pesquisei de onde eu a conhecia e era de Sideways) que faz a esposa do Jim e o filho do casal que eu também conhecia e consegui lembrar depois que era o Bobby (Logan Lerman) da extinta série Jack & Bobby. Se alguém me perguntar se vale a pena assistir, eu digo que sim. E aposto que deve ser melhor que A Colheita do Mal com a Hilary Swank que estava passando na sala ao lado.

domingo, 15 de abril de 2007

300

300 é exatamente aquilo que você espera após ver o trailer. Muita violência recheada com um monte de discursos sobre glória, liberdade, orgulho, etc. É até um bom entretenimento mas não queira encontrar conteúdo. O filme começa com um prólogo interminável sobre o destino de um espartano até chegar ao nosso herói Leônidas que praticamente só fala berrando. Aí ele recebe um mensageiro do rei persa Xerxes (Rodrigo Santoro que está divertido no papel) dizendo que vai dominar as terras gregas. Leônidas joga o rapaz num buraco e vai à guerra contra a vontade de umas criaturas feias chamadas Éforos.

O que resta de bom em 300 são aspectos técnicos como a fotografia característica desta adaptação da graphic novel do Frank Miller. O que mais gostei foram as lutas corpo a corpo com a aceleração e desaceleração da velocidade. Fora isto não resta nada que mereça ser lembrado. É apenas uma exaltação à guerra. Os gregos lutam contra vários tipos de seres, os guerreiros comuns, os imortais que morrem com a mesma facilidade dos comuns, os mágicos e animais gigantes. Gostei da festinha promovida pelo Xerxes. Quando vi o trailer pela primeira vez, fiquei com a impressão de que seria um filme para o público masculino adulto que ainda brinca com bonecos ou que se fantasiou para ir ao cinema assistir Star Wars, Senhor dos Anéis ou Matrix. Mantive esta impressão depois do filme. O que eu gostava mais de História era a Idade Antiga com Roma e Grécia e desde aquela época eu preferia Atenas do que Esparta.

Numas das raras ocasiões, 300 teve evento de lançamento no país com a presença do diretor Zack Snyder e dos atores Gerard Butler e Lena Headey. O Rodrigo agradeceu. O filme teve o maior público de estréia do ano por aqui mas vai ficar para trás devido à temporada de férias que vem por aí quando só se falará de Peter Parker, Shrek, Harry Potter e Jack Sparrow.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Pecados Íntimos

O período das vacas gordas ainda continua. Mesmo que eu não vá ver Borat, Apocalypto ou O Labirinto do Fauno, ainda tem Dreamgirls até o fim de semana. Aproveitando a Segunda Irresistível do Severiano Ribeiro, fui ver Pecados Íntimos. É simples, o filme é excelente, o elenco (adulto e infantil) está brilhante, o roteiro ajuda e o final engrandece tudo o que veio antes. É claro que certos elogios devem ser dados ao livro no qual o filme é baseado. Se eu gostei do final é porque no livro está assim. Normalmente é assim. Um grande exemplo de quando isto não acontece é O Catelo Animado onde o que mais gostei foram as mudanças que o Miyazaki fez em relação à história original.

Só conheço a Kate Winslet e a Jennifer Connelly do elenco. O restante não me recordo. A cada novo trabalho da Kate, eu admiro mais seu talento. Mesmo que o seu papel seja ruim, ela o faz parecer especial. Não é o caso de Pecados Íntimos. Aqui ela é uma esposa, mãe e mestra em literatura cujo marido a troca por pornografia na internet. Ela começará um romance com Brad, um jovem pai que visita o playground da comunidade e que também possui um casamento problemático pois sua mulher é obcecada pelo trabalho. Só que ele não é tão insatisfeito. Está tentando passar no exame da ordem dos advogados pela terceira vez mas ao invés de estudar, ele fica observando um grupo de skatistas que nunca falam com ele. Brad é amigo de Larry, um ex-policial que se enconde atrás de sua hipocrisia. Este é o fundador de um grupo formado por alguns pais contra o pedófilo (agora ex-?) que acaba de retornar à sociedade. Uma das coisas que gostei é que ele não é um vilão, os personagens não são divididos em bons e maus. Quem somos nós para julgarmos alguém que já abusou de crianças se também somos semelhantes? Não estou falando de termos feito o que ele fez. A participação do Jackie Earle Haley (indicado ao Oscar por ator coadjuvante) interpretando o pedófilo é pequena e é a mais marcante do filme. Gostei muito de sua mãe também que sempre o defende não por ser sua mãe.

Enquanto o filme prosseguia, eu não fazia idéia de como aquelas histórias acabariam. Eu me senti um pouco envergonhado ao pré-julgar o Jackie Haley no final. Ele sai à noite com uma faca, está alterado e irá por acaso encontrar Kate e a filha. O que eu poderia imaginar?

Eu terminei de escrever este texto duas semanas após ter visto o filme. Teria escrito mais antes mas fiquei doente dois dias depois daquela segunda-feira e o pior de tudo foi que perdi Dreamgirls.

quarta-feira, 21 de março de 2007

A Rainha

A principal razão para querer ver A Rainha era a Helen Mirren devido a todos os prêmios pela sua atuação. E o filme também recebeu críticas positivas. Lá fui eu provar. Mesmo tendo cochilado, o filme é bem agradável e até divertido. Não conheço a rainha Elizabeth II mas Helen Mirren está totalmente convincente no papel. Uma caracterização impecável. O filme mostra a situação da monarquia britânica entre a chegada do novo Primeiro-Ministro Tony Blair e a semana que sucedeu o acidente com a Princesa Diana. O foco maior é a posição da rainha em relação às críticas severas do povo pela ausência de um pronunciamento oficial por parte da realeza sobre a morte de Diana. Ela se sente pressionada por todos os lados, principalmente pelo Tony Blair, para fazer o tal pronunciamento em público. Gostei quando perguntam sobre a mudança de uma frase no discurso já preparado e a rainha responde que não tem opção. É disto que tudo se trata. Acalmar o sofrimento ilusório de toda aquela gente.

As cenas da Diana me fizeram perceber como não tenho uma mínima lembrança dos noticiários de quando ela era viva. Só lembro bem das notícias do acidente e que o único single que comprei na vida é o do Elton John regravando Candle In The Wind. Foi bom ver como Diana era vista pela família Real naquela época e conhecer mais o relacionamento com os outros líderes políticos que é cheio de divergências. Acho que o filme não quer endeusar ninguém já que só mostra a família real perante àquela situação específica mas Diana sai como vítima.

Não vale a pena nem citar o passatempo de Harry e William. "A mãe de vocês morreu. Que tal matar uns bichinhos para se sentirem melhor?"

segunda-feira, 19 de março de 2007

Babel

Após um longo período de três semanas sem ver nada na telona, as opções estão de volta. Eu poderia ter visto Babel semana passada mas ainda bem que não saiu de cartaz. Quando assisti Amores Brutos no começo do ano, eu disse que iria ver 21 Gramas antes de Babel só que a minha sorte não ajudou. Fui à locadora pegar 21 mas disseram que não possuíam mais o disco porque um sujeito fugiu com alguns e 21 estava no meio. Aparentemente é um ladrão de bom gosto. Só resta o Telecine exibir para mim.

Gostei muito de Babel mas Amores Brutos tem algo a mais. Eu só fui me envolver com a história a partir da metade, o começo é lento e muito arrastado. A fórmula é a mesma. Quatro histórias diferentes que estão interligadas por algum fator. Diferentemente de Amores Brutos que narra as histórias separadamente, Babel intercala as três durante todo o filme. Eu gostei disso porque separadamente as histórias não conseguem se sustentar. Por exemplo, quando estava passando a história no Marrocos com o Brad Pitt e a Cate Blanchett, eu logo ficava cansado. Aí mudou para o México, a atenção voltou. Cansei deles, cortam para o Japão. Fica sempre neste vai e vem.

Os destaques vão para Adriana Barraza e Rinko Kikuchi. Gostei das cenas da Adriana com as crianças no deserto. Torci muito por ela e não fiquei nenhum pouco preocupado se a Cate iria sobreviver ao tiro. A história que mais gostei foi a da Rinko mesmo sendo a mais enigmática, e deve ser a única que irei lembrar melhor. Toda a sua luta para ser aceita foi a que mais senti.

Babel é um grande retrato cultural também mostrado através de um casamento mexicano, da miséria de um povo no Marrocos e da juventude japonesa. Acho que isto foi o que mais tirei proveito do filme. As histórias e os personagens não são tão intensos como em Amores Brutos. Até a ex-modelo berrando "Ritchie! Ritchie! Ritchie!" de Amores e mais interessante que o drama do Brad e da Cate. Mas a finalização das histórias de Babel foram suficientes para eu ter gostado dele de forma geral.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

À Procura da Felicidade

É só tristeza. E não estou falando do filme. O CineCidade encerrou suas atividades semana passada e os filmes que quero ver não chegam por aqui. Sobrou À Procura da Felicidade cujo trailer já resumia bem a história. Quem tinha esperança de ver algo a mais se decepcionou. Will Smith é um pai que passa por desgraças financeiras, profissionais e amorosas (esta é de menos) e ele ama muito seu filho que também é seu filho na vida real. A esposa do Will no filme lembra muito a Jada Pinkett-Smith. Ela poderia ter participado, assim ficaria tudo em família. Mas como eles iriam brigar, sei não.

Felicidade só foi feito para comover então o filme já começa informando que é uma história verídica e naturalmente termina contando o que aconteceu com o personagem do Will Smith. Eu senti que muitas das desgraças foram mostradas como piadas então não soube se era parar rir ou ter pena. Só fui sentir algo quando o Will recebe o resultado da prova, ou seja, no final do filme. Mas não foi nada comparado à garota ao meu lado que chorou até soluçar. Uma coisa que não entendi é por que o Will passa o filme todo correndo e cruzando as ruas movimentadas. Quando foi atropelado, pensei "finalmente!!". E a cena com o cubo no táxi? Achei incrível algumas pessoas terem vibrado quando o Will consegue montá-lo. É como torcer na reprise de um jogo onde todos sabem o resultado.

Não gostei dos personagens. O garoto faz aquele tipo de "olha como ele é esperto" e até conta piada. O Will faz um tipo que eu acho irritante. Imagine estar na rua e alguém se aproxima pedindo ajuda. Só que este alguém vai dramatizar como a vida que tem é difícil para aumentar as chances de ter nossa ajuda. Não é por nada não mas eu não ficaria mais sensibilizado. Também não gostei da narração que só dava sono. Se eu fosse muito ruim, mudaria o título para À Procura da Saída do Cinema.